Para ganhar um campeonato é preciso se concentrar no seu adversário. Se está ameaçando chover e ele escolhe pneus lisos, você vai de pneus lisos. Se ele escolhe pneus de chuva, você faz o mesmo. O que os outros pilotos fazem não importa. O que importa é chegar na frente do seu adversario direto.

Martin era o mais rapido na pista. No treino livre antes da classificação, de pneu médio na traseira, foi o mais rápido. Fez a pole. Aí resolveu inventar. Contrariando a sugestão do Piero Taramasso, o responsável tecnico da Michelin, escolheu correr de pneu macio na traseira. Os outros únicos que o fizeram foram Marc Marquez e Pol Espargaró e ambos não têm nada a perder.

Marquez defendeu sua escolha porque chegou em 2° em 2022, colado no Rins, correndo de pneu macio. Só que o ritmo aumentou enormemente de um ano para o outro. Quartararo estava abismado porque era meio segundo mais rápido do que no ano anterior e se classificou no final do grid.

Acredito que o Martin tinha tudo para vencer a prova se tivesse corrido com os mesmos pneus que Bagnaia e Zarco. Não precisava arriscar. O mais preocupante é que o seu chefe na Pramac, Gino Borsoi, bancou a aposta e disse, depois da corrida, que bancaria de novo. Quem não aprende com os erros não ganha campeonato. Bagnaia agradece.

Gostei muito da vitória do Zarco: um bicampeão de Moto2 que sempre foi considerado muito agressivo mas virou um bom moço depois do acidente com o Morbidelli na Áustria. Por muitas vezes achei que o Zarco hesitava muito em tentar ultrapassar as Ducatis oficiais. Dizia que não tinha encontrado um momento em que não poria em risco a corrida do colega ducatista. O fato de já estar assinado com a LCR parece ter mudado essa perspectiva. Ganhou e ganhou bem, em um circuito icônico onde só anda quem tem braço e equipamento.

Ducati 1-2-3, com 3 equipes diferentes mais uma vez. Bastou a moto do Diggia saber que vai ser pilotada pelo octacampeão que ela passou a andar mais hahahahaha. Diggia fez um 4° e um 3° nas duas últimas semanas. Isso lhe garante um lugar na Honda? Duvido. No entanto, se Oliveira sair da RNF para se juntar ao Mir na Repsol, o italiano pode beliscar o lugar de colega do Raul Fernandez.

Bagnaia sai 27 pontos na frente, sendo que o Martin entregou 39 em Mandalika e Phillip Island. Se não descontar em Burilam vai ficar difícil. Precisa acreditar e fazer o que sabe, pois ele está mais rápido do que o campeão. Eu gostaria de ver essa disputa se acirrar até uma decisão em Valencia. Torço muito.

No mais, o GP da Austrália é sempre emocionante, com os diferentes traçados possíveis até a curva 4 proporcionando ultrapassagens que nos dão a sensação de que qualquer coisa pode acontecer. Até uma vitória inédita.

Acordei para assistir a Moto3, mas o Diogo Moreira caiu na sighting lap… sí voltei a dormir para ver a Sprint. Três horas da manhã aqui em Londres acordei para descobrir que o mau tempo tinha interrompido a Moto2 e cancelado a Sprint.

Assisti Moto3 e Moto2 na tarde de domingo e as provas foram bem prejudicadas pelo número de quedas. Acosta também caiu antes da largada (um alento pro Moreira) e o Tony voltou a vencer. Não significou muito para o campeonato, mas ao menos dá uma moral porque o italiano andou muito tempo longe do pódio. Na Moto3 mais um 2° lugar do Sasaki e o campeonato deu uma embolada.

Espero que não chova na Tailândia. É uma pista que acho muito sem graça, mas será muito importante para definir quem terá o upper hand nas 3 ultimas corridas do ano (Sepang, Qatar e Valencia).

Até lá!

Andre Bertrand

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.