E se a GP23 fosse um outro construtor?

Como prometi na minha coluna sobre Motegi, resolvi brincar com alguns números para preencher esta semana de hiato na reta final do campeonato.

Todos sabemos que a Ducati corre com 8 motos: 4 GP24s e 4 GP23s. Há três principais campeonatos em disputa:

1) o de pilotos
2) o de times, onde os pontos dos dois pilotos de cada time são considerados
3) o de construtores, onde apenas os pontos da motocicleta melhor colocada de cada construtor soma pontos

Esclarecendo: se os 5 primeiros colocados correrem de Ducati, o 6° e o 7° de KTM, o 8° de Aprilia, o 9° e o 10° de Yamaha e o 11° de Honda, a Ducati receberá apenas os 25 pontos da 1a colocada, a KTM os 10 pontos da 6a, a Aprilia os 8 pontos da 8a, a Yamaha os 7 da 9a e a Honda os 5 da 11a.

Obviamente colocar várias motos à frente da concorrência não soma pontos a favor mas tira pontos dos outros construtores.

Após a corrida do Japão, o campeonato de Construtores está assim:

Ducati >>> 574 pontos
KTM >>> 275
Aprilia >>> 255
Yamaha >>> 97
Honda >>> 56

O exercício que fiz é supor que as GP23 fossem um outro construtor, que chamaremos de Panigale, de forma que a Ducati só recebesse os pontos da melhor GP24 e a Panigale recebesse os pontos da melhor GP23.

O campeonato estaria assim:

Ducati >>> 554 pontos
Panigale >>> 359
KTM >>> 275
Aprilia >>> 255
Yamaha >>> 97
Honda >>> 56

Ou seja, a genialidade do Gigi Dall’Igna é tão grande que mesmo a moto do ano passado é melhor que as motos atuais da concorrência.

E as GP23s estão sofrendo. Já escrevi aqui, e a Ducati admite, que a vantagem da GP24 sobre a GP23 é muito maior que a vantagem que a GP23 tinha sobre a GP22. Obviamente que o Gigi trabalhou muito no ano passado para melhorar a GP23 durante o ano, tanto que a diferença entre GP22 e GP23 aumentou depois das férias de verão. Só que Gresini e VR46 estão usando as versões iniciais da GP23 e a atualização que lhes foi dada desde o GP da Inglaterra foi revogada após o estouro do motor do Marquez na Indonésia.

Na disputa interna entre as GP23, o Formiga lidera disparado e há dois motivos para isso. O primeiro é o seu inegável talento (ninguém é hexacampeão no MotoGP por acaso) e o segundo é que os novos pneus traseiros desenvolvidos pela Michelin para 2024 acentuaram os problemas da GP23. Marquez veio da Honda, uma motos cheia de problemas. Para ele a GP23 é um sonho. Bez, Diggia e Alex vieram da GP22, que era ótima de entrada de curva e dava um ótimo feedback na roda da frente, e ainda sofrem com essa falta de dirigibilidade.

Dos 703 pontos conseguidos pelas GP23 até aqui, o Formiga conquistou 44.3% deles. Bez e Diggia 19% cada um e Alex apenas 17.6%.

Em 2025, Marc andará de GP25, que será certamente melhor que a já maravilhosa GP24. Diggia também terá acesso a esse foguete, mas precisa resolver seus problemas físico. Alex, Morbidelli e o novato Aldeguer vão herdar as GP24 que começaram este ano e Bez vai comer o pão que o diabo amassou na Aprilia, que acaba de perder seu diretor técnico, Romano Albesiano, para a Honda.

O Bez é um caso de terapia: podia ter ido para a Pramac correr de GP24 este ano, mas ficou na VR46 sofrendo na GP23. Podia ter ficado na VR46 e ganhado uma GP25 pra correr o ano que vem, mas foi para uma Aprilia que não se firmou e que andará atrás de, no mínimo, uma fábrica japonesa em 2025 (Mãe Dinah me contou). Morbidelli e Diggia lhe devem ótimos presentes de Natal.

Espero que tenham se divertido.
Semana que vem GP da Australia.
Até lá!

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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