Mais uma vítima dos novos tempos…

DESCULPEM-ME, É UM TEXTO VELHO DE 2017. EU NÃO REPAREI, NÃO SEI COMO EU NÃO OLHEI A DATA, E RECEBI ESTE TEXTO HOJE. SÓ 5 ANOS ATRASADO…

DESCULPEM-ME. O ANDRÉ BERTRAND ME ALERTOU AGORA.

Mas fica o desabafo, meu texto é o mesmo.

 

Acordei hoje e recebi a notícia de que a veneranda revista Moto!, editada pelo também venerando jornalista Roberto Agresti, fechou o seu ciclo.

Leiam aqui uma reportagem onde ele fala coisas muito certeiras sobre o assunto e sobre a carreira de sua revista:

https://www.portaldosjornalistas.com.br/revista-moto-roberto-agresti-encerra-atividades/

É uma pena, mas é um sinal dos “novos” tempos.

Tem coisas que são esquisitas de entender. Nos anos de 1980, o mercado brasileiro de motos era uma fração do que é hoje. Não se vendiam 200 mil motos por ano, hoje vende-se 2 milhões. E neste mercado que era um décimo do atual, quando eu era um jovem piloto de MX, tínhamos aqui na cidade, por exemplo, várias revendas Yamaha com equipes oficiais de MX e Motovelocidade. Mar&Moto, Yamamoto, Ponto Yamaha, Moto Mundi,Distac. As revistas bombavam e era um ambiente bacana onde as coisas aconteciam. Tínhamos a Motoshow com Gabriel Hochet, com o Marc Pétrier.. era outro nível.

Hoje, em um mercado 10x maior, tudo é a maior dificuldade, não há dinheiro, não há equipes, as revista fechando, não há nada. Não só no Brasil, no mundo inteiro há uma dificuldade imensa com o mercado editorial no setor de motociclismo.

Depois de criar minha coluna no site do RioGP, criei o Motozoo® logo após o encerramento dele. Na época não pensei em fazer disso um negócio, apenas atendi ao pedido de meus leitores para continuar escrevendo sobre as corridas. Como tinha facilidade de fazer sites, fiz o Motozoo® para isso. E já tem 17 anos.

Um amigo meu fez cursos de marketing digital, é leitor e perguntou: “Vamos agitar o Motozoo® e fazer dele um negócio?”. Claro! Disse eu, vumbora. Mas aí ele me fez uma única pergunta que inviabilizou suas idéias: “Mário, vc escreve para os seus leitores ou escreve prá você?”

Pronto, babou. Eu escrevo para mim, do jeito que eu quero, do jeito que eu acho legal. E como o jornalista Roberto Agresti diz em sua entrevista acima, isso mudou muito. Os leitores e os anunciantes de hoje em dia não se interessam muito por um texto de boa qualidade. Vivemos um mundo de quantidades e não um mundo de qualidades.

Tenho certeza absoluta de que se eu colocar um macaco pulando em cima de uma moto, vai dar muito mais views e curtidas do que um bom texto. Tenho certeza absoluta de que se eu colocar uma mulher linda de biquini em cima de uma moto, vai dar milhares de views e curtidas e comentários.

Tenho certeza absoluta de que eu nunca vou fazer isso.

De boas intenções o Caetano Veloso e o mundo estão cheios, mas o assunto morreu. Quem não se adaptar e começar a fazer porcarias, quem não apostar na quantidade x qualidade, está fadado a fechar. Simples assim. E os anunciantes não estão nem aí, eles querem números, e só.

O Motozoo® não morre porque não gasto papel, não gasto com equipe, é um investimento minúsculo e eu adoro escrever sobre corridas, motos, assuntos do meio. Estou longe de encher o saco, então, acho que vai até eu conseguir teclar.

O Roberto Agresti não é meu amigo, é conhecido, nos encontrávamos de vez em quando nos prêmios e eventos que rolavam com mais frequência. Com o advento do Zoom e da pandemia, estes eventos foram drasticamente reduzidos e duvido que o financeiro das fábricas deixe voltar ao que era antes.

Esta é uma diferença importante, hoje os financeiros mandam em tudo, e gastar é palavrão. Todo o dinheiro tem que ir para o lucro. Até o seu. Se algum cliente percebe que você está lucrando, ele quer desconto, ele quer que você não ganhe, para que ele ganhe mais. Além do baixo nível geral de tudo, temos mais este problema para enfrentar.

Parabéns Roberto, fizeste um grande trabalho. Sucesso em suas novas atividades e vamos em frente.

 

Anuncie no Motozoo® https://www.motozoo.com.br/anuncie-no-motozoo/

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestras em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

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