E finalmente tive a oportunidade de conhecer, no sentido bíblico, a que talvez seja a moto com o terceiro melhor custo-benefício no mundo de hoje em dia, a linda Triumph Scrambler 400 X. A primeira, que considero o melhor negócio do Brasil e do mundo neste quesito, é a Bajaj Dominar 400. É muito, muito boa, e dentro do mercado tem um preço comparativamente baixo. Digo isso porque 26 mil reais ainda é muito dinheiro, mas é barato. É aquilo, existe o muito e o pouco dinheiro, e existe o caro e o barato. São coisas diferentes. 1 real por um palito de dentes é caro para caramba, mas é pouco dinheiro. Espero que vocês entendam.
A segunda melhor moto no quesito custo-benefício talvez seja a irmã desta Triumph, a Speed 400, que é basicamente a mesma moto, só que custando 29.9 mil reais. Esta Scrambler “tá prá base” de uns 34 mil reais.
O mundo inteiro prendeu a respiração quando a Triumph meio que de surpresa, ninguém esperava isso, anunciou estas duas motos e mostrou suas fotos. Lindas de morrer, com um acabamento no mesmo nível que as suas irmãs maiores, e por um preço muito bom. Cheguei a pensar… “ah… mas no Brasil isso não rola”. Mas rolou. Pouco depois do lançamento mundial, as duas gracinhas foram anunciadas no Brasil. Deu fila, ainda tem fila. Você compra zero hoje na loja e recebe daqui a pelo menos uns 3 meses. Eu testei sua irmã mais velha e você pode ler clicando aqui.
As fábricas de motos simplesmente defecam e se locomovem para mim, para o Motozoo® e para meus amigos jornalistas que não fazem vídeos idiotas lendo ficha técnica. Para elas o que vale agora é apenas o número de seguidores e interações. Vejam mais sobre este assunto clicando aqui e aqui. Até pouco tempo atrás eu ainda podia contar com o prestígio que eu tinha com o meu xará Mário Ferreira na Autokraft, amigo de longa data e vizinho no condomínio, que me emprestava motos da Triumph e BMW para avaliação. Com o seu passamento, meu prestígio foi para o céu.
Mas sou um cara sortudo e tenho amigos que estão sempre comprando todos os tipos de motos, de todas as marcas, e o André comprou esta verdadeira tetéia que é a Triumph Scrambler 400 X e imediatamente colocou-a a minha disposição para avaliação. Obrigado André. Novíssima, com apenas 250 kms rodados.
A moto é linda em todas as suas partes, muito bem construída e acabada. Todas as peças tem cara de Triumph, tem um parentesco evidente com as suas irmãs maiores, tudo bem desenhado, compacto e construído. A única parte que achei um tico mais grosseira foi o acabamento dos parafusos no protetor de mão, poderiam ser melhor resolvidos. A moto é alta, tem uma posição de pilotagem muito boa e o tanque, de 13 litros, é gordinho, você se sente em uma moto média. Os pneus são grossinhos, a descarga bem bonita e a lanterna traseira um arraso. O banco parece pequeno e fino, mas não senti falta de amortecimento. Testei a moto com a minha namorada na garupa e ela curtiu, garantindo-me que o seu “busanfã” ficou bem e confortável.
Nestes pontos ela justifica a diferença de preço para a Bajaj… é uma marca bem mais conceituada, e o acabamento tem um nível superior. Não que a Bajaj seja ruim, ao contrário, é muito bom, o que só valoriza ainda mais o acabamento da Triumph. A Dominar 400 tem os punhos com iluminação, um “nice touch”, que a 400 X podia ter.
Ao ligar o som do motor é gostoso, o arranque não geme e ela pega rapidinho. Em marcha lenta quase não vibra e o motor sobe de giros com facilidade. A embreagem é um doce e o clique da caixa de marchas é maravilhoso. A transmissão dela é toda ótima. Ela sai forte, com e sem garupa, as marchas são curtas e o torque excelente. Muito bem mapeada e regulada, dá para subir o Alto da Boavista de quinta marcha sem correr muito, e com torque. É impressionante o torque que o motor apresenta, e o som da descarga bem baixo, a vibração bem baixa também. No conjunto, é adorável, pois é uma moto que é calma no uso diário, sem ficar pedindo marchas ou aflita, mas… se você apertar, ela sobe o giro e anda bem rapidinho.
Seu contagiros vai até 12 mil rotações, e não tem faixa vermelha… ele parece que pisca quando chega lá… não curti. Parece-me que o motor gira muito, mas tem a sua potência bem distribuída. É forte, muito forte.
Nunca andei em uma Triumph ruim de suspensões. A turma de Hinckley não brinca em serviço no ajuste das suspensões. Isso porque você não tem ajuste nenhum para fazer na suspensão dianteira. Na traseira deve ter o tradicional ajuste de pré-carga da mola. Mas do jeito que veio de fábrica, veio ótima, com um feedback excelente de compressão e retorno. Ela bate firme mas ao mesmo tempo suave com as suspensões neste motocross que são as ruas do Rio de Janeiro. A posição de pilotagem e o pouco tempo que fiquei com a moto não me fizeram abusar em curvões de alta correndo, mas a impressão é que ela vai bem. No pequeno off-road que fiz as suspensões funcionaram muito bem e o guidão largo deu-me completo controle no piso escorregadio.
Não quis viajar com a moto tão novinha e andar com ela mais do que o dono, kkkkkk, mas dei uma acelerada com garupa pegando Avenida Brasil, Linha Vermelha, Linha Amarela e ela mostrou-se plantada e capaz de manter com muita facilidade e folga uns 120 km/h constantes.
O que eu não curti na moto? O painel, achei equivocado. O mostrador enorme é o velocímetro, o conta-giros é um bargraph pequeno e não tem um termômetro. Parece o meu Celtinha, que só tem luz de aquecimento (a famosa luz de “fudeu”). Dava para economizar em outra coisa, como por exemplo nos olhos de gato nas bengalas dianteiras que nem são obrigatórios no Brasil, e colocar um termômetro. Até porque, outra coisa que eu estranhei e não curti, foi como o ventilador do radiador entra cedo e toda hora. No verão isso vai ser um inferno, com ele ligado o tempo todo. Vou avisar ao André para ele pedir uma verificação na sua primeira revisão, se é assim mesmo ou se está entrando cedo. E no painel eu modificaria tudo. O mostrador grandão seria o conta-giros, a velocidade viria em digital onde hoje é o indicador de marchas, e este indicador iria para outro lugar, pois com a saída do conta-giros do bargraph, sobraria espaço.
Mais uma vez devolvi uma moto com lágrimas nos olhos, seria uma moto perfeita para o meu momento atual. Tamanho, força, consumo (ficou em 27 km/l), preço, status, desempenho e conforto intermediários. Uma moto monocilindro que dá pouca manutenção, bebe pouco e entrega muito. Por este motivo esta categoria de motos está crescendo em ofertas e vendas em todo o mundo e também por este motivo a linha de 400 da Triumph é um sucesso mundial. Tudo bom, projeto, motor, chassi, design, suspensão. Adorei.
Vejam abaixo o álbum de fotos do teste: