Meus camaradas, amantes das italianas, mais um dia para festejar! Não tanto como na corrida da semana passada, tanto que hoje não teve tanta choradeira. Na verdade, não vi ninguém chorar hoje.
Aos gritos de Dovi! Dovi! Dovi!, vi muita felicidade de todos, Domenicale, Gigi, Tardozzi, Paolo Ciabatti, os capos, todos felizes mas serenos.
Como diria o Tio Ben Parker, “com grandes poderes, grandes responsabilidades”. Agora que a Ducati tem uma moto que evidentemente anda como o demônio, faz curvas e tem Lorenzo e Dovi como pilotos, ganhar não é mais opcional, a cada corrida vira uma obrigação! A cada corrida a tensão aumenta.
Honda, Yamaha, entram na pista para ganhar a cada corrida, agora a Ducati também. Ganhou, ganhou duas seguidas, Lorenzo liderou as duas provas, hoje aproximou-se, fez curva rebolando… eu acho que nunca tinha visto o Lorenzo rebolando e entrando em curva como um Marc Marquez!
Na entrevista no Parc Fermé Dovi foi logo falando – “Corrida estranha”, que eu repeti no título deste artigo. Porque ele falou isso? Porque foi uma corrida estranha mesmo.
Fora a velocidade de Pedrosa e das Hondas, prevista como um esperado massacre espanhol contra o rolo compressor italiano de Mugello, coisas estranhas vieram acontecendo o tempo todo, como o péssimo treino das Yamahas M1 oficiais de Maverick Vinãles e Valentino Rossi, como a surpreendente velocidade de Jorge Lorenzo para largar de segundo, como a quantidade de tombos do Marc Marquez, como a velocidade de Jonas Folger com as Yamahas do ano passado… Mas parecia que daria o normal e esperado, pois tínhamos dois espanhóis e duas Hondas RCV’s largando na ponta. E Pedrosa larga muito bem.
Mas, como diria Fangio (hoje estou em dia de citações), “carreras son carreras”. Pedrosa largou bem, Lorenzo saiu empinando, Petrux saiu que nem um maluco porrando o Marc Marquez e Dovi largou na dele, tranquilão como se estivesse calçando uma sandália Raider.
Mas Lorenzo agora deu para fazer primeiras voltas matadoras, com pneus duros e frios, mandando ver nos freios e se espremeu para a ponta. Ficou lá por mais tempo do que eu esperava. Um pouco porque escolheu pneus duros, um pouco porque eu esperava mais das Hondas. Quando começou a andar para trás eu já achei que perdeu muito desempenho. Mas ele recuperou o desempenho no final, veio passando todos de novo, rebolando e chegou em um ótimo quarto lugar, a 9 segundos do Dovi. É muito, mas se tem mais algumas voltas ele pelo visto passaria pelas Hondas. Estranho né?
A vitória fez muito bem ao Dovi. Não é nenhuma novidade ele andar bem com a Desmosedici, mas hoje ele deu mostra de pilotagem calma, precisa pensada, eficiente e rápida. A GP17 continuou se mostrando rápida de reta – se bem que Pedrosa peso pluma esteve com mais velocidade final – mas como as curvas são curtas na Catalunha, monte de chicanes rápidas, não perdeu tempo nas curvas e usou a outra coisa em que o motor da Ducati se sobressai, a aceleração. Não é só a potência que o motor desmodrômico tem apresentado, mas também a sua aceleração, o que dizem ser o calcanhar de Aquiles das Hondas. E da Ducati também, quando as curvas são longas e dá para acelerar no meio, as Yamaha’s são as mais bem carburadas na injeção.
Falando nelas, definitivamente algo nas M1 2016 as fez melhores para este circuito do que as 2017. Vinãles e Rossi sofreram e levaram calor de tudo quanto é moto, só faltou a Suzuki e a KTM. A Suzuki coitada, trocou o chefe de equipe/projeto e está se lamentando por ter contratado o inconstante do Andrea Ianonne, que muitos especialistas brasileiros exigiam para o lugar do Dovi, hahahaha, só rindo.
Folger mandou muito bem e merecia ter chegado na frente do companheiro de equipe, o Zarco. Faltou um pouco de experiência acho eu, porque ele tentou ficar no bolo da frente por tempo demais, quando sabemos que a principal diferença entre as motos do ano passado e as deste ano é a durabilidade da competitividade na pista. As motos mais novas se entendem melhor com os pneus e degradam um tico mais devagar. Ficar 90% da prova andando no ritmo de uma Honda 2017 com uma 2016 dá nisso, final de prova no bagasso. Zarco veio de trás e parece que chegou com uma moto mais inteira um pouco, mas também nas últimas, tanto que foi atropelado pelo renascido Jorge Lorenzo.
A Aprilia fumou o motor de novo… este motor que o Aleix Espargaro está usando é uma evolução mais potente do que usa o Alex Lowes. Era a principal reclamação dele, potência, mas parece que ela não é confiável, lembrando que a Aprilia pode mexer mais nos motores pelo regulamento.
Estranha ou não – GANHAMOS – mais uma e em condições de igualdade. No seco, no pau, na casa do inimigo, segunda vitória seguida, encostada no líder. Difícil esperar mais da corrida de hoje. Só se o Petrux tivesse ficado de pé para pegar um quinto lugar.
Dovi venceu com calma e técnica, venceu tranquilo, chegou tranquilo. Parabéns de novo Dovi, Ducati Corse. Mais um domingo vermelho. Abre o olho Yamaha!!! Abre o olho Honda!!! Desmo Rules.
Mário Barreto