Este campeonato de MotoGP é sem dúvida, no momento, o mais eletrizante dos esportes a motor. Esta mistura de pilotos, motos, o regulamento, as pistas, a fofoca, a politicagem, o troca troca, a sorte… tudo pode acontecer e tem acontecido. Aí acontece aquilo que mais dá audiência, que é não saber o que pode acontecer. Tudo pode acontecer!
É comum dizer que Assen favorece a Yamaha, que é ágil nas mudanças de direção. De fato até então a Ducati é mais teimosa de frente, a Honda bruta nas transições de motor e a Suzuki, apesar de agilidade elogiada, não tinha motor para se meter. Aprilia e KTM ainda são café com leite. A pista atual tem um layout que não deixa as motos se espalharem muito.
E está acontecendo o que sempre acontece com as equipes. No início do ano a diferença entre as equipes de fábrica e as satélites, ou as outras, é menor, todo mundo crú. Mas com o tempo de pista, as equipes de fábrica vão melhorando em passo acelerado e caro, algo que as satélites não conseguem acompanhar. Acho que por isso Zarco perdeu seu protagonismo frente as Yamaha oficiais, por exemplo.
Pelos treinos já se previa uma corrida bacana. As Yamahas se revelaram a vontade na pista, mas MM fez a pole e uma surpreendente Suzuki se apresentou com um motor novo que mandou bem nesta pista. A Ducati, vencedora das duas últimas, não esperava muita coisa, pois as retas são pequenas e a agilidade em mudança de direção é uma coisa que se pede há muito tempo para as Desmosedicis. Mas mesmo as Ducati, andaram bem. Lorenzo treinou para largar da quarta fila, mas ele mesmo disse que levou um susto com isso, pois andou bem, não esperava ficar tão para trás. Parece que ficaram todos os 10 primeiros dentro de 7 décimos. Se isso não for prenúncio de corridão, não sei o que mais pode ser, teve gritaria aqui em casa.
Veio a largada e Lorenzo vem lá de trás, por fuera, e por incrível que pareça mete de segundo na primeira curva! E passa em primeiro na primeira volta. Se segurou por lá com a competência de sempre, virando relógio, sem erros, sem botar perna para fora, fechando as linhas no limite da zebra. Atrás dele o pau comendo direto, todo mundo passando todo mundo, encostões saídas da pista, Rossi dando porradão na traseira (“na lancheira”) do Lorenzo, salseiro.
Todos pensando na possibilidade do Lorenzo vencer 3 seguidas mas algo estava estranho, porque Lorenzo com pista livre não conseguiu abrir. Mesmo quando abria um tiquinho, no máximo 4 décimos, todos comiam este espaço com facilidade. Ficou claro para mim que ele estava segurando a galera e que cedo ou cedo MM iria atropelar esta ponta.
E não deu outra, o já nem tão novo MM cerebral estava ali economizando pneus (ele foi o único a escolher macios atrás) e quando decidiu foi prá cima. Não foi fácil, pois como estavam todos quentes, nesta fase que ele chamou de “transição”, ele teve que segurar Dovi, Rossi. Vinãles e um surpreendentemente rápido Alex Rins. Quase caiu inclusive, mas sua ultrapassagem dupla para a ponta foi espetacular. Até Rossi liderou por alguns instantes. MM tinha um guardado e usou muito bem.
O que eu não esperava era que o Lorenzo caísse tanto. Nem ele. Ele disse que perdeu-se em concentração quando os pneus caíram um pouco e quando o Dovi pulou nele. Hoje o ritmo estava tão quente que alguns segundos de desconcentração o levaram de segundo para sétimo!!!
Dovi, parecia bom para segundo, mas um entrevero com o Rossi, normal, coisa de corrida, fez os dois perderem um tempinho e os moleques Vinãles e Rins aproveitaram para passarem os dois. E foram brigando pelo segundo lugar até a linha de chegada, quando a Suzuki do Rins apresentou um drive muito bom e venceu a Yamaha de Vinãles por pouquinho. E se tivesse mais alguns metros os dois iriam se danar porque Dovi ligou o turbo da desmo no final e aproximou de assustar!!!
Que corrida!!! Teve de tudo, de sétimo para baixo nem deu para ver ou saber de nada. MM venceu, brigou, quase caiu, foi corajoso na escolha dos pneus, foi inteligente ao economizar pneus e ritmo. Vitória de campeão. Rins porque de Suzuki chegar em segundo não acontece todo dia, brigou de igual para igual. Vinãles porque foi a melhor Yamaha e veio novamente de trás passando geral. Dovi andou bem, mas no final caiu, assim como Rossi. Lorenzo repetiu corridas de 2017, pois liderou durante bom tempo e no fim caiu para sétimo.
Este ano é de Marc Marquez, ganhando até em pistas não tão adequadas para a sua moto. Tomara que este motor da Suzuki faça Rins e Ianonne se aproximarem e que Dovi e Lorenzo continuem com o progresso da Ducati.
Que venha a próxima
Mário Barreto