Rogerio Marques, também conhecido por “Maluquinho” ou “Colatina”, dependendo de onde estava, foi criado em Laranjeiras o berço da Motovelocidade Carioca, (não me pergunte o porquê!?), faleceu aos 68 anos, acho que ontem 20/12/24.
Então, agora à noite me perguntaram se eu sabia algo a respeito, a minha galera de Barra do Piraí, cidade em que morei, e onde Rogério Marques também morou nos anos 70. Lá ele era conhecido por Colatina. Acho que veio pra cidade vindo de Colatina ES.
Na minha adolescência eu cresci entre o Rio de janeiro, Itacuruçá e Barra do Piraí. Meu então sogro, (o que está senil com 82 anos), foi praticante de MX, eu lamentavelmente peguei ele no fim de carreira, entao, eu vivia escutando ele falar sobre um tal de Chaveta e outro tal de Colatina, eram as referências deste meu sogro. E em Barra do Piraí ele era a referência quando se falava em perícia/maluquice com motos. Amadureci escutando as façanhas dele, que em Barra eram muitas: saía da oficina de nosso amigo, o Galo Cego, Gutinho, numa RD350 só na roda traseira e sumia de vista assim, iniciou no motociclismo esportivo na terra, no MX Carioca, mas foi no asfalto que ganhou a fama e o apelido de Maluquinho, cabeludo, cabelo que saía pelo capacete, no melhor estilo Jacaré, piloto paulista rebelde e muito competente dos anos 70, morto precocemente num acidente na rua. Mas como o apelido sugere, caía bastante, era mais rápido que o piloto da época, Jorge Miranda, mas na regularidade o português levava a melhor.
Diz a lenda que certa vez no autódromo de Jacarepaguá, eles andavam na categoria 350 com as especiais TZ e TR. Ele largou na ponta e sumiu, querendo dar uma volta no português, e acabou caindo e quebrando a clavícula. Já no helicóptero sendo levado ao hospital, na companhia do meu compadre médico Paulo Annichinno, ele viu um giz na luva do Maluquinho, que explicou que ia dar uma riscada nele (Miranda) quando estivesse dando uma volta em cima. Assim diz a lenda, se e real ou não, é coisa de maluco, e eu não duvido 100% disso.
Mas os anos se passaram e eu nunca o conheci, até que meados dos anos 90, durante uma prova de enduro no Hotel Arvoredo, depois da prova um “coroa” veio me procurar e puxou papo sobre corridas. Ele era cunhado de um piloto de Volta Redonda, conhecido como Piloto Brasileiro, não vou citar nomes reais aqui, quem é da época vai me entender, vai que o Luciano me segue e eu nem sei, kkkk .
Foi aí que me dei conta de que estava falando com a LENDA, o Colatina. Claro que prestei minhas deferências a ele, e acabamos nos conhecendo. Como ele vez por outra aparecia na oficina eu o encontrava, num deste dias, ou melhor, numa noite chuvosa, eu já havia voltado pro Rio, estava numa KZ1R que pulava a terceira marcha, e ele pediu pra dar uma volta. Chovia fino, dei aquela afinada, mas não iria negar isso a ele, que saiu já patinando no paralelo molhado deitou acentuadamente na esquina e…. e voltou sem problema. Ali vi que o cara mesmo velho, tinha o Dom. Nos encontramos algumas outras dezenas de vezes sempre na oficina, me deu uns toques quando migrei para o asfalto e estava preparando as motos lá, falou que morria de vontade de andar num autódromo, chegamos a marcar quando tivesse um trackday, o que nunca aconteceu porque ele estava morando numa fazenda em Rio Preto MG, ruim de falar.
Se passaram anos, eu aposentado das provas foi que e em 2023, no encontro de veteranos da Fazenda Santa Rosa dos Paim, estive pela última vez com ele, falei que queria marcar um entrevista pro canal, ficamos de marcar…. ou seja, não vai rolar, como diria meu velho pai, o Sr. Armando, uma das muitas coisas chatas de se ficar velho, e ver cada vez mais pessoas que vc conhece morrer…. A tal da finitude, descanse em Paz Colatina.