Fim de Semana Apimentado

Eu gosto de comida indiana e também gostei muito do circuito de Buddh. Comparado com os mais recentes, Tailândia e Indonésia, me pareceu mais interessante, com subidas, descidas e curvas de vários raios diferentes.

Circuito novo também ajuda os pilotos mais talentosos a diminuirem a eventual limitação de seus equipamentos, portanto pudemos ver Marc Marquez, Quartararo e Mir mais perto da ponta.

A classificação já foi um show à parte, com o Bagnaia tendo dificuldades para acompanhar a velocidade de Bez e Martin. Na sua segunda tentativa as duas Repsol Honda colaram no seu pneu traseiro e arrancaram posicões na 2a fila. Mir, o último dos 3, obtendo sua melhor posição de largada na Honda: 5°, 1 centésimo mais rápido que o companheiro de equipe. Quatro Ducatis nas primeiras posições, Bezzecchi na pole.

A Sprint começou com Bez largando mal e sendo atropelado pelo Marini, que fraturou a clavícula e se juntou ao Alex Marquez, que quebrou 3 costelas em um high side ao final do Q1. Ambos não correram e também ficarão de fora no GP do Japão. Martin largou bem e se mandou. Bagnaia ficou ali no 2° lugar minimizando a perda de pontos. Marquez incrivelmente conseguiu não só manter o ritmo, como melhorá-lo ao longo da sprint, mantendo Binder sob controle. Bez fez uma corrida fantástica de recuperação, rodando meio segundo mais rápido que os líderes. Chegou em 5°, mas se a corrida tivesse mais 2 voltas teria ganhado medalha. Talvez até a de prata. Quartararo fez também uma bela corrida, com um sólido 6°. É desolador ver um sujeito com tanto talento ser ultrapassado por uma GP22 com tanta facilidade. Miller chegou à frente das Aprilias do Viñales e do Raul Fernandez. As motos de Noale não deram nenhum sinal de performance na Índia e a cena mais patética do fim de semana foi quando liberaram o Aleix cedo demais para iniciar o Q2. A moto foi empurrada de volta para os boxes e o catalão deu um piti ridículo, xingando toda a equipe. Desculpou-se mais tarde, mas as imagens ficaram registradas: roupa suja se lava em casa, longe das câmeras. Depois ele caiu na sprint. Alguns mecânicos foram vistos sorrindo… ok, isso eu inventei. 😀 Não morro de amores pela Mafia de Andorra.

Pelo ritmo de sábado era previsível que o Bez ganharia no domingo, o que fez com um pé nas costas. Não houve disputa pela liderança mas a prova foi animada. Primeiro pela batalha entre Martin e Bagnaia pela 2a posição. A Ducati LeNovo estava mais competitiva do que no sábado e o campeão não sossegou enquanto não ultrapassou o Martinator. Para alegria do campeonato, caiu logo em seguida, levando Tardozzi ao desespero. Marquez caiu no início da 6a volta enquanto tentava manter o ritmo das 3 Ducatis que estavam à sua frente, mas voltou pra corrida em 16° rodando no ritmo de Martin e Bagnaia. Até a 18a volta estava rodando em 45s6/45s8, sempre mais rápido que o Quartararo. Perdeu uma ótima oportunidade de pódio. Martin vinha controlando bem a distância para o francês, mas o zíper do seu macacão abriu e ele começou a perder ritmo. Na volta 17 ele conseguiu fechar o zíper, mas perdeu 8 décimos no processo e El Diablo viu a possibilidade de ganhar a posição. Aí o espanhol fez duas voltas no capricho, abriu um pouquinho para entregar tudo na freada da curva 4 da última volta. O francês chegou a passar, mas o Martinator recuperou a posição e fechou o caminho para garantir os 20 pontos e ficar a apenas 13 do líder. Mir, que vinha segurando o Binder com uma certa facilidade, perdeu a frente da moto nas curvas 8/9 da volta 18. Deu uma salvada espetacular, mas cedeu o 4° lugar para o sul-africano e completou o Top5. Quem me decepcionou na rodada foi o Miguel Oliveira, que andou atras do Raul Fernandez. Milagrosamente as 4 Hondas marcaram pontos, com o Bradl conseguindo o 15°, 14 segundos à frente do Pirro.

Na chegada o Martin praticamente desmaiou e o comentarista do MotoGP Simon Crafar levantou a hipotese dele ter parado no box por estar sem a proteção do peito, o que ja puniu o Quartararo no passado. Eles passaram alguns replays do evento, mas eu não vi nada estranho.

A prova da Moto2 foi um festival de porradas, com direito a bandeira vermelha depois que o Jeremy Alcoba derrubou 4 na primeira largada, tirando o Vietti da prova. Arbolino estava liderando a 1a volta, com o pole Dixon em 2° e o Acosta em 3°. Na segunda largada, o Lopez deu uma encostada no Dixon abrindo caminho para o Acosta. Mais tarde na prova Lopez e Dixon se encontraram de novo e o primeiro derrubou os dois. No final deu Acosta, Arbolino e Joe Roberts, em duelo incrivel com Sergio Garcia pela última vaga no pódio. Joe Roberts é bastante irregular. Aliás, eu comecei a acompanhar o campeonato mundial em 1978. De 78 a 93, os americanos ganharam 13 dos 16 títulos: Roberts, Spencer, Lawson, Rainey e Schwantz. Depois Doohan ganhou 5 títulos seguidos e os americanos só ganharam mais duas vezes: Roberts Jr em 2000 e Hayden em 2006. Não sei o que fez os americanos desaparecerem, mas vejam que o Cameron Beaubier, 5 vezes campeão do MotoAmerica, veio para a Moto2, não ganhou nada e… voltou pros EUA.

A Moto3 foi animada como sempre. Nosso Diogo Moreira começou bem, em 3°, mas foi definhando até chegar em 13°. Dizem os comentaristas do MotoGP que ele está sofrendo com arm pump, mas é evidente que ele perde muito nas retas. Masia ganhou com autoridade: é raro um vencedor dessa categoria ganhar com mais de 5s de vantagem. Houve uma disputa sensacional pelos outros lugares no pódio. Sasaki, que está na disputa do campeonato, estava sofrendo com o pneu dianteiro destruido. Aí o Koba e o companheiro de equipe do Sasaki, o holandês Collin Veijer, chegaram junto. Koba querendo o 2°, que tirariam 4 pontos preciosos do Ayumu. Na última volta O Veijer passou o Koba na 8, o que seria o resultado perfeito para a Liqui Moly Husqvarna do Max Biaggi. Bastava o holandês proteger o Sasaki, fazer 36 pontos para a equipe, que ficaria em 1° lugar no campeonato. Só qie o adolescente, que nunca fez um pódio foi ambicioso: começou a disputar o 2° lugar com o companheiro de equipe. Os dois se chocaram, o holandês caiu, Koba agradeceu e fez o 2°, Sasaki fez 3° e deixou na pista 4 pontos que podem ser decisivos. Até entendo que todo piloto tem que ter sede de glórias, mas foi uma burrice imensa. Biaggi precisa dar umas palmadas nesse menino.

WORLDSBK

Raramente escrevo aqui sobre o WSBK, mas é um campeonato de que gosto muito, principalmente porque as motos são mais, digamos, acessíveis. Eu até aturo as asas dos protótipos da MotoGP, mas abomino as suspensões que abaixam. Por mim isso tinha que ser proibido.

WSBK correu em Aragón, uma pista que favorece a Ducati do líder do campeonato: Alvaro Bautista. Só que torcer pelo Bautista é como torcer pelo Botafogo: não importa a vantagem que ele tenha, o torcedor só vai deixar de ter arritmia cardíaca quando o campeonato acabar. Em resumo: na corrida 1, sábado, Bautista caiu sozinho quando liderava com folga. Levantou a moto, saiu passando todo mundo, já tinha um 8° garantido e foi tentar um 7° na última curva da corrida. Caiu de novo e deu 20 pontos de presente pro Toprak.
No domingo ele ganhou a corrida da Superpole e a Corrida 2, recuperando um pouco do quê entregou no sábado (Toprak foi 3° e 2°). Está 47 pontos à frente com duas rodadas para o fim do campeonato, ou seja, 124 pontos em jogo.

Neste proximo fds: Motegi.
Marc Marquez continuará na Honda ou irá para a Gresini? A ver.

Até lá!

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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