É galera, finalmente chegou o primeiro GP de 2024. Finalmente o bicho vai pegar. Teremos um grid muito competitivo e com muitas novidades. Pilotos mudaram de equipe, equipes mudaram suas motos mecanicamente, aerodinamicamente e também suas pinturas e patrocinadores. Mexeram em muitas coisas, para manter o espetáculo vivo, o mais imprevisível possível e competitivo.
A Ducati, que acaba de renovar com o seu bi-campeão do mundo Pecco Bagnaia, pelos testes do ano, continua a ser a grande força a ser batida. Sua moto nova, a Desmosedici GP24 nasceu boa e segundo Gigi D’al Igna, tem mais diferenças entre a GP23 do que a GP23 tinha da GP22. Os pilotos adoraram, principalmente Bagnaia, que liderou os testes e disse que a moto é melhor em tudo do que a sua moto anterior. Estrear uma moto andando na frente é um sinal muito forte para as outras equipes… afinal os pilotos que andaram com a GP23 são ótimos e a GP23 é uma moto com muitos dados para usar.
Longe de ter vida fácil, Pecco terá que lutar contra um esquadrão de Ducatis fortíssimo. A começar por seu companheiro de equipe, Enea Bastianini, que após um 2022 estelar, teve um 2023 ruim, por conta de problemas de saúde. Enea está com a cabeça a prêmio, como a Ducati insiste em fazer com seus pilotos. Parece que se recuperou, chegou a vencer uma prova no final do ano passado e é um piloto muito bom. Tanto que a Aprilia já falou que quer ele. Virá rasgando para provar que ainda é bom e que merece ou ficar na Ducati ou ir para outra equipe de fábrica, como a italiana Aprilia, que tem dois pilotos espanhóis.
A Pramac, campeã entre as equipes no ano passado, vem com Jorge Martin puto como sempre. Disputou o campeonato até o fim contra Pecco ano passado, continua achando-se injustiçado na briga contra o Enea e vem novamente com tudo. Mais experiente ainda, mais valorizado ainda, também com uma moto nova e também sondado por equipe de fábrica, que no caso dizem ser a Yamaha, que sonha em ter mais duas motos na pista no ano que vem.
Morbidelli, vice-campeão em 2020, estava ladeira abaixo na Yamaha, sem apresentar nada de bom. Pereba ele não é, mas nos super disputados lugares do limitado MotoGP de hoje em dia, ele vai precisar mostrar muito serviço em sua moto do ano… ele terá a disposição o mesmo equipamento que a equipe de fábrica. Até agora não mostrou nada, até porque se machucou nos treinos. Morbidelli terá que andar muito bem ou será o seu último ano.
Nas equipes satélites da Ducati o pau vai comer solto também. A equipe do Vale vem com Bezzecchi e Diggia, dois vencedores de GP’s, e os dois com uma moto melhor do que a que tinham, pois ambos venceram as GP23 montados em GP’s 22. Bez não tem o que reclamar, chegou a dispensar o lugar do Morbidelli na GP24, não está com a cabeça a prêmio e só tem o que melhorar. Solto e com uma moto boa, Bez é rápido, como provou em 2023. Diggia fez uma segunda parte da temporada de 2023 exuberante, vencendo provas e crescendo muito. Também não tem o que reclamar e terá uma moto um tico melhor para mostrar mais.
A Gresini vem com os irmão Marquez… são dez títulos mundiais na pista. 2 do Alex, um bi-campeão, e mais 8 do Marc. Toda semana eu recebia um release de imprensa anunciando a renovação ou assinatura de um novo patrocinador, a equipe está bem financiada. Muito boa a equipe, que surpreendeu desde o seu primeiro ano quando Enea assombrou, e quando ano passado tanto Alex Marquez quanto Diggia venceram corridas. Segundo seus diretores, a idéia é a de concentrar tudo na primeira metade do campeonato, quando a GP23 estará mais próxima da GP24 e ainda terá mais dados disponíveis. Os irmãos estão bem na equipe e progredindo com a moto. MM assustou a todos quando estreou com a Ducati andando muito, mas andou menos nos testes seguintes, o que deixou muitos pensando se ele não estaria “escondendo o jogo”. Saberemos já já, porque agora é prá valer. Mais ou menos como um piloto de WSBK, que dificilmente terá um moto perfeita para andar, MM acostumou-se a andar mais do que a moto. É um piloto que após chegar no limite do equipamento, põe o coração e a coragem na frente e tenta descontar a diferença. Um piloto de corrida na hora da corrida. Fez isso inúmeras vezes na Honda… vamos ver se ainda tem idade, saúde e coragem para usar isso e descontar a diferença de idade, saúde e moto que terá para o atual campeão Bagnaia. O Alex também é um piloto incrível.
A KTM vem de um ano ruim e seus pilotos, levando pau todo o ano, vão ficando sem moral. Binder é ótimo, mas precisa ganhar com frequência para ser respeitado e ganhar confiança. Jack Miller já deu o que tinha que dar. Acosta chega com fanfarras, mas é um rookie inexperiente e com uma moto em desenvolvimento, vai lutar para chegar em top 10. O mesmo vale para o Augusto Fernandez, que é também excelente piloto. Inclusive acho que vai andar mais do que o Acosta durante um bom tempo. Mas o fato é que a KTM pra mim não tem no momento nem pilotos nem equipamento para preocupar a Ducati.
A Aprilia vem este ano com 3 RS-GP24 e uma RS-GP23. Aleix e Viñales gostaram da moto mas ambos dizem que ainda falta para chegar nas Ducatis. Miguelito Oliveira arrancou uma moto do ano, é excelente piloto mas não treinou bem com a moto. Raul Fernandez cresceu no final do ano passado, não tem muito a perder e estará feliz com o monte de RS-GP 23 que terá a disposição, pois afinal, ele herdou as motos de Viñales e Espargaró. A Aprilia é uma incógnita, pois tanto a moto como seus pilotos, são temperamentais e inconstantes.
A Yamaha investiu pesadamente em cérebros e organização para a sua equipe. Roubou técnicos de alto nível da Ducati, investiu em um técnico de motores também europeu. Mudou o seu modo de trabalho, misturando europeus com japoneses. O objetivo é o de preparar a equipe para 2025, porque para 2024 não dá mais, as equipes japonesas estão, segundo o consenso geral, 2 anos atrasadas. O novo motor da Mission One – M1 – 2024 é forte, com a Yamaha surpreendentemente sendo a moto mais rápida de velocidade final nos testes. A moto apresentou-se para os testes sólida e com bom ritmo, mas incapaz de dar voltas rápidas e aproveitar-se dos pneus macios. Segundo Quartararo, um talento que ninguém discute, a moto continua ágil, as mudanças foram todas positivas mas ainda insuficientes. As pistas e o regulamento prejudicam a Yamaha, que é uma moto de andar lançada, mudar de direção rápidamente e com alta estabilidade no meio da curva. Mas a realidade do campeonato é que as V4 classificam melhor para a largada, ficam na frente atrapalhando a corrida das Yamahas e nas saídas de curva amassam o pneu traseiro com mais eficiência, saindo mais rápido. Como as retas são curtas, não dá tempo dela encher, embutir, ultrapassar e fazer a curva como gosta. O problema continua. Alex Rins é um piloto excepecional, irá ajudar muito no desenvolvimento da moto, mas ganhar corridas parece estar fora de questão.
A Honda tem também um longo caminho pela frente… A RC213V é uma moto envelhecida e mal projetada. Ela tinha que criar uma RC214V. Até o ano passado a moto era guiável apenas pelo Marc Marquez, uma moto curta, que freia muito bem, mas que era responsável por um Feedback horroroso… veja quantos tombos os seus pilotos levaram…. Até certo ponto funcionava porque as Ducatis não estavam prontas, MM estava inteiro. Mas as Ducatis evoluíram, MM se quebrou e a moto tornou-se a pior do grid. Joan Mir, o campeão de 2020 caiu pouco com a moto 24, diz que é muito melhor. Luca Marini disse que o bicho não é assim tão feio, mas que a Honda precisa achar um caminho seu, como que dizendo que esta moto nunca será uma Ducati. Zarco falou pouco. Abaixaram a moto, esticaram a moto, deram mais aerodinâmica para a moto. Está menos radical, mas ainda lenta frente as concorrentes. A Honda poderá treinar mais, testar mais, pois a Dorna arrancou a fórceps uma autorização para que ela entre no esquema de concessões para aproximar-se mais rapidamente. Impensável isso há poucos anos atrás, mas é a realidade.
E tanto Yamaha como a Honda, dizem, estão muito atrás em informática. A Ducati Lenovo dizem que está também em outro nível, não só no controle da moto, mas em programas de simulação muito eficazes para o desenvolvimento das motos.
Então é isso que temos pela frente. Descobrir qual o piloto Ducati irá destacar-se primeiro. Depois descobrir se a Aprilia ou a KTM serão a moto mais próxima e finalmente medir os avanços dos Japoneses.
Eu aposto em MM no pódium nas três primeiras corridas. Aguardemos…
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Mário Barreto
Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestras em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto