Há algumas poucas corridas, em Austin, se não me engano, Quartararo disse que ninguém é campeão chegando em P7 ou P8. De fato, é preciso regularidade nos resultados e transformar dias ruins em P5 ou P4, frequentando sempre o pódio em dias bons. Em tese, as retas de Mugello e Montmeló deveriam prejudicar as Yamahas, notadamente menos potentes. No entanto, assim como em Portimão, há uma curva rápida antes de cada uma dessas retas, e se o piloto tem mais velocidade na curva já entra na reta alguns quilômetros por hora mais rápido do que os adversários. Para isso, o francês tinha que estar na frente na saída da primeira curva. Na Toscana ele salvou 20 pontos. Em Barcelona foi impecável e levou os 25. É o melhor piloto do grid no momento e a Yamaha não tinha outra opção a não ser despejar um caminhão de dinheiro na conta dele e garantir mais dois anos de sucessos.
Alguns campeonatos são decididos pelos erros dos concorrentes. Os únicos pilotos que não zeraram em nenhuma prova são os dois líderes. Bastianini caiu nas duas últimas provas, totalizando 3 ZEROS. Zarco caiu em duas. Bagnaia caiu em três e fez um 15º na Indonésia. Desse jeito a vida do campeão fica mais fácil…
É claro que Bagnaia e Rins, dois pilotos que tinham um ótimo ritmo de corrida, foram atropelados pelo kamikaze Nakagami. Até o Lucio Cecchinello ficou surpreso pela ausência de punição para o japonês. Talvez o fato dele ter machucado o rosto seriamente tenha influenciado na decisão da comissão de segurança, mas o Rins acabou com o pulso fraturado e fora dos testes de hoje: esse excesso de otimismo na primeira curva precisa ser desestimulado. A corrida perdeu muita emoção com a eliminação de dois pilotos que poderiam brigar pela ponta e o campeonato dos dois fica bastante prejudicado.
Se houve drama na primeira curva, houve comédia na última volta. Eu só tinha visto isso acontecer uma vez: com o Rins na Moto3, em Brno, 2014, quando ele achou que tinha vencido a corrida uma volta antes do término. Tirou a mão e quando acordou só conseguiu chegar em nono. A princípio eu fiquei com muita pena do Aleix. Foi um fim de semana especial, de homenagens à filha e à equipe que operou o coração do bebê. Liderou quase todos os treinos, bateu recorde da pista. Só não conseguiu manter o ritmo do Quartararo. Porém, deixei de sentir pena quando um grande amigo me alertou que a reação dele ao cruzar a linha não foi de comemoração, mas de frustração com o segundo lugar, estapeando o tanque da maravilhosa Aprilia. Então passei a achar que o castigo dele foi justo: foram nove pontos perdidos, um troféu que seria o 5º pódio seguido dele e da Aprilia. Só lamento pela equipe, que está entregando uma moto redondinha, com um motor que empurra muito. Acho que ele devia pagar o prêmio aos mecânicos.
No mais, sucesso da Pramac, meio sucesso da Mooney VR46, e fracassos da Gresini e da Ducati LeNovo. Continuo achando o Zarco muito pouco agressivo, mas ele disse em entrevista que estava esperando as últimas 5 voltas porque era o único com pneu duro na traseira e teoricamente deveria ter mais grip no final. Aconteceu o oposto: o duro patinava mais e não tinha tração nas acelerações. Herdou um pódio e continua prestigiado na Ducati: hoje rodou 93 voltas no teste. Só perdeu para as 96 voltas que deu o Alex Márquez.
Aliás, o caçula dos Márquez fez uma boa corrida, considerando que levou um tombaço no FP4, quase não correu e largou em último. Foi a segunda vez que ficou nos Top10 em nove provas. As KTM correram juntas por um bom tempo e chegaram em P8 e P9, a mais de 20s do líder. Bem medíocre. Joan Mir largou bem e ficou por ali, sem incomodar quem estava na frente e sem ser incomodado por quem estava atrás. Marini e Viñales chegaram embolados: o segundo se recuperando de mais uma largada medíocre. A última volta teve um pega muito bom entre o Remy, o Darryn Binder e o Morbidelli, com o australiano passando os dois e levando um bom 11º. O caçula dos Binder não está fazendo feio com uma moto desatualizada, sendo a segunda Yamaha. Será difícil continuar no MotoGP: um novo Iker Lecuona (que está indo bem no WorldSBK).
Jack Miller foi um apagado 14º e hoje nos testes foi muito mais rápido, o que deixou o aussie feliz e frustrado ao mesmo tempo. Espero que ele volte bem na Alemanha, porque é um bom sujeito que provavelmente irá para a KTM.
Seria conveniente que as equipes definissem logo seus pilotos porque a cabeça desses caras deve ficar a mil por hora, prejudicando o desempenho.
Alemanha sem MM93: aposto no Quartararo. E na Holanda também.
Até lá!
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