No meu último texto eu terminava apostando no Quartararo na Alemanha e na Holanda. Estou dobrando a aposta e ainda incluo Silverstone de lambuja. É, pessoal, o atual campeão está dando aulas de pilotagem. Foi um dos poucos que apostou no pneu médio na traseira (Mir e Viñales também) e o fez com convicção. Depois da prova vários pilotos confessaram que se arrependeram de ir “pela lógica”, dado o calor da pista, porque o pneu duro, com menos aderência, patina mais e acaba tendo a mesma durabilidade do médio, se não pior.
A pista da Alemanha não dá descanso aos pilotos, que só conseguem respirar na curta reta dos boxes. Ao final da prova o Zarco estava tão cansado que se esqueceu de levar o capacete e o energético para o pódio. O capacete ele ainda pediu para alguém buscar, mas saiu sem a latinha na mão nas fotos dos vencedores. Alguém vai chiar… Em provas assim a juventude faz diferença: Quartararo correu gripado, deu entrevistas tossindo, mas estava bem mais inteiro que Zarco e Miller.
A Monster Yamaha lidera o campeonato de equipes, basicamente nas costas do francês. Dovi andou se queixando que o pessoal de Iwata só ouve o Quartararo. E tinha como ser diferente? Esse negócio de fazer uma moto que “sirva pra todos” acaba gerando um problema como o da Honda, cuja moto não é boa pra ninguém.
Tratando-se de Honda, foi um dos raros GPs em que nenhum piloto da marca pontuou. Nakagami caiu de novo, Pol abandonou com problemas físicos, Alex Márquez teve problemas com o dispositivo que abaixa a traseira, e o Bradl… ele rodava em ritmo de Moto2! Depois de ganharem o GP da Alemanha 11 vezes seguidas (3 com Pedrosa e 8 com Márquez) é pra cometer hara-kiri…
A Ducati vai continuar com saudades do Stoner por vários anos. Falta maturidade ao Bagnaia. Depois de um fim de 2021 pilotando aquele foguete que é a GP21 e ganhando 4 das últimas 6 corridas (com um 3º em Austin e um queda -mais uma- em Misano) ele entrou em 2022 com uma mão na Taça. Os dentes de leite da GP22 atrapalharam o início do campeonato e ele ainda viu Bastianini ganhando com a moto “dele”. Está muito afobado. Quando perdeu a liderança pro francês na largada, podia ter esperado a pista melhorar o grip (depois das corridas de Moto 3 e Moto 2, a pista fica muito escorregadia com a borracha da Dunlop) para depois atacar o líder. Fez uma tentativa afoita e tomou o xis. E caiu na volta seguinte. Os três capos da Ducati botaram panos quentes para não queimar o garoto, mas nem comemoraram os bons pódios das motos erradas. Ainda assim, a marca lidera tranquila o campeonato, principalmente graças a Pramac e a Gresini.
Falando em Gresini, o engenheiro do Bastianini não pode trabalhar no autódromo porque estava com Covid. Isso atrapalhou muito La Bestia, que não se encontrou com a frente da moto. Foi, inclusive, o único a correr com pneu médio na frente, porque o duro não lhe dava feedback. Conseguiu um razoável 10º, ofuscado pelo 8º do seu companheiro de equipe. Hoje em dia a disputa entre ele e o Martin pela moto oficial está mais parelha, eu diria até pendendo para o segundo. Não vejo muita vantagem em trocar a Gresini, onde ele é “de casa” desde a Moto 3, pela Pramac. De qualquer forma haverá uma Ducati sobrando, que está sendo disputada por vários pilotos.
A Aprilia correu bem, com Viñales andando perto do Aleix. As motos tinham uma diferença básica: a do Aleix tinha controle manual do sistema de alteração da altura da suspensão traseira. A do Viñales rodava com um sistema novo, automático. Esse sistema deu pau… Não morro de amores pelo Cantinflas, mas fiquei com pena. Aleix foi pro grid com um pneu usado na frente. Antes da largada montaram um pneu zerado e, segundo ele, na volta de apresentação ele já sentiu uma vibração esquisita… aí correu para sobreviver. Caô? Talvez… há sempre aqueles pilotos que sempre perdem porque aconteceu alguma coisa com a moto. Às vezes é melhor admitir que os outros tinham um acerto melhor. Ponto.
KTM se classificou mal, como sempre, e fez corridas de recuperação. Como sempre. Brad Binder fez um razoável 7º com Oliveira em 9º. A novidade foram os primeiros pontos do Raul Fernandez, que encontrou um acerto bom na frente. Fez um 12º, à frente das lentas Yamahas de Morbidelli e Dovi, e do seu colega de Tech3. Até Barcelona eu tinha certeza de que o espanhol sairia e que o australiano seria mantido na equipe do Poncharal, mas o Pit Beirer falou tão mal dos dois que pode ser que ambos dancem. Fala-se em Pol Espargaró e Augusto Fernandez, que ganhou a prova da Moto 2, na Tech3 em 2023, mas como o boato veio da Espanha…
Da Suzuki não dá para falar quase nada. Rins desistiu antes do FP4, com muitas dores no pulso fraturado em Montmeló. Mir caiu logo no começo da corrida. De relevante apenas o boato cada vez mais forte que ele irá para a Repsol Honda.
Os três primeiros foram os melhores da corrida, com destaque para o Miller, bem mais tranquilo com o futuro já definido, que conseguiu um pódio apesar da volta longa que teve que pagar. Injusta, na minha opinião, já que ele levou dados de telemetria para a comissão, mostrando que estava abaixo da velocidade daquele ponto da pista. Quase caiu ao cumprir a penalidade, porque o Mir espalhou bastante brita ao voltar para a pista depois da queda. Outro que andou bem foi o Marini, que conseguiu um belo 5º lugar deixando o Jorge Martin para trás.
Agora teremos a Catedral, um dos meus circuitos favoritos, e espero que tenhamos mais disputas de posição. Pelo menos pela segunda ;o)
Até lá!
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