Meu amigos, tive a oportunidade de testar completamente a Ducati Hyperstrada e foi muito bom, a moto superou minhas expectativas.
Desde o Salão de Motos do ano passado eu estou vendo estas três Ducati’s aqui pelo Brasil. Em testes nas revistas, em eventos da Ducati. São elas as Hypermotards (a “normal” e a SP) e a Hyperstrada, que é uma versão da Hypermotard mais adequada para viagens.
Utilizando meu prestígio de Presidente do ForzaRio DOC (hehe), pedi para conhecer a Hyperstrada em um teste de alguns dias.
A Ducati felizmente concordou, mas a galera aqui do Rio reclamou muito, pois todos queriam conhecer a mais brava, cara e equipada, a Hypermotard SP. Nada contra a SP, que inclusive usei um pouquinho durante o Ducati Experience, realizado no Autódromo de Interlagos. Mais alta, mapeamento de motor mais radical e suspensões Marzocchi reguláveis na dianteira.
Mas é que eu queria muito comparar a Hyperstrada com a minha ex-Multistrada 620. Com esta minha Ducati MTS 620 eu rodei quase 50 mil quilômetros, fui ao Chile, fui a Argentina, uma moto muito boa. Foi fabricada durante apenas 1 ano e a Hyperstrada é mais ou menos a moto que veio substituí-la, uma touring mais leve e acessível. Um formato que para o meu caso funcionou muito bem.
Para 90% do tempo eu não precisava do peso, do consumo, do calor e da potência da MTS 1100, a 620 era leve, econômica (não só em gasolina, mas também em pneus), esquentava pouco. Uma moto muito sensata pois é muito boa na cidade e também viaja bem.
Lógico que no estradão, no meio do nada argentino, um motorzão como o das MTS grandes é bem melhor, mas vejam bem, faço estas viagens de 2 em 2 anos, não sou muito alto (1.74m) e gosto de vir trabalhar de moto. Uma grande aventureira para isso é muito.
Nunca entendi muito bem porque a MTS 620 teve vida tão curta, mesmo com tantas qualidades e elogios em suas avaliações.
Mas agora a Ducati tem novamente uma “mini” Multistrada, embora usando uma fórmula diferente, pois antes a 620 usava o mesmo design da 1100 (desenhado por Pierre Terblanche e muito criticado, a maioria não gostava do farol). A nova mini multistrada usa a base da Hypermotard’s, outra criação de Terblanche, mas que foi completamente modificada. O que Terblanche fez com a Monster de Galuzzi, fizeram com a sua Hypermotard. A idéia é a mesma mas mudaram tudo, não deixaram um só parafuso igual.
Tenho uma boa quilometragem no lombo da antiga Hypermotard, tanto na 1100 como na 796, uma moto linda e adorável. Uma bandida, com tamanho de uma 600 (se tanto), brava, posição agressiva, design de ponta, o DesmoDue em sua melhor apresentação. Um cavalo bravo.
Todas estas qualidades estão presentes nas novas Hyper’s, mas com uma diferença fundamental, você pode escolher qual moto deseja usar, na mesma moto, apenas apertando um único botãozinho. Vc pode ter a bruta bandida de antes ou uma moto suave e tranquila para usar na cidade. Na mesma moto, na mesma hora, mudar várias vezes ao dia, é incrível!
Fui buscar a Hyperstrada em São Paulo para devolver no Rio, o que já deu um lindo teste de estrada. Infelizmente peguei a moto sem as malas. Segundo o técnico da Ducati as malas estão com um problema na fechadura e não estariam disponíveis para mim. Decepção, pois eu contava com elas e tive que voltar com uma mochila nas costas. E não vou poder opinar sobre a qualidade e características das malas originais.
A idéia era dormir em São Paulo e pegar estrada na segunda bem cedinho, mas chegamos no hotel ainda dia claro, com uma vontade enorme de pegar a estrada e ligamos o dane-se, vamos embora agora mesmo. Digo vamos porque o Fernando Ceriani, Secretário aqui do ForzaRio DOC foi comigo e trouxe Diavel Carbon. Depois falo dela em outro post.
Com as motos no modo Urban, sofremos nas marginais até pegarmos a Ayrton Senna. Só corredor de carros, a moto em urban mode não brilha muito. Quando começou a liberar, já depois do aeroporto de Guarulhos, a moto em urban demonstrava até uma certa lerdeza na estrada. Decidi deixar assim até o primeiro pedágio.
Chegando lá, passei para o modo Touring e meus amigos… a moto virou outra moto. MUITO mais forte e disposta. Passei para o moto SPORT e a moto virou um monstro nervoso, que só quer acelerar muito. Até o barulho do motor muda, é incrível a transformação. Jurei nunca mais usar o Urban mode, mas depois aprendi que ele tem o seu valor.
O acelerador é sem cabos, ride by wire total, tecnicamente é um joystick, e no modo sport ele fica muito sensível. Hooligan.
Em modo urban são 75 cv’s e nos outros 2 são 110 cv’s. A diferença está no mapeamento do acelerador e ECU, na maneira como o motor entrega a potência. Mais brutal no modo sport, como é de se esperar. Mesmo com menor cilindrada, ela é mais forte do que a antiga 1100.
O motor é um Desmoquattro Testastretta 11 de 821 cc. Uma belezinha de motor, forte, vibra muito pouco, a descarga com um som lindo. A caixa de marcha é bem justinha, de fazer clic clic, não faz clang clang. A embreagem antiblocante eu achei esquisita como a da minha antiga MTS 620, pouca área útil no curso e feedback vago. É de cabo, uma solução que simplifica a manutenção e é mais leve do que a hidráulica, mas é menos sofisticada também. Não sei se é caso de ajuste ou se ela é assim mesmo. Mas só é estranha no primeiro contato, depois você esquece que ela está lá.
O motor é ótimo, sobe de giro com uma vontade incrível e não para de encher. A moto chega muito fácil em altas velocidades e a bolhinha funciona e protege muito bem. Nem parece que é uma hypermotard modificada.
Na comparação com a antiga MTS 620 ela perde na proteção do corpo, pois o tanque, apesar dos 16 litros, é fino e seus joelhos ficam no vento. No peito, incrivelmente, protege muito bem e existe uma bolha um pouco maior como acessório. Ela também já vem com descanso central, um acessório maravilhoso para quem vai viajar e precisa ficar cuidando da corrente e fazer manutenção. Na estrada, andando em bom cruzeiro, o consumo no computador de bordo dela ficou em 22 km/l. Ela parece beber pouco mesmo.
Escureceu e o farol mandou muito bem, bons fachos, fortes, bem direcionados e ainda tem uma iluminação de led para o dia. Não senti falta de iluminação hora nenhuma na viagem, que acabou as 23:00hs
O banco é confortável e as suspensões são firmes e perfeitas. A dianteira não tem nenhuma regulagem, mas em troca, também não precisa. Assim como na minha Monster, já veio muito bem regulada e neste caso, regulagens para quê? Mesmo com a mochila nas costas, cheguei em casa inteirasso, o que comprava a qualidade da Hyperstrada na estrada.
Aqui no Rio eu vim trabalhar com ela alguns dias, e tirei uma manhã para testar nas estradinhas da Floresta da Tijuca.
Nossa! Revelou-se a moto perfeita para isso, pois é pequena, forte, firme, inspiradora. Subi forçando e tentando andar forte para ver como reagiriam o controle de tração e o ABS e não descobri quem foi mais perfeita, a minha pilotagem ou a atuação deles, hahahaha. Digo isso porque hora nenhuma senti a intrusão dos sistemas na pilotagem da moto, o que pode ser creditado a qualidade de ambos. Mas fiquei cansado e aí coloquei a bruta no modo Urban e ficou ótimo, uma pilotagem calma e ralaxada. Incrível e adorável esta coisa de mudar as motos apenas apertando o botão.
O controle de tração e o ABS podem ser regulados em vários níveis e sinceramente não me julgo competente para testar o controle de tração na rua. Talvez em pista. Mas dá para perceber que o ABS é bem superior ao sistema montado na minha Monster 796 ABS, que volta e meia se faz notar, principalmente na roda traseira. O Felipe Dana teve a oportunidade de andar com ela e voltou dizendo que o ABS dela é muito superior ao sistema montado na sua Multistrada 1200 S 2010.
Fiz uma pequena reunião para mostrar a moto para a diretoria do ForzaRio DOC , quando alguns andaram com a moto. Todos voltaram com um imenso sorriso no rosto.
Linda, pequena mas não minúscula, forte mas não um canhão, boa na cidade, boa na estrada. Econômica, divertida, acessível, é para mim a moto mais polivalente da Ducati, que atende melhor aos vários compromissos de quem só pode ter uma moto.
No que depender dela, será um sucesso de vendas, mas existe a questão do preço, pois sendo importada, seu preço pode ficar defasado na comparação das motos que já são CKD em Manaus. Em breve nas revendas Ducati.
Aguardo agora a SP para comparar…obrigado Ducati pela oportunidade.
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Mário Barreto
EXCELENTE review, do tipo que faz a gente sentir a moto e viajar junto. Parabéns. Não vejo a hora de ver o seu review da Carbon!
Boa Pedro, semana que vem escrevo sobre a Diavel Carbon flamenguinha que veio comigo.
Era o que eu queria saber… sobre o consumo.
Pesquisei no fórum da Europa, porém nossa mijolina não se compara com o combustível europeu.
Uma moto dessa fazer na casa dos 20, dá pra rodar 250km sem parar.. esticar as pernas, abastecer e seguir viagem.
Valeu pelo relato