Ganhei minha primeira moto aos 14 anos, uma Yamaha RD50 e depois fui trocando de motos sem parar, até que depois de um acidente mais grave tive que ficar alguns anos sem motos. Nem senti muito, eu estava ainda meio bichado e estava na onda do jipe. Tinha comprado um jipe Suzuki Samurai, conhecido uma galera que fazia o Jipe Clube do Rio. Eles se reuniam ali em frente de casa, no quebra mar da Barra.
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Era outra época, nós andávamos com os jipes na areia da Praia da Barra sem sermos incomodados. Uma vez vim desde o Recreio até o Quebra Mar, pela areia. Era assim, uma beleza. Até que um dia, o Eduardo Paes, na época prefeitinho da Barra, veio pedir para pararmos com isso.
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Mas voltei a andar de moto, primeiro comprando uma Suzuki GS500, que logo troquei por uma nave espacial na época, a Suzuki RF 600 R em 1995.
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Apaixonei-me pelo seu visual, que era futurista. Especialmente a traseira, uma lanterna imensa. A moto era muito maneira. Tinha tudo para ser feia, pois as rodas eram roxas, ela era prata, mas tinha uma faixa rosa (isso mesmo, rosa) degradée na lateral e um banco com duas cores. Deveria ser um carnaval, mas não era, era elegante e discreta. Um design que acho bonito até hoje.
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Em uma época pré Ducati, as motos japonesas não eram muito caprichadas e não usavam muitas peças de alumínio. Mas eram mais baratas. O quadro era perimetral, mas de aço, os freios eram Tokikos que hoje seriam considerados vagabundos e as suspensões discretas.
E as RFs eram Sport Tourings, não eram o topo das esporte da Suzuki, que eram as Gixxers Hypersports. Fiz uma única viagem com ela, fui até São Paulo na chuva, e foi uma beleza. Nesta época não se roubavam motos como hoje se rouba em São Paulo. Certamente seria roubado se fosse hoje.
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Quatro cilindros em linhas, screamer, 16 válvulas, red line a 13.500, a bichinha gritava bonito. Coloquei um Yoshimura, acessório obrigatório na época, passou a berrar ainda mais. Porém… berrava muito e andava pouco. Resolvi comprar a irmã maior, a RF900R da qual não tenho uma única foto. Era pré-foto digital. Uma verde.
Não curti. Era maior, mais pesada, 5 marchas. Andava demais, era uma moto quase automática, porque ficava de quinta de 40 km/h até mais de 200 km/h. Uma vez resolvi esticar as marchas e ela deu 150 km/h de segunda… não tinha espaço na cidade para brincar com ela. Além disso, justo na faixa de velocidade que dava para andar com ela, vibrava, buzzzzzzzz. Não era melhor do que a 600 e acabou que eu só usava a 600, para fazer o motor gritar, andando devagar e tendo que usar o cambio. Me arrependi de ter comprado a RF900R.
De curvas eu não sei falar, porque eu era completamente ignorante neste aspecto nesta época, não sabia pilotar e minhas curvas eram horríveis. Troquei as duas por uma Suzuki TL1000S e comecei outro capítulo em minha vida motociclística, pois aprendi a pilotar.
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Esta obra chama-se “Garage” e foi exposta em exposições de fotografia. O Autor, Ayrton Camargo. Técnica de light painting, pré digital e muito. Atualmente exposta em minha residência. Hahahaha. Nesta técnica, a câmera ficava aberta, com o filme exposto enquanto o fotógrafo vestido de preto ia iluminando partes do que seria fotografado, para fazer estes efeitos que hoje são facilmente imitados no Photoshop. A moto novinha, e na primeira semana emprestei para ele fazer esta foto.
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Estas motos envelheceram mal. Não eram caras e caprichadas, muitas carenagens, acabaram se quebrando e sumiram do mapa, tem anos que não vejo uma na rua. Quando encontro, é sempre uma surrada 900, que apesar de ser igualzinha, é completamente diferente, kkkkkkkkk. 600, como a minha, nunca mais vi. Saudade.