Ficou em Família

As quedas do Formiga estão esquentando um campeonato que poderia ser muito sem graça. No teste desta segunda-feira, dia 28 de abril, ele voltou a ser o mais rápido tanto na parte da manhã quanto na parte da tarde, só que tem errado bobamente quando não precisava. Na corrida de domingo começou errando ao não engatar corretamente o dispositivo de largada ao alinhar. Largou mal, nos ofereceu a melhor primeira volta de um domingo (tão boa quanto a primeira volta de sábado em Austin), mas caiu onde costuma ser o melhor: em uma curva para a esquerda. A teoria do Bagnaia é que a turbulência das duas motos à frente aliviaram a frente causando a queda. Isso ainda não foi confirmado, mas Pecco afirma que esta é a dificuldade que ele encontra com a GP24.9 sempre que segue outra moto. A ver…

Mas o domingo foi do irmão caçula, aquele que muitos chamam de “o eterno coadjuvante” de forma muito injusta. A semana do Alex Marquez começou alegre pelo seu aniversário de 29 anos. Na sexta-feira caiu tanto no TL1 quando na Practice, mas terminou ambas as sessões em primeiro lugar, tendo sido o primeiro piloto a fazer uma volta abaixo de 1’36” em Jerez. Seu ritmo de corrida era quase igual ao irmão mais famoso, mas acabou largando em 4°, a primeira vez fora da primeira fila. Tanto na Sprint quando na Corrida foi muito preciso em suas ultrapassagens, deixando o bicampeão da equipe oficial para trás nas duas provas. Ganhou merecidamente, na melhor pista para um piloto espanhol. A mesma onde ganhou sua primeira corrida de Moto2. Tem coisas que parecem escritas por um roteirista de série da Netflix… Merecidamente está liderando o campeonato, mesmo que seja por apenas 1 ponto. Alex chegou merecidamente ao grupo de elite depois de ser campeão na Moto3 e na Moto2. Infelizmente chegou em uma Honda difícil de pilotar e ceifada do seu melhor piloto logo na primeira corrida de 2020. Aliás, Alex Marquez já começou o ano demitido, uma vez anunciada a contratação do Pol Espargaró. Dois anos na LCR com uma Honda cada vez mais capenga quase destruíram a autoestima do garoto, mas ele renasceu na Gresini, onde venceu duas Sprints em 2023. Ano passado sofreu, junto com Bezzecchi e Diggia, os problemas da GP23 com o pneu traseiro 2024, mas desde que meteu a mão nessa obra prima que é a GP24 lá em Barcelona redescobriu sua velocidade e está feliz da vida. Um piloto feliz é um piloto rápido.

Um prêmio também para a Gresini, que tem vencido corridas desde 2022: nove até o momento. É um fato muito positivo para a competição da MotoGP: até há pouco tempo vitórias de equipes satélites eram raras, mas nesta década assistimos a vitórias da Tech3, da Petronas, da LCR, da VR46 e tantas da Pramac, a primeira equipe satélite campeã, em 2023. Hoje vemos o Ogura, da Trackhouse, andando na frente das Aprilias oficiais. Viñales, da Tech3, mostrando aos queridinhos da Red Bull como é possível fazer a RC16 andar. Está sendo um campeonato interessante.

O piloto do dia, eleito pelo povo com muita justiça, foi Fábio El Diablo Quartararo. Em uma pista que ele adora, sem grandes reacelerações, uma reta curta, ele fez valer as qualidades da Yamaha e mascarou seus defeitos. Pilotando MUITO (eu o considero um dos dois melhores pilotos do grid) fez uma pole diabólica. Correu de forma inteligente no domingo e não deu chance ao Bagnaia. Seu único vacilo foi ter sido muito ambicioso no sábado: se tivesse deixado o MM passar tinha tudo pra ganhar uma medalha, mas pilotos campeões não se conformam em correr pra segundo e isso merece ser aplaudido. Hoje ele testou um novo motor de que gostou muito e ficou bem animado para o seu GP, em Le Mans.

Bagnaia, comendo pelas beiradas, colheu 23 pontos no final da semana. Só precisa parar de se queixar do equipamento e tentar contornar seus problemas. Estranhamente deu apenas 27 voltas no teste de hoje e fez o 17° tempo. Infelizmente ainda não encontrei nenhuma explicação.

Morbidelli caiu no domingo, uma imagem que não foi mostrada, e se machucou. Não participou do teste. Diggia deu poucas voltas (25) e foi o 18°.

A Aprilia continua sentindo muita falta do seu número 1, mas a boa notícia é que exames feitos pelo Martin na Espanha mostraram que os pulmões estão recuperados. Bezzecchi foi quem mais rodou nos testes desta 2a, 50 voltas, e fez um bom 6° tempo. Na corrida saiu da pista logo no começo e fez um modesto 14°, enquanto Ogura fez um bom 8°. Raul Fernandez continua tomando um esculacho do japonês e só conseguiu um pontinho no domingo porque o Aleix Espargaró tomou 16 segundos por causa da pressão do pneu dianteiro. Pelo menos hoje o Raul fez 45 voltas e conseguiu seu 1 décimo mais rápido do que o Ai.

Viñales continua liderando o bonde da KTM e fez um ótimo 2° tempo hoje, além de um excelente 4° lugar no domingo, provando que o pódio do Qatar não foi um acaso. Bastianini continua sendo o último, embora tenha andado perto do Binder no teste de hoje. O sexto lugar do sul-africano no domingo teve o doce de ser à frente do Tubarão, mas ambos foram beneficiados por várias quedas.

As Honda andaram mal em Jerez e não fizeram muito progresso hoje. Zarco em 9°, Mir em 15° e Marini em 16°. Tempos de teste não são um indicador muito preciso, mas não parece que trouxeram nada novo e significativo. A Yamaha está dois passos à frente.

Na Moto2, Manuel Gonzalez venceu fácil e retomou o controle do campeonato. Nosso Diogo Moreira correu muito bem, mas acabou perdendo o pódio por causa do desgaste dos pneus. Barry Baltus e Senna Agius completaram o pódio. Canet e Dixon, dois ex-líderes do campeonato, não foram bem, terminando em 8° e 9°.

Na Moto3, Rueda venceu fácil e retomou o controle do campeonato. A repetição é proposital: Gonzalez e Rueda são os favoritos para conquistar o título da sua categoria. Na Moto3, o Rueda ainda tem que lidar com a carne de pescoço chamada Angel Piqueras, que chegou em 2°, mas a briga deve ficar entre eles: os dois únicos vencedores de 2025.

Em duas semanas teremos Le Mans e a única certeza que tenho é que o Formiga virá com sangue nos olhos. Na sua corrida de recuperação de 21° para 12°, mesmo com a carenagem do lado esquerdo destruída, ele era sempre um dos 3 mais rápidos na pista. Só que o Alex também gosta da pista francesa, onde conseguiu seu primeiro pódio no MotoGP, um 2° lugar pela Repsol Honda em 2020.

Esta corrida foi boa. Le Mans será ainda melhor.

Até lá!

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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