E SOBRARAM SEIS…
O funil é implacável e, faltando dois GPs, Joan Mir está com a mão na taça. Matematicamente outros 5 pilotos ainda podem sonhar. Morbidelli e Dovizioso precisam de um 1º e um 2º lugares, desde que o Mir não faça nenhum ponto. Se um dos dois ganhar os dois GPs, Mir não pode fazer mais de 5 pontos (um 11º). Se Viñales conseguir um 1º e um 2º lugares, Mir não pode fazer mais de 4 pontos. Ele precisa ganhar as duas provas e torcer para que o Mir não faça 9 pontos. Por fim, Rins e Quartararo precisam torcer para que o Mir não faça 14 pontos nos dois GPs, desde que ganhem duas seguidas.
Como bem escreveu o Mario Barreto, o resultado do GP da Europa foi perfeito para o Campeonato. Mir ganhou sua primeira prova de MotoGP em cima do seu principal adversário, o Rins. Ganhou com autoridade, mantendo um ritmo constante e a sua frieza é típica dos campeões, ao contrário do Quartararo, que se emociona muito nas vitórias e derrotas. No domingo o francês acabou prejudicado pelo tombo do Aleix Espargaró e só conseguiu salvar dois pontos, que os mantiveram na vice-liderança do campeonato.
Todos os fabricantes sofreram com a falta de tempo em pista seca, portanto as motos mais acertadas e aquelas que fizeram testes recentes em Valencia (KTM) tiveram alguma vantagem. Morbidelli arriscou correr de pneus duros e quando os pneus acabaram despencou na classificação. Mais ou menos o que aconteceu com o Zarco nas últimas seis voltas. Brad Binder fez uma boa corrida, chegando 1.5s atrás do Miller mesmo tendo que pagar uma volta longa. As Ducatis fizeram 6º, 8º, 9º e 10º. Bagnaia caiu. De novo. Depois de confirmado na equipe titular, Bagnaia não teve um único bom resultado. As Yamahas vão ter que trabalhar muito para conseguir algo melhor no GP de Valencia e as Honda até mostraram potencial. Nakagami em um bom 4º lugar, mas Crutchlow e Marquez caíram e podiam ter feito uma boa disputa com as Ducatis.
Enfim, a Suzuki tem uma ótima oportunidade de conseguir a tríplice coroa, já que lidera os três campeonatos, seus pilotos chegaram a uma comunhão boa com suas motos e têm frequentado o pódio com regularidade. Fico feliz pelo Davide Brívio, que me parece um ótimo team manager. Aliás, o repórter do MotoGP, Simon Crafar, disse ao Brivio que mecânicos e outros funcionários de duas outras fabricantes, tinham elogiado o trabalho que ele faz na Suzuki. Tenho que me retratar: eu achava a dupla Mir-Rins muito inexperiente, mas a moto evoluiu e eles estão correndo muito bem. Mir superou a ansiedade do ano passado, quando caiu muito.
Assisti às últimas três voltas roendo as unhas, porque na Moto3 e na Moto2 os respectivos líderes caíram horas antes, embolando seus campeonatos, mas Mir seguiu impávido e infalível como Bruce Lee até a bandeira quadriculada.
Sam Lowes estava em estado de graça: ganhou 3 provas seguidas e dominou todos os treinos do GP da Europa. Perdeu a pole depois da bandeirada do Q2 e largou em 3º, mas com a tranquilidade de ter o melhor ritmo de corrida. Estava em 2º, ampliando a liderança no campeonato e caiu bobamente, como costumava fazer. Bastianini chegou em 4º, abrindo 6 pontos para o Lowes, 19 pro Marini e 29 pro Bezzecchi.
Albert Arenas foi vítima de um tombo do Vietti e zerou no GP. No final teve sorte e manteve a liderança, 3 pontos à frente do Ogura, 20 à frente do Vietti e a 23 do Arbolino.
Fora das pistas, Iannone foi banido por 4 anos, o que dá esperanças para o Crutchlow na Aprilia. Rabat tinha contrato mas foi demitido. Não estava nada feliz na entrevista que deu, pois sua familia é um dos patrocinadores da Esponsorama. O maior problema é que, em novembro, não há mais para onde ir. Dovi anunciou que tirará um sabático em 2021. Será que é suficientemente relevante para voltar em 2022? Ele acredita que sim, tanto que recusou o papel de piloto de testes na Yamaha. Veremos.
Contando os dias para o GP de Valencia, que deve ser mais rápido e disputado.
Até semana que vem!
André Bertrand