Semana passada passei um sufoco com a Ducati. A borracha do acelerador estava escorregando do plástico, o acelerador em si, fazendo com que eu tivesse que esmagar o punho para conseguir acelerar. Todos sabemos, é um problema simples, mas horrível de usar a moto, pois o acelerador fica muito estranho e a mão logo doendo, porque faz muita força.
Fui lá no Betão na Teknopoint, onde o Duda usou o “velho” expediente de amarrar a borracha com arame, até eu conseguir trocar todas as peças.
Imediatamente lembrei de uma corrida do Pré-Mundial de Motocross em Nova Lima, quando fomos apresentados a este problema. O saudoso Luiz Augusto da também saudosa revenda Yamaha carioca Mar&Moto, trouxe duas YZ125N para que o Keith Bowen e Franco Picco as pilotassem na prova. Entusiasta e maluco por Yamahas e Motocross, a Mar&Moto era a patrocinadora do multicampeão carioca Márcio Campos. Através do meu super brother e também saudoso Baiano, de certa forma, através de sua lista de penduras que eu ia quitando quando dava, a Mar&Moto quase que me patrocinava também. Que saudade da época e dos amigos.
Pois bem, motos prontas na pista e o Keith Bowen sai para treinar. Dá umas 3 voltas e volta com o punho completamente torcido, enroscado no guidão. Nós nunca tínhamos visto nada parecido aqui em terras brasilis. Era uma época muito antes de Internet, as informações simplesmente não chegavam, nós não víamos nada, não sabíamos de nada e o Rodney e o Kenny só chegariam ao Brasil depois! Enfim, vimos com os nossos próprios olhos que mesmo os nossos melhores campeões, não aceleravam porra nenhuma. O Keith metia a mão, pqp.
Antigamente batíamos muito menos fotos… uma pena.
Meio sem saber como resolver a parada, o Keith ensinou ao saudoso mecânico Marcha Lenta (puta merda, como morreu gente!!!) a amarrar o punho com este arame e daí para frente todos nós, hahahahahahaha, começamos a amarrar os nossos punhos, mesmo que não tivéssemos 1/5 da aceleração dos gringos. Estas Yamahas depois foram vendidas aqui no Rio… a do Keith acho que foi para o Eduardo, e a do Franco eu não lembro. Alguém me ajude. Mais uma corrida na mão dos gringos elas iriam para o lixo, tamanho o pau que eles eram capazes. Mas aqui na mão dos cariocas elas duraram mais uns 5 anos correndo.
Erámos muito lentos. Digo isso lembrando de Morongo, Paraguaio, Paraibinha e outros pilotos neste nível. No ano seguinte, já na prova onde Pekka Vehkonen foi campeão do mundo com sua Cagiva, eu me lembro de estar na pista bem perto de Moronguinho e Paraguaio no cantinho, afundados no intervalo entre duas Mega Costelas tão altas que eles quase sumiam no buraco. Era um obstáculo inédito para eles, nunca tínhamos visto algo assim nas pistas tupiniquins. Estavam ali olhando de boca aberta como é que os gringos encaixavam elas, pois um erro ali quebraria a moto e o piloto todo. Lembro-me da cara de incredulidade deles nas primeiras passadas dos pilotos do mundial.
Também não esqueço do primeiro treino em que vi Rodney Smith e Kenny Keylon andando. O susto que eu levei quando os vi decolando em altíssima velocidade e pousando com a roda dianteira primeiro… Aqui andávamos na escola de Heikki Mikkola! Hahahaha, pousávamos sempre com a roda de trás primeiro. Mas as motos já estavam sendo construídas para este “novo” tipo de pilotagem já tinham alguns anos, e as novas e grossas suspensões dianteiras tiravam de letra a porrada. Era muito melhor, mas rápido e mais moderno.
Kenny e Rodney também são invenções de Luiz Augusto e Márcio Campos, aos quem devemos muito do avanço e atualização do nosso Motocross nos anos 80. Devemos a mais gente, como por exemplo o Pedro Faus, que logo depois também fez muito pelo nosso MX.
É isso, quis deixar isso registrado. Feliz 2025 para todos nós.