Eu previa que a KTM viria forte hoje, como foi ano passado. E a KTM ganhou mesmo! Mas não do jeito que eu esperava.
A KTM vinha bem, com Binder virando bem, mas atrás dos protagonistas principais, sem qualquer chance de vitória.
Na ponta, após uma largada que só não deu merda por milagre e competência dos pilotos, pois foi cheia de esbarrões e chegas prá lá, vimos Pecco Bagnaia segurando a ponta, Quartararo incrivelmente forte e corajoso, Marc Marquez voltando a ser Marc Marquez e depois as Pramac, com Martin na frente do Zarco.
Pecco vinha virando bem, segurou a ponta por a maior parte da corrida, mas na minha cabeça, estavam cozinhando ele. Ele abria um pouquinho, mas muito rapidamente Quartararo e Marquez encostavam de novo, para mim era questão de tempo o bote do MM.
A Ducati fazia berrar seu motor na reta, mas isso faz a sua freada tão difícil e quadrada que a Yamaha não deixava ela sumir. Não é à toa que Quartararo lidera o mundial, ele está muito constante em suas performances. Todos os dias, em todos os treinos, em todas as corridas. Não é malucão de tentar de tudo e dividir todas, mas divide as boas, é corajoso e cai muito pouco, está com muito controle sobre a moto. Na chuva, que a Yamaha não se acertou, esperava-se que ele andasse mal. Interessante que caíram umas gotinhas a prova toda, mas isso não foi suficiente para piorar a pista, a Yamaha andou bem até quase o fim.
Marc Marquez foi o piloto agressivo de sempre. Para a sua recuperação completa, talvez falte, além de um tiquinho do físico, um pouquinho também do psicológico. Hoje, como estavam caindo umas gotinhas ele deve ter pensado, é prá mim! E foi prá cima. Despachou as Ducati Pramac e ficou ali comboiando a Yamaha até o previsível bote final. Deu o bote e iria ganhar esta prova, até tomar a decisão difícil de parar faltando apenas 3 voltas. Foi para o box e foi todo mundo atrás. Na TV não deu prá ver bem a chuva, não parecia estar chovendo tanto, mas pela dificuldade dos pilotos e pelos tempos de volta, deve ter molhado muito.
Andar de MotoGP com slicks, quase 300 Cvs e quase sem freios, pois os freios de carbono não funcionam bem molhados, deve ser uma experiência desafiadora.
Não entendi Mir colocando mãozinha prá cima indicando chuva… em corrida flag to flag não tem isso de mãozinha, é parar, trocar de moto e pau na máquina. Levantou a mãozinha é ultrapassado na hora pelo amigo que vem de trás, não tem que respeitar nada. Eu hein…
Bem, aí a corrida que estava muito boa, prá mim ficou uma bosta. Ao contrário do que falaram todos, “épica”, “corridassso” e o escambau, eu achei que esta movimentação estragou a corrida toda. Virou uma loteria, uma gincana. Tanto que MM, que vinha fazendo uma corrida muito boa, chegou em décimo quinto, Quartararo que vinha fazendo uma corrida muito boa, chegou em sétimo. Curiosamente, as Ducatis chegaram em segundo e terceiro, com Mir, outro que vinha fazendo uma excelente corrida no estilo Suzuki, de recuperação, chegando em quarto. Se não cai, MM chegaria em segundo.
A pergunta é… se MM não pára, os outros parariam?
Binder não parou, comeu o pão que o diabo amassou durante duas voltas, saiu da pista na última curva, foi penalizado e ainda assim conseguiu patinar para a vitória. Mereceu? Sim, não foi fácil. Mas a KTM mostrou superioridade na pista? Binder mostrou-se superior aos outros? Não. Venceu um piloto e uma moto que tomaram uma decisão diferente, tiveram estrela. Uma estrela que Pecco Bagnaia parece não ter, porque só bate na trave e não vence. Já Jorge Martin tem estrela, ainda beliscou um terceiro lugar enquanto Zarco levou um estabaco.
Valeu o espetáculo por conta da pista cheia de público e pela emoção de esperar pelo resultado imprevisível no final. Estava engraçado ver os pilotos se arrastando pela pista enquanto os que trocaram os pneus vinham tirando mais de 15 segundos por volta.
No final Quartararo se deu bem, pois Zarco marcou zero pontos. É ele sozinho contra o mar de Ducatis na pista, Maverick não ajudava em nada. Mas a Yamaha precisa de outra moto na pista, pois hoje perdeu a liderança do campeonato de construtores para a Ducati, por apenas 3 pontinhos.
Os fans do Rossi foram a loucura quando ele chegou a andar em terceiro por alguns segundos, mas o véio estava se arrastando na pista e chegou em oitavo, ainda assim o seu melhor resultado do ano.
Que venha o GP da Inglaterra. A cada GP o francês se aproxima mais do título, o primeiro título francês desde o saudoso Christian Sarron em 1984. Eu tive uma Yamaha RDZ 125 azul e branca, andava com ela me sentindo o próprio Sarron. Não tenho mais Yamaha, mas gostaria de passear por aí me sentindo um Quartararo!