Meus amigos, a Honda generosamente cedeu ao Motozoo® um lindo exemplar de uma de suas novas estrelas, a nova CB1000R. Que motoca bonita. Obrigado Fabio, Leandro, Alfredo e todos os outros.
De certa maneira, é uma moto “diferente” do estilo Honda que estamos acostumados, que é um pouco mais conservador nas linhas e modismos. Mas o mercado atual é feroz, é rápido e antigas maneiras de criar e vender motos, também precisam ser modificadas. Com as motos usando componentes standardizados, o design e o marketing passam a ser a cada dia mais importantes. Esta moto representa para mim uma reação da Honda aos novos tempos, por ter reagido usando as armas das concorrentes, em combinação com as suas próprias qualidades. Mas não foi tão rápido como pareceu.
Este conceito Honda NSC apareceu para mim pela primeira vez no final de 2015, no EICMA com o nome de CB4. Mas ninguém acreditou que a Honda iria fazer esta moto de verdade. Era moto de salão. NSC = Neo Sports Café
Em 2017 voltamos a ver o projeto, já bem mais evoluído e quase pronto, no Salão de Tóquio, vejam:
https://www.bennetts.co.uk/bikesocial/news-and-views/news/2017/october/honda-nsc-concept-revealed
As Yamahas MT já estavam fazendo muito sucesso e todas as japonesas tinham boas motos naked de 1000. A Honda então correu com seu projeto, adiantou-o, e no EICMA de 2017 a moto já estava praticamente pronta. Vejam abaixo as fotos e comparem com o modelo em produção:
Como podemos ver, já estavam quase prontas para a venda.
E agora finalmente, tenho uma na mão para avaliar. Vamos lá.
O motor é o quatro cilindros em linha da penúltima Fireblade, detunado um pouco para um uso street. Redondo até a última arruela, o motor é forte, silencioso, liso, não vibra. Inclusive, eu acostumado com motos que fazem soltar obturações dos dentes, fico admirado com a partida desta moto. Pode deixar luva, capacete, óculos em cima do tanque moto e sapecar o dedo no botão de partida, que nada se mexe!!! Fosse em uma Ducati, por exemplo, estaria tudo no chão! Hahaha. É a especialidade da Honda, 4 em linha. Ela sabe tudo disso.
A eletrônica é a moderna de hoje, riding modes em Sport, Standard, Rain e User. Variando potência e a intrusão dos sistema de controle de tração e ABS. Ride by Wire, com a eletrônica mapeando a curva do acelerador também. E como é o motor? Forte, mas precisa de espaço para abrir e esticar as pernas. Só usei gasolina comum nela e tem um ponto flat de 4 a 6 mil giros que fazem a moto não parecer tão rápida na arrancada. Não sei se com pódium melhora. O fato é que ela sai lindamente mas se afundar a mão ela demora um pouco, até passar dos 6 mil, para explodir seus demônios. Para se ter uma idéia, ela só tenta levantar a roda na aceleração quase no final das rotações, quando a maioria dos motores já está abrindo o bico, aí que este motor cruza potência e torque. E o motor bebe bonito. Na cidade média de 13.7 km/l e na estrada 14.5 km/l. Anda mas bebe. É um motor que parece merecer um mapeamento melhor. Eu colocaria um PowerCommander ou coisa parecida para encher mais a baixa. Achei que a embreagem, simples e de cabo, range na mão um pouco em uma condição específica que não consegui entender, mas de vez em quando tá lá a rangedinha pequena.
Além de não vibrar nada, o bicho também segura a onda do seu calor. O painel indica 100/102 graus no engarrafamento mas simplesmente este calor não chega no piloto, nem com a ventoinha ligada. Sensacional, a moto parece fria o tempo todo. Minha Aprilia com 100 graus chega a cheirar moto quente. Esta CB1000R não acusa nada. É o que eu digo, potência=calor, não tem como ter cento e muitos cavalos e não produzir calor. O segredo, que a Honda aplicou nesta moto, é o caminho deste calor. Magia negra, porque não tem carenagens para dirigir o ar… como será? Não sei se no verão isso muda, está meio frio por aqui.
Na cidade, andando devagar a médio, é só prazer, silêncio, conforto e a satisfação de ver todo mundo olhando prá vc. Na estrada, mão no fundo, o sofrimento de segurar o pescoço quando a bruta passa dos 170/80 por hora. A bicha urra nos giros lá em cima, em um ponto do Arco Metropolitano levei a danada a esticar todas as marchas e chega a ficar tudo borrado de tão rápido, mas não dá para segurar, foi só para testar mesmo e fiz uma vez só, não tem graça.
O chassi de tubo segura bem a moto, ela é ágil. Um tiquinho cabeçuda para mim, mas não mexi em nada de suspensões e regulagens. Também não sou acostumado com pneus Bridgestones. Eu poderia dizer que não gosto deles, mas parece que é falta de costume pois nos últimos dias eu já estava ficando assanhado com o grip e com o controle de tração+ABS. Nesta buraqueira que são as ruas do Rio, você amassa as suspas no freio e deixa a eletrônica funcionar. É bonzão, mas dá maus hábitos, hahahaha. Sai dela e faz isso numa moto normal e vai ter trabalho para segurar as rabeadas.
A eletrônica é evoluída e nem o TC nem o ABS dão qualquer sensação estranha, ao contrário, a sensação é de poder! Para o meu estilo de andar rápido eu teria que abaixar as mesas dianteiras um pouco e tornar o retorno hidráulico da frente e da traseira bem mais lentos. Dá muito trabalho acertar a atitude da moto, e como fico com a moto entre sete e dez dias, não vale a pena este trabalhão. Mas ela merece um ajuste fino, pois anda e corre para isso. As suspensões dianteiras são Showa SFF, onde o S é de separados, ou seja, os tubos são assimétricos onde um lado é o hidráulico e o outro a mola. São boas “normais”, não são “premium”. Nem a traseira, mas ambas tem todas as regulagens.
Os freios são fantásticos. Fortes, modulares, ataque, bom feedback, perfeitos. Tem uma bomba dianteira radial que é grande, linda e competente. Tem tempo que não pego um freio tão bom em tudo. Em freadas fortes ela automáticamente pisca as setas para dar alerta, uma questão de segurança.
No chassi o destaque fica para o lindo monobraço. Muita gente associa monobraço com Ducati, por conta da 916, mas saibam que a Honda saiu na frente neste campo. A Honda comprou a equipe de GP francesa ELF, que desenvolvia uma moto de 500cc muito boa, na mão do piloto Ron Haslam, pai do Leo que corre hoje. Vi esta moto correndo em Goiânia seus moleques. Não deu para ganhar corridas, mas a moto, que corria com o motor 2T V4 da Honda, era boa pacas, o Ron e suas costeletas também, beliscando quintos lugares com frequência.
E era diferente de todas, pois tinha estes incríveis monobraços. A Honda depois comprou tudo, equipamentos e patentes e lançou motos com monobraço antes da Ducati, como por exemplo a RC30. Massimo Tamburini deu entrevistas dizendo que estas Hondas foram inspiração e a Ducati teve que se virar para não infringir nenhuma patente da Honda na construção de seu próprio monobraço.
A posição de dirigir é de compromisso. Levemente esportiva, é uma Neo Cafe, lembram? Não tem o conforto de uma Naked e nem é um pau como uma Streetfighter. Na estrada, se o percurso for longo, tem que se preparar para descansar os punhos. O banco também não é uma poltrona… gente, é uma Neo Sport Café, lembram?
O visual da moto é que é matador. O painel é bonito, pequeno mas bem visível e com muitas informações. Os botões de comando são fáceis de usar e também é muito fácil de trocar as funções com a moto andando e de luva. Ela apresenta uma novidade que no início parecia firula, um pequeno painel de leds capaz de mudar de cor. Pode-se usar como econômetro, como Shift lamp e tem uma função que coloca cada marcha de uma cor. Deixei nessa para ficar curtindo as mudanças de cores e não é que acaba ajudando? Apesar de ter indicador de marchas no painel, a cor é mais eficiente neste assunto do que ler a marcha no painel. Interessante mesmo. A iluminação da moto, toda de Led, é perfeita. Farol forte e bonito, Running Day Light, e uma lanterna traseira pequena e poderosa.
Concluindo, uma moto muito competente, linda e com um excelente custo benefício. Andei na cidade, com garupa e fiz uma pequena viagem. A moto não deu um barulhinho ou vibraçãozinha fora do tom, é muito top. Cara de customizada mas com a qualidade de construção e o acabamento que fazem o nome da Honda. Tomara que venda horrores, ela merece.
Curtiu? Compra aqui ó: https://www.honda.com.br/motos/cb-1000r
Mário Barreto
Bela matéria Mário. Parabéns. Te encontrei entregando a moto na Motocar
Obrigado Alexandre, volte sempre, colabore com o Motozoo®! Vamos espalhar motociclismo por aí.
Bela matéria Mário. Quando fiz o meu test ride, achei ela preguiçosa nas mudanças de trajetória rápidas, principalmente dentro das curvas, costume? Comparei com a MV, que só de pensar em mudar de trajetória…. Pronto, já foi feito sem perceber. Apesar de motor forte, ela não dá sustos, moto dócil, ainda mais com os níveis de pilotagem. Abraço
Hehe, sua MV custava quase o dobro quando zero!!!
Muito boa avaliação Mario, nem preciso andar haha, tudo explicado, toda certinha fora a questão do buraco em média e do vento em alta q tortura. O colega disse que é lenta pra mudar de direção, acho q um par de supercorsa ou rosso corsa resolveria, de qqr maneira acho que prefiro o inferno com os twins em L.
Certamente os Supercorsa inspiram qualquer moto a deitar mais rapidinho. Mas estou me acostumando com os Bridgestone. São bem neutros, muito neutros, mas chegam lá.
Gostei da resenha da moto Mario, se tivesse saido uns dias antes teria levado a Honda em consideração na troca da minha ZX10 por uma naked. Abração!
Boa! E comprou o que?
Achei que a CBzona tá mais pra Civic que pra moto.
Não quero ser injusto com a moto. Me explico.
Ela realmente nao vibra, nao range, nao reclama, mas nao necessariamente essas são características ruins.
Quando a comparei a um Civic é pelo fato de ter uma ergonomia relaxada e, como não emite sons ou vibrações relevantes, em uma tocada mais contida (não fosse o vento) ela é quase como um sedã familiar.
A moto é bonita sem ser linda (nem vulgar), mas não chega a ser aquela beleza de parar o transito. Nas fotos de divulgação ela parece mais bonita e retrô do que ao vivo.
O acabamento é de encaixes perfeitos, mas ha excessos de plasticos para uma moto desse nicho (1000cc). O paralama dianteiro, por exemplo, merecia um design mais agressivo e uma corzinha. O plastico cru parecia destoar do resto do equipamento. A quase completa falta de som do escapamento é um aspecto que não gostei. O som dos 4 canecos é encantador e pode chegar a ser inebriate acima de uma certa dose, o que tende a ser perigoso, mas não precisavam silenciá-la a esse ponto. Certamente haverá um numero considerável de compradores que equiparão suas CBs com canos livres (ou quase), passando de um extremo ao outro.
O motor e o cambio trabalham de uma forma irrepreensível. Trocas quase psíquicas de tão fáceis. Uma suavidade sem igual. Entre 4 e 5 mil rpm senti um certo buzz nas manoplas. Nao tive chance de verificar muito acima disso nos poucos minutos que tive com ela.
O painel tem um shift light que pode ser programado para mudar entre 6 ou 7 tons de cores, e estranhamente esse possibilidade era estendida a configurá-lo de forma a ter uma cor pra cada marcha. Nao sei qual a utilidade disso. Algumas das cores chegavam a ofuscar um pouco na condução noturna, nao sei se havia também a possibilidade de configurar sua intensidade.
No geral a moto é uma senhora máquina, de condução fácil e direção neutra. Os freios não foram exigidos mas tampouco incomodaram, sinal de que estavam fazendo bem o seu trabalho.
No geral, uma bela e competente máquina. Sendo Honda já é certeza de que vai fazer bastante sucesso. Ideal pra quem quer algo diferente sem sair das japonesas.