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Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

Tivemos Corrida!

O circuito de Lusail sempre oferece boas corridas e este ano não foi diferente. Além das ótimas corridas da Moto3 e Moto2, foi um GP cheio de alternativas, onde a estratégia definiu o resultado.

O Formiga repetiu os resultados da Tailândia e Argentina: pole, vitória e melhor volta na Sprint, vitória e melhor volta na Corrida. Se não fosse o merecido tombo-castigo pelo caos que causou antes da largada em Austin o campeonato estaria muito sem graça. É o grande vencedor de 2025 até o momento e agora vamos para Jerez e Le Mans, dois circuitos que estão entre os seus preferidos.

Bagnaia, embora derrotado, foi um dos vencedores de domingo, pois foi premiado com 4 pontos que não merecia. Dividir equipe com o hexacampeão não é uma tarefa fácil, de onde se pode deduzir que Pedrosa é de fato um grande piloto. Pecco estava muito bem na 6a-feira mas colocou sobre si mesmo uma enorme pressão no Q2 e acabou na brita. No sábado fez uma Sprint medíocre em que chegou a ser ultrapassado pelo Jorge Martin. Domingo largou bem melhor e acabou ajudado pela pixotada do Alex Marquez, que botou a si mesmo e ao Diggia fora da disputa. O bicampeão que esperava um 5°, herdou 20 pontos de um 2° lugar: um ótimo negócio.

Morbidelli reencontrou sua velocidade e fez duas boas corridas. Medalha de bronze no sábado e um troféu herdado no domingo. Também foi um dos vencedores do fim de semana.

Em meio à confusão reinante na KTM, em que nenhuma das 4 motos é igual à outra, Viñales fez valer o ingresso de domingo. É uma injustiça lhe tirarem os 20 pontos, mas, infelizmente, é a regra. A explicação é relativamente simples: o pneu dianteiro dele foi calibrado para andar no bolo de motos, ali entre 4° e 6°. Ao liderar a corrida e ter pista livre à sua frente mesmo depois de ultrapassado, não atingiu o mínimo de voltas com a pressão correta. Perguntado se não tinha percebido o aviso ele se limitou a responder que estava focado em andar o mais rápido possível. Pessoalmente acho muito ruim que o piloto tenha que se preocupar com consumo de combustível e pressão de pneus, mas… a regra é para todos. De qualquer maneira Maverick mostrou que a KTM pode ser competitiva, e deixou seus 3 colegas em uma situação delicada.

O grande perdedor deste fim de semana, mesmo tendo conseguido 19 pontos em Lusail, foi o Alex Marquez. Até sábado era o Mr P2, e estava a apenas 2 pontos do irmão, mas imagino o quê deva ser a pressão de ser a sombra do Formiga. Todos os repórteres insistindo em perguntar “quando?” ele vai finalmente vencer o MM. Não acho que ele tenha tido culpa no toque acontecido na curva 1: largadas são assim mesmo e o próprio Marc disse que teve que tirar a mão. Só que o incidente com o Diggia foi de uma grossura atroz. Começo de corrida, dava para respirar e tentar recuperar a posição com calma. Foi atabalhoado, prejudicou a si mesmo e ao italiano, e achei que uma volta longa foi uma punição bem leve. Tão leve que acabou em 7°, deixando para trás Yamaha, Honda, KTM e Aprilia, que não conseguem fazer frente a GP24. Herdou o 6°, que é um resultado bom demais pra quem fez tanta bobagem.

Voltando aos vencedores, o que dizer do Zarco, cuja Honda é 10 Km/h mais lenta na reta, mas manteve o Morbidelli alerta até o final? Marini e Mir (esse com uma indisposição estomacal) estão ficando em uma saia justa ao ver o francês andando mais rápido em uma equipe satélite. Pena que as Honda (e as KTM) arriscaram correr de pneus traseiros macios no sábado, e eles só duraram 7 voltas.

Outro piloto que mostrou evolução e consistência foi o Aldeguer, com um P4 e um P6 (que virou P5). Depois de um começo inseguro na Tailândia e na Argentina, ele parece estar mais à vontade na GP24. E está conseguindo gerenciar bem os pneus, andando bem no final das corridas.

Quartararo tirou leite de pedra e fez a Yamaha andar. Em circuitos sem grandes freadas e retomadas ele faz valer o seu talento. Miller, por outro lado, vai querer apagar o Qatar da memória. De melhor Yamaha em Austin, pra destruidor de motos em Lusail. Rins fez dois 12°, em um fim de semana bem apagado.

Outro que ficou mal na fita, na minha opinião, foi o Bezzecchi. Botar um décimo e meio no Martin todo quebrado e sem intimidade com a moto é uma vergonha. Não é à toa que ele tem levado pau do estreante Ogura. Mesmo tendo herdado um P9 no domingo, foi uma das decepções no Qatar.

E o Martin, hein!? Ele e o Oliveira precisam se benzer urgentemente. Seis costelas fraturadas, um pulmão perfurado, e mais algumas semanas no estaleiro. Provavelmente vai perder as próximas duas corridas e só voltará em Silverstone, no final de maio. Acho que ele foi até bem neste final de semana, mas talvez devesse ter recolhido na metade da corrida, já que disse no sábado que tinha terminado a Sprint no bagaço (mas colado no Marini e no Binder). Pra mim, isso é praga do Tardozzi 🙂

De muito bom nessa corrida e ela ter terminado e eu já estar contando os minutos para a próxima.

Na Moto2 o Canet largou super mal, caiu para 14°, mas venceu com estilo a sua primeira do ano, assumindo a ponta do campeonato. O então líder, Jake Dixon, caiu quando tinha condições de tentar um pódio. Mano Gonzalez chegou em 3°, quando se esperava dele uma vitória fácil. Moreira fez um ótimo 5° passando o belga Barry Baltus na última curva.

Na Moto3 Angel Piqueras conseguiu a 2a vitória do ano por 9 milésimos, deixando os japoneses Furusato e Yamanaka pra trás na reta final. O motor da KTM do Rueda o deixou na mão e ele cedeu a liderança do campeonato para Piqueras por 1 ponto. Ambos têm 2 vitórias: o pau vai comer em Jerez.

Rumo à Andaluzia.
Até lá!