E vive la France… pela primeira vez desde 1954 dois pilotos franceses subiram juntos no pódio.
A segunda corrida em Doha foi praticamente idêntica à primeira: uma Yamaha venceu, seguida de duas Ducatis, uma Suzuki e uma Yamaha. Só trocaram os nomes dos pilotos, exceto Zarco, que sai do Qatar líder do campeonato.
É interessante ver como sempre que acontece duas provas seguidas no mesmo circuito os tempos tendem a ser mais rápidos. E este ano as motos já chegaram mais rápidas do que nos anos anteriores.
2021 2ª prova Quartararo em 42’23.997 10º +5.382 15º +8.928
2021 1ª prova Viñales em 42’28.663 10º +9.282 15º +16.422
2019 Dovizioso em 42’36.902 10º +9.636 15º +15.093
2018 Dovizioso em 42’34.654 10º +14.594 15º +23.287
Ou seja, exceto o Rossi, todos foram mais rápidos no último domingo.
O piloto do momento é o Jorge Martin, que é fenômeno desde os tempos do Moto 3. Sempre foi um leão de pole positions, tendo feito 11 poles em 19 corridas quando foi campeão de Moto 3, e outras 9 no ano anterior, de estréia. A sua liderança por quase toda a corrida é elogiável, mas há que se levar em consideração que o Zarco o protegeu na maior parte do tempo. Ainda assim, uma pole e um pódio na sua segunda corrida já o colocam na pequena lista dos gênios.
O fim de semana começou com uma aliviada do Morbidelli, que tinha dado uma canelada na Yamaha depois dos problemas ocorridos na primeira prova. No final ele correu domingo em 24s a menos, o que dá mais de 1s por volta. Em Portimão saberemos se o seu pacote está no mesmo nível de 2020.
Pra mim o grande derrotado desse ciclo do Qatar foi o Miller, que andou muito bem na pré-temporada, mas vai para o Algarve como a pior das quatro Ducatis 2021: com a cabeça-quente e um suposto arm pump. Talvez seja operado. A ver.
Como equipe, nenhuma está mais desmoralizada que a Honda. É muito investimento para pouco resultado. Os mecânicos da LCR são os sujeitos que mais trabalham do paddock: não há um treino que termine sem uma moto da equipe semidestruída. Estão todos rezando pela volta do Marc Márquez, que será decidida no dia 12 de abril.
A prova da Moto 2 foi bastante similar à anterior. Sam Lowes e Remy Gardner, que pararam de cair, repetindo o 1-2, Raul Fernandez e Marco Bezzecchi ali no top 5. Há ótimos pilotos nessa categoria, com pegas excelentes, mas a experiência do Aki Ajo, da Marc VDS, e da SKY Racing faz a diferença.
A corrida da Moto 3 ficará na história pela vitória excepcional do rookie Pedro Acosta, largando do pit lane. O fato é que essa categoria é um pega pra capar a cada curva, o que diminui o ritmo de prova. O grupinho que partiu do pit lane rodava mais de meio segundo mais rápido do que o grupo líder, apenas por evitar a troca de posições. Deu-se o famoso “vem comigo”, quando o sujeito que está na frente sinaliza que é melhor andarem rápido juntos. Isso não tira o mérito do moleque de 16 anos, campeão da Red Bull Cup com 8 vitórias nas primeiras 8 corridas do ano passado, que já fez um 2º e um 1º e lidera o campeonato 9 pontos à frente do Darryn Binder.
Estou curioso para a prova do Portimão, principalmente para verificar o desempenho das Suzukis, que não foram tão bem no ano passado, embora o circuito aparentemente seja propício para o seu chassi. Também será a prova de fogo das KTMs, que terminaram o ano em alta e começaram 2021 andando no fundo do pelotão.
Até lá!