Meu Deuso!!!

Que corridasso tivemos hoje na Alemanha! Muitas ultrapassagens, brigas boas na pista, tempo bom, muitas alternativas!

Depois da corrida de ontem, onde eu disse que as coisas estavam voltando ao normal, hoje, apesar do resultado previsto ontem, foi mais complicado.

Pecco não largou bem como ontem, mas veio ultrapassando todos e quando chegou na ponta, pensei que ele iria sumir em primeiro com a sua GP24 bem acertadinha, uma marca registrada dele e da Ducati Corse. Mas não foi o que aconteceu… Martinator reagiu, espremeu Pecco, tomou a ponta e abriu um pouco. Logo depois, Franco Morbidelli, acordando de um longo sono, veio passando geral, colou no Pecco e passou também, abrindo um pouquinho. Pecco chegou a ficar na mira do Alex Marquez, que fez excelente corrida, e juro que não pensei em estratégia. Pensei que ele e sua moto estavam com dificuldades para manter o ritmo. Como ele não estava coladão no Franco, nem pensei em temperatura de pneus nem nada, pensei em falta de ritmo mesmo.

Talvez nunca saberemos se foi um momento mental, se foi estratégia, se foi um momento da moto, mas o fato é que de uma hora para outra Pecco Bagnaia grudou no Franco, passou e partiu no encalço do Jorge Martin.

Jorge Martin deve ter tido apenas um ou dois minutos de descanso na ponta, porque Franco em seu melhor momento meteu pressão, ainda que de longe, e depois Pecco veio pressionando fortemente. Estes caras não duelam apenas quando estão pertinho uns dos outros, eles duelam de longe também, no cronômetro. Pecco começou a meter pressão no Martinator, que reagiu bem, acelerou seu ritmo e estava mais ou menos controlando este ataque quando… caiu na ponta, faltando apenas 3 voltas para o fim da prova. Eu ia escrever “caiu sozinho”, mas não foi né? Ele caiu porque estava tendo que dar tudo para se defender dos bons tempos que Pecco estava fazendo na pista. Pecco chegou inteirão no final da prova, o que talvez explique ele ter andando em terceiro durante um tempo… economizando pneus e moto? Será?

O resultado é que Pecco venceu brilhantemente e no seu estilo, o de vir melhorando dia a dia até se apresentar fortíssimo no domingo. E ele sabe o que é isso, pois também já caiu na última volta, liderando. Acontece e não vou crucificar o Martinator por isso. Já aconteceu com Pecco, com MM, com todos os pilotos que andam na ponta, porque para ganhar, tem que acelerar muito mesmo. Já aconteceu mais vezes com o Jorge Martin do que com outros? Aí não sei, tem que consultar os almanaques. Jorge Martin tem que ir para o break de cabeça em pé e se acertar para a segunda metade do campeonato. São apenas 10 pontos de diferença e ele continua sem dúvidas a ser o piloto mais rápido na pista hoje em dia.

Sobre Pecco não há mais muito o que falar. Tornou-se o maior vencedor com a Ducati no MotoGP, passando Casey Stoner, vai acumulando recordes e vacilando pouco. Provavelmente será tricampeão do mundo a cada corrida está mais seguro e solto no relacionamento com todos. Sobre ele, por conta de sua personalidade e estilo de pilotagem, pairava um estigma de ser um piloto mediano que aproveitou-se de ter a melhor moto na mão. Isto mudou, todos já vêem Francesco Bagnaia com o maior respeito do mundo e já o colocaram no panteão junto com os grande campeões do passado. Seus resultados fizeram isso.

Seguindo a ordem do pódium, vou falar da corrida do Marc Marquez, que foi sensacional. Após um começo miserável, com a moto abaixo do potencial, com tombos que machucaram, largando de décimo terceiro, Marc Marquez perdeu sua invencibilidade no circuito chegando “apenas” em segundo. Na Sprint Race ele já andou muito bem, fosse a corrida maior ele chegaria um pouco melhor. Hoje fez de novo, largou muito bem, passando já as primeiras curvas em nono e queimando o macacão na ultrapassagem sobre o Brad Binder. Meteu a coxa no pneu da KTM, coisa cascuda. Depois veio passando geral até chegar no Franco Morbidelli. Franco errou um tico, abriu, ele meteu por dentro e Franco voltou com tudo. Estas motos não tem espelho retrovisor e ao contrário do que pensam alguns, eu penso que não tem que respeitar o “amigo” neste tipo de manobra. Se na manobra de voltar de uma escapada a linha for limpa, lisa, sem quebrada, e de mão no fundo, o piloto tem que voltar com tudo mesmo e o outro que segure o rojão. Se não der caem os dois, cai um, mas é da corrida. Se parar para pensar que “talvez” minha linha dificulte o piloto que vem de trás, é ultrapassado por uns 5, de modo que acho que Franco fez o certo. Mas MM segurou o rojão! Quebrou a carenagem no processo e ficou ainda mais rápido. Isso acontece, eu fui piloto e quem é ou foi piloto sabe que passar por uma experiência de quase tombo libera um controle maior da moto, quase um superpoder, porque vc estende o envelope de percepção do controle da moto. Foi o que aconteceu, MM voltou possuído e veio com tudo, passando Franco e depois o seu irmão. Herdou o segundo lugar com a queda do Martin, mas foi a única posição herdada em sua ascenção do décimo terceiro para o segundo lugar. O bicho é brabo e, podemos dizer que quase ganhou a corrida, pois foi segundo.

Alex Marquez fez uma boa corrida para comemorar a renovação de seu contrato com a Gresini. Ele é bicampeão do mundo, corre muito, quando tem um moto acertada se apresenta bem, é leal, aguerrido, mas leva couro do irmão, isso é fato. MM sempre andou mais do que ele e não seria hoje que isso iria mudar.

Na sequência chegou La Bestia, que também usualmente anda melhor no final da prova. Ele precisa melhorar isso. Não falta agressividade, ele é bom de ultrapassagens, mas o seu conjunto não funciona bem de tanque cheio e pneus novos. Ele parece não se sentir tão à vontade no início das provas e demora até botar carga… precisa melhorar isso. Franco Morbidelli chegou apenas em quinto, após ter andando em segundo e até pressionado o Jorge Martin. Não sei se acabou o pulmão, se acabaram os pneus, se faltou ritmo de andar na ponta, mas o fato é que, apesar de ser uma boa posição, podia ter sido muito melhor. Mas para ele foi ótimo, pois ele precisa definir seu futuro no MotoGP.

Normalmente não vou até o sexto colocado, mas abrirei a exceção para o Miguelito Oliveira. As Aprilias treinaram ótimamente para largar da primeira fila, mas obviamente não avançaram durante o fim de semana para o nível que as Ducatis alcançaram. Largou bem, começou feroz, brigando por cada centímetro da pista. A Aprilia é boa de reta também, já foi o tempo em que a Ducati esperava a reta para passar voando… com a Aprilia isso não funciona. Mas com o andar da prova ele foi perdendo posições até chegar, brigando muito, em sexto. Chegou bem, andou entre os ponteiros, mostrou-se competitivo em um momento crucial, onde se escolhem os pilotos do troca troca para 2025.

Depois é digno de nota que a primeira KTM chegou em sétimo, novamente Pedro Acosta, mas nem mostraram ele na prova, apagado, mas andou bem mais do que Binder, que teoricamente seria a melhor KTM. Não é mais, e tem tempo. Na Copa Japão Quartararo novamente venceu chegando em décimo primeiro e a primeira Honda foi Nakagami, em décimo quinto. Por milésimos Luca Marini não conseguiu o seu primeiro ponto no campeonato. Patético isso. Remy Gardner chegou em último levando mais de um segundo por volta e o campeão Joan Mir em penúltimo, talvez pensando em não estragar suas férias com mais um estabaco.

Na bandeirada vimos Keanu Reeves, o que deixou minha namorada Chris aos berros aqui. Ela é fã do Pecco e do Keanu, êxtase. Keanu Reeves adora o motociclismo, tem uma fábrica de motos, a Arch, tem uma coleção de motos, e é um ducatisti!

Agora vamos ao segundo break da temporada, porque já tivemos um né? Para a segunda metade podemos esperar um Pecco ainda mais dominante por vários motivos. A Ducati vai melhorar a GP24 e ele é o líder da evolução, a moto evolui para ele. Ele precisa se encher de moral na equipe, porque ano que vem o osso a roer será MM. Martinator virá com tudo, tem pouco a perder em sua despedida da Ducati sua arma é a velocidade na pista.

Parabéns Pecco, Ducati Corse, irmãos Marquez e Gresini, foi uma bela corrida. Como disse Luis Acosta, Ducati venceu em casa, porque sabemos né? A Ducati é da Audi. Na Alemanha, tá em casa!

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestras em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

Deixe seu comentário!

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.