É meus amigos, estamos assim no MotoGP. Acontece de tudo, até uma Aprilia liderar a corrida, mas no final o Marc Marquez vence. O cara tá impossível.
Para a corrida de hoje as condições da pista, com ventos fortes, embaralhou um pouco as coisas, tirou tempo de pista e as equipes não puderam fazer todos os ajustes que precisavam. Lembrando a todos que o tempo de pista para um GP é muito limitado, com horários precisos que precisam ser muito bem aproveitados. Tirou um treino, o bicho pega.
Philip Island é uma pista “super flow”, onde se anda embalado ladeira abaixo muito tempo, com pouca necessidade de acelerações brutais, onde o mais importante é a confiança na estabilidade em curvas de alta velocidade. Uma pista onde os bravos aparecem, onde os que não tem motos tão boas, aparecem. Tem sido assim. Não foi diferente hoje.
Depois de largar razoavelmente, Quartararo fez alguma coisa esquisita, foi parar quase na grama, Petrux escorregou torpedeou El Diablo, acabando com a corrida dos dois na segunda curva.
Lá na frente surpresas sem fim. Rossi na ponta, as duas Aprilias andando muito, Crutchlow arrepiando. Bacana de ver. Iannone é bom nesta pista. No início da prova notamos a falta de Ducatis na ponta e o olho em Zarco, que estava não só na frente de Lorenzo, este uma verdadeira “galinha morta” em último, mas também na frente de todas as KTM’s.
Com o tempo de prova, que chegou a lembrar uma prova de Moto3 quando Rossi caiu para nono e na volta seguinte apareceu em quarto, as coisas foram se ajeitando para a configuração final, com Viñales tomando a ponta, Marc seguindo-o com impressionante presteza e facilidade, deixando Cal para um terceiro sozinho. Depois vinham as surpreendentes Aprilias, as Suzukis andando juntas e as Ducatis também andando em bloco, trocando posições entre elas.
Tirando a ponta, onde o cheiro de vitória de Marc Marquez era claro, de quarto para baixo tudo podia acontecer e aconteceu. Nas voltinhas finais Marc deu o bote no motor – como sobra de reta a Honda – Viñales tentou dar o troco no miolo e levou um estabacão, entregando o segundo lugar para Crutchlow na última volta.
E, em terceiro aparece de surpresa o local hero Jack Miller, acossado pelo seu companheiro Teco Bagnaia, ambos dispensaram o Dovi. Mir chegou bem na frente do Rins, que deve ter errado algo, Iannone conseguiu segurar um excelente sexto e Rossi, em sua quatrocentésima corrida, chegou a liderar, mas chegou em oitavo. Lá atrás o Pol passou o Zarco, salvando a KTM de um semi-vexame.
Diferente né? Pois é, mas o resultado foi Marc Marquez na frente. Imbatível. Parabéns para ele e para o HRC. Lorenzo tem que sair.
Abraços
Mário Barreto.
Há tubarões na Austrália e um deles se chama Marc Marquez.
A coletiva pós-GP foi a mais engraçada e emocionante do ano. Engraçada porque Miller é uma figura e grande amigo do Crutchlow, e um ficou sacaneando o outro o tempo inteiro (Carl não perdoou a livery de cavaleiro medieval do Aussie), e emocionante porque há um ano o britânico sofreu um acidente nessa mesma pista que quase encerrou com a sua carreira. Foi uma volta por cima muito comemorada, com Miller lembrando dos delírios do Crutchlow no hospital, devido aos analgésicos.
Foi bom ver o Iannone mostrando serviço porque tem sido muito criticado por não igualar as performances do Espargaró. Essa 2a moto da Aprilia nunca foi igual à do Aleix e muito piloto já foi crucificado por isso, embora não tivesse tido equipamento para brigar nas mesmas condições. O fato é que o vexame do Japão mexeu com o pessoal de Noale e, sem o problema da retomada de velocidade, que não existe em Phillip Island, ambos os pilotos fizeram um bonito papel.
Na minha opinião houve dois grandes perdedores na prova de hoje: Dovi, última Ducati, em 7°, e Rossi, primeira Yamaha, em 8°. Dovizioso bota muita banca, reclama muito, mas ele ganha por causa da moto e não apesar da moto. A Ducati investir nele é desperdiçar dinheiro.
O tombo do Petrucci foi igual ao do Quartararo em Silverstone, só que lá o Rins deu uma escorregada, Quartararo voou, deixou a moto na frente do Dovi e o Rins escapou ileso para ganhar a prova. Hoje o Quartararo escorregou, Petrucci voou, mas, como um míssel, acertou a Yamaha do francês. O culpado pagou pelo crime.
No mais, o tubarão MM ficou só cercando o Viñales, tirando a mão no fim da reta nas 5 penúltimas voltas, para passá-lo na última, fazer um T2 e T3 bem defensivo e deslanchar no T4. Nem precisou: Viñales decidiu que era vitória ou nada e deu um pódio divertidíssimo pro Miller.
Zarco chegou a um décimo do Pol Espargaró. Lorenzo chegou 40 segundos atrás dele e 1’06” atrás do Marquez. Ainda assim o Marquez levou a Repsol Honda a apenas um ponto do Ducati team. Se conquistar a tríplice coroa…