Sempre converso com o André Bertrand sobre as corridas. Fiz até um Podcast do Motozoo® só para gravarmos nossos papos sobre as corridas, os pilotos, as fofocas. Concordamos mais do que discordamos, bom quando é assim, kkkkkk. Um tanto assim de preguiça e mais o fuso horário inglês tem nos atrapalhado um pouco em nossos planos, mas hoje pelo menos consegui que ele escrevesse um artigo. Muito bom. Nosso enViado especial é bom, e receberia em libras, um luxo. Mas não recebe, escreve porque gosta também. Curtam.
Mário Barreto
Jerez – GP da Espanha
Pós-Qualifying Final de sábado e acabamos de assistir à primeira competição para valer na MotoGP e na Moto-E. Assisto pelo site oficial da MotoGP, portanto sou poupado dos muitos dissabores relatados pelo Mario. Vou começar falando da pre-conferência do evento.
Fizeram uma brincadeira com os pilotos, lhes pedindo que predissessem os 5 primeiros colocados do campeonato de 2020. Viñales, Rins e Márquez votaram em si mesmos para o título. Pol, Miller, Quartararo e Rossi votaram em Márquez, e, niguém, nem mesmo o próprio, votou em Rossi no Top 5. Sinal dos tempos…
Sobre as máquinas, Honda e Yamaha não mudaram absolutamente nada em relação a 2019. A Honda difícil de fazer curva, mas com um motorão ainda mais potente. A Yamaha com uma incrível velocidade no apex, mas sem velocidade final: a diferença é de 10 Km/h para todas as outras no final da reta. Vão andar muito em Jerez, mas vão sofrer na Áustria. No momento a melhor moto me parece a Suzuki: muito boa de curva e sem perder tanto para as V4 na reta. Tem dois pilotos jovens ainda. Rins já se quebrou, o que é fatal em um campeonato tiro curto como este. Mir andou bem nos treinos livres, mas decepcionou no Q2. Ambos estão andando abaixo do potencial da moto e é uma pena que a marca não queira um time satélite: um veterano experiente poderia servir de parâmetro para os garotos. Aprilia chegou cheia de promessas, mas arrebentou um motor na FP1 e outro no FP2. Resultado: deram uma limitada nos giros para evitar novas quebras e perderam meio segundo. Considerando que os 20 primeiros estavam dentro do mesmo segundo no FP3, é um prejuízo enorme. A Ducati também não me parece ter mudado, continuando com as mesmas vantagens e desvantagens. Jerez não é uma pista que as favoreçam, mas descontarão na Áustria. Por fim, as KTMs me pareceram um pouquinho melhores do que as de 2019, assim como as Suzukis. Têm, no entanto, o mesmo problema que as demais V4: velocidade no apex. O Pol pilota no mesmo estilo agressivo que o Márquez, por isso a Repsol o contratou, mas abram o olho com o Binder, que, na minha opinião, é um fora-de-série. Só não foi campeão da Moto 2 no ano passado porque a KTM começou o ano com um chassis ruim demais. Uma moto tão ruim que também ocultou o talento de outro fora de série que vem por aí: Jorge Martin, pole de hoje na Moto2, já com o chassis Kalex.
Quanto à prova de amanhã, Márquez é o favorito. No FP4 fez umas 10 voltas em 37 alto, 38 baixo. Viñales fez 3 e é o segundo com melhor ritmo. Dovi não foi tão mal mas está largando muito atrás: vai ter que dar uma estilingada até a curva 1 para ter alguma chance de pódio. Márquez tem ritmo para abrir uns 2 ou 3 segundos se estiver liderando, mas talvez opte por comboiar Viñales e Quartararo em um ritmo mais lento nas primeiras 12 voltas. As Yamahas dependem excessivamente de ter pista livre à sua frente para girar bem, pois se entram na curva 1 atrás de uma Honda ou Ducati vão perder suas grande vantagem de fazer as curvas de forma fluida e com grande velocidade. Cabe dizer que o ponto forte deles é o 4º trecho: foi onde arrancaram os 2 primeiros lugares do grid. Sobre pilotos que decepcionaram, Zarco caiu em uma volta bem rápida, que o colocaria entre 13º e 15º e à frente do Petrucci. O Alex Márquez, coitado, está sofrendo a maldição a que o Crutchlow sempre se refere, que é ter o Marc como referência. No FP3 ele ficou a 0,732s do irmão, o que é melhor do que o Lorenzo, com tantos anos de experiência de MotoGP, vinha fazendo. O problema é que o grid está muito apertado e isso significa largar lá atrás. A título de comparação, em Jerez, quando Rossi ganhou seu último título, em 2009, o 5º no grid estava a 0,873s da pole, e o 18º a 2,32s.
Atualmente qualquer mínimo vacilo pode significar largar uma fila atrás. A corrida vai ser longa e boa, e torço para que não haja nenhum acidente. Na Moto-E estou gostando da consistência do Granado. Para ser campeão não basta ser veloz: é preciso força mental. Acho que a dupla vitória em Valencia no final da temporada passada lhe deu a confiança que faltava. A questão é que Valencia é o circuito-talismã do Eric. Amanhã tem que fazer em Jerez o que sempre faz na terra da paella pra começar o campeonato se impondo.
André Bertrand