Dicas para grandes viagens – Preparação da Moto

Preparação da Moto
Preparação da Moto

A preparação da moto é super importante, pois uma pane, qualquer uma, no meio do nada, é sempre uma bosta. Você se atrasa, estressa, gasta dinheiro, se aborrece e pode até se machucar.

Volto a dizer que qualquer moto é capaz de fazer grandes viagens, desde que você respeite o ritmo dela. Já li aventureiros que foram até o Alaska de Yamaha 125 2 tempos… outro dia passou um aqui pelo Brasil que rodou o mundo inteiro de Vespa. Che Guevara atravessou a América do Sul com sua La Poderosa.

Indo com uma moto pequena, ela é lenta, desconfortável, de modo que os trechos tem que ser menores. E tem também o problema da autonomia, que levaria ao uso de galões de gasolina, uma complicação. Uma moto capaz de rodar 250 km com um tanque é o que eu considero o mínimo para uma viagem com bom ritmo. Menos do que isso é tenso.

Para encurtar e facilitar, as melhores motos para isso são justamente as aventureiras. Altas e bem suspensas, bons motores, grandes tanques e acessórios. O problema é que isso as deixa altas e pesadas. E são caras.

Quanto mais novinha melhor, mas não recomendo tirar a moto da revenda e cair direto na estrada. Eu recomendo algumas viagens de teste. Se for viajar com um amigo, vá junto com ele, para ir descobrindo os ritmos que irão ser usados na estrada. Serve também para descobrir se a moto não tem algum defeito de fábrica, se a instalação do GPS não ficou bamba, se as malas estão firmes e coisas assim. Um conjunto testado e já fora da revisão de garantia.

Recomendo que o piloto se dedique a conhecer a moto um pouco, mecânicamente falando. Não precisa saber regular as válvulas ou trocar um virabrequim, mas saber onde está a bateria, os fusíveis, saber tirar a roda, eu acho fundamental.

Pneus:

Para todas elas é fundamental que se parta com pneus zerados. O consumo de pneus nas estradas é mais alto do que na cidade, pois ele fica quente o dia todo, e nesta condição ele é mais macio, desgasta mais depressa.

Hoje existem pneus preparados para isso, com o meio mais duro e bordas mais macias. São excelentes e sua durabilidade dependerá do peso e potência da moto, bem como dos hábitos do piloto. Quanto mais potente e pesada, maior o desgaste. E mesmo sendo pneus construídos para isso, irão ficar quadradinhos de tanto andar em linha reta. Tenho usado os Michelin Pilot Road e gostado. Economizando eles chegam aos 10 mil kms, quadrados, esquisitos, mas duram. Pneus zero na partida, não se pode negligenciar isso. Para viagens de mais de 10 mil kms, tem que pensar onde e como vai ser a troca dos brutos. Existem pneus ainda mais duros, como os Michelin Macadam, mas aí não tenho experiência com eles.

Para o caso de um pneu furado eu tenho confiado nas latas de conserto instantâneo, tipo Tyre Repair. Tem gente que leva kit de reparo e eu acho ótimo, mas nunca levei e nem sei usar. Só furei o pneu uma vez, e foi um rasguinho, teve que consertar em um borracheiro. A sorte foi que o pneu esvaziou a uns 100 metros de um borracheiro! Cagão. Tenho uma bombinha de ar manual, que nunca usei, mas sempre levo, é pequena. Uso calibragem normal e evito ficar calibrando durante a viagem, salvo eu sentir que o pneu está estranho. Eu verifico, se sinto que não perdeu pressão, não mexo. Vai que o calibrador esta ruim, que a válvula fique presa e vazando (já aconteceu comigo), é mais uma coisa para se preocupar. Todo dia eu verifico, se parece bom, se a moto está boa, não mexo no pneu até chegar ao destino.

Corrente:

Todo cuidado também deve receber a corrente de transmissão, para as motos que tem uma. Deve-se partir com uma corrente novinha, de qualidade, e todo dia, pelo menos 2x, tem-se que lubrificar a danada. Como nos pneus, a corrente desgasta de forma mais rápida sendo usada só na estrada. Ela fica muito tempo em alta velocidade, alta temperatura e isso faz com que ela expulse sua lubrificação muito mais rápido do que andando na cidade.

Eu lubrifico no meio do dia e no final do dia, com spray específico para correntes. É fundamental levar ferramentas para esticar a corrente. A corrente bem regulada e lubrificada se mantém mais tempo em boas condições. Ela vai gastando aos poucos, mas depois que ela chega no estágio de gasta, a piora é muito rápida! Com os dentes inclinados e com ela já tendo que ser esticada para conseguir tração, o desgaste é brutal e rapidamente ela acaba, tipo de uma hora para outra, hahaha!.

É importante partir com uma corrente nova e de boa qualidade, e cuidar dela durante todo o período. Algumas motos, devido ao projeto, gastam mais a corrente do que outras. Eu tive problemas com a corrente em todas as minhas viagens, mesmo lubrificando. Um saco.

Parte elétrica:

Nunca senti necessidade de faróis auxiliares, não viajo de noite, mas levo lampadas reservas (e aprendo como trocar). Levo também fusíveis, e nunca usei. Bateria cansada também não vale, tem-se que ir com uma bateria boa/nova. Para o Chile instalei punhos aquecidos, que usei bastante, além do iPhone/GPS sempre ligado. Isso dá um consumo acima do normal e por isso é importante na preparação se certificar de que a bateria e o sistema de carga estão OK.

Motor:

No motor uma revisão completa, com troca de óleo, velas e regulagem. Se for carburada, algo cada vez mais raro, limpar carburadores, regular válvulas. Quem for subir os Andes com motos carburadas tem que aprender a mexer na mistura, pois a regulagem que funciona “aqui em baixo”, não funciona lá em cima. Com o motor acertadinho, não há problemas.

Mesmo assim eu levo velas reserva, geralmente as usadas que estavam funcionando quando botei as novas. Isso porque uma vela parou de funcionar uma vez em Buenos Aires. Levo também um litro de óleo de motor, pois é normal a moto beber um pouco de óleo depois de uns 4 dias na estrada, dou uma completadinha.

Não “esgoelo” o motor o tempo todo, procuro manter ele na faixa gorda de torque e potência. O ideal para viajar é uma moto em que isso signifique poder andar longos trechos a 140/150 km/h. Andando assim a sua média pode chegar a 110 km/h no dia.

Malas:

Eu dou preferência para as malas rígidas, desmontáveis, e sem nenhuma mala amarrada na moto. Estas malas rígidas, com chave, não deixam nada vulnerável ou à vista de ladrões e curiosos. Uma mala amarrada é facilmente cortada se vc estiver sozinho e for ao banheiro, por exemplo. Geralmente são três malas, as laterais e a central. Em uma mala lateral eu deixo para coisas da moto, óleo, ferramentas, peças e etc. Outra eu deixo para as roupas. A central eu deixo para as coisas que tem que ficar mais na mão, como luvas, casacos, docs, GPS, lanternas.

O ideal é deixar um espaço para colocar o seu capacete e luvas nas paradas. Imagine, você chegou em um ponto legal e resolveu parar para fotografar, ou comer, ou ir ao banheiro. Vc abre o malão central, pega a camera e bota lá o seu capacete, luvas e gps. Tranca e fica tudo protegido e escondido, à salvo de algum curioso que se aproxime da moto enquanto você está lá longe fotografando (exemplo).

Estas malas rígidas as vezes tem, ou vendem como acessório, uma outra mala interna no formato perfeito, que permite que vc retire suas coisas sem ter que retirar as malas sujas e pesadas. Isso é perfeito.

Ferramentas:

Não levo muita coisa. O mínimo mas suficiente para desmontar as duas rodas em caso de precisar, as vela, trocar lampadas e fixar alguma coisa que afrouxe. Levo um par de luvas de mecânico, WD40, TyreRepair, toalhas de papel e os bendidos lencinhos de limpar bumbum de nenem. São ótimos e eu até lavo a moto com eles. Levo um sacão enorme. Todos sacaneiam mas no final todos querem um lencinho.

GPS:

Eu uso o meu iPhone, dentro de uma capa de proteção, ligado no sistema na moto. Uso o MotionX como software, que acho o melhor. Funciona para mim, mas existem GPS’s ótimos, feitos para moto, da Garmin, que valem muito a pena de se instalar na moto.

Cansei, escrevi para caramba. Devo ter esquecido de algo, mas se tiverem alguma dúvida é só me perguntar. A base é sair com a moto mais nova e cuidada que se conseguir, ir cuidando dela o tempo todo. Mesmo a moto mais novinha, se não cuidar, dá problema.

 

Abraços

Mario Barreto

 

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