Meninos, esta coisa de ver corrida de madrugada é duro… botei o despertador para as 2:30 da madrugada e rezei para ter disposição para acordar e ver a corrida. Já aconteceu antes deu não conseguir. Mas consegui!!!
Motegi é uma corrida muito especial para mim e todos os brasileiros. Vinte anos atrás Alex Barros venceu ali um duelo contra Valentino Rossi que foi provavelmente a maior alegria esportiva da minha vida. Maior do que ganhar copas do mundo de futebol. No GP do Pacífico, pois na época o GP do Japão era em Suzuka, a Honda deu uma RCV211 ao Barros. Rossi estava negociando em termos duros com a Honda a renovação de seu contrato, do alto de um título conquistado com 4 corridas de antecedência. A Honda, meio que para provar ao Rossi que na verdade o título de 2002 foi moleza, tamanha a superioridade da nova Honda 5 cilindros, liberou uma RCV, protótipo 1, que ficava no Japão para testes, para a equipe Pons, onde corriam Barros e Capirossi. Como Capirossi já estava comprometido com a Ducati para 2003, a Honda decidiu que a moto andaria com Barros. Rossi corria com uma moto melhor, o protótipo 3, já com os desenvolvimentos da temporada. Pois bem… Alex Barros simplesmente estreou vencendo Valentino Rossi, em uma corrida inesquecível. Não foi a primeira vitória de Barros e até todas as pedrinhas de todos os circuitos sabiam que o caboclo era rápido, mas esta vitória, e a vitória no “mundialito” de 2002 foi uma coisa inesperada e sensacional, e que teve desdobramentos para 2003 e 2004. Eu pulava como um macaco, acho que nunca fiquei tão feliz com um resultado de corrida.
Bem, voltando a 2022… corrida tensa do início ao fim. Mesmo antes da largada, pela situação dos pontos. Fabio Quartararo e sua raquítica Yamaha estavam com uma vantagem de apenas 10 pontos, em uma pista em que as Ducatis voam. Existia a perspectiva de ele inclusive perder a liderança do campeonato já hoje.
Os treinos foram diferentes, por questões de logística, viajar para o Japão é difícil e demorado. Depois choveu, enfim, deu uma nublada geral e ficou mais difícil de fazer previsões.
Para piorar, Marc Marquez voltou, e aí o imprevisível volta a atuar com força. E voltou fazendo logo o impossível, que é colocar a Repsol Honda na pole position. Ele é inacreditável… é tão melhor do que os outros e dá repetidas provas disso. Vê-lo disputando a pole na chuva, suas linhas, sua forma de pilotar, é pura magia. Tem muita gente, especialmente as viúvas de Valentino Rossi, que detestam MM. Podem detestar à vontade, mas o cara é de outro mundo.
Treino é treino e corrida é corrida. Da pole Marc Marquez fez uma largada conservadora e não brigou pela ponta na primeira curva. Depois da cagada da última corrida, com todos os presidentes da Honda presentes na pista, após já dar show e largar da pole, MM parece que preferiu ser mais conservador, até porque no seco seus problemas seriam maiores e ele não está ainda 100%. Foi ultrapassado pelo Binder, Martin e Jack Miller.
Jack Miller treinou muito bem no primeiro treino livre e tinha ritmo. Também ele parece estar correndo melhor e mais solto depois que livrou-se da pressão na Ducati, sai no final do ano para a KTM. Foi para a ponta, não errou nada, meteu o cacete e abriu muito do segundo colocado, que foi o Martinator até quase o final, quando a KTM do Binder deu um bote certeiro e pegou o segundo lugar. Excelente corrida da KTM, pois Miguelito também andou muito bem.
O campeão Quartararo foi o sortudo do dia. Já na largada seu adversário Aleix Esparagaró teve problemas e largou do box para chegar em décimo sexto e fora dos pontos. Bagnaia estava em um dia ruim, largou de trás como ele, não teve ritmo para evoluir. Correram ali os três, El Diablo, La Bestia e Pecco, juntos na maior tensão. Fabinho nitidamente pendurado na M1, podendo cair a qualquer momento. Mas quem caiu foi Pecco, na última volta, após dar tudo para passar o Enea e depois tentar dar tudo e mais um pouco para tentar passar o Fabinho. Não deu, não tinha moto para isso, forçou demais, caiu sozinho e por sorte não levou o Enea com ele. Foi muito prejuízo pela perspectiva de ganhar apenas 1 ponto, mas não está errado não, tentou, brigou e como a luta era apenas pelo oitavo lugar, Fabio também não marcou muitos pontos. Está na briga e está bonito ver que os pilotos estão dando tudo, que não tem ordem de equipe e que o campeonato está tenso e aberto.
Resultado inesperado e bonito. Miller merece e mereceu a vitória, Binder tem andado muito e um pódium caiu bem. Martin feliz com o seu pódium, também precisava, pois estava meio por baixo na sua briga contra o Enea Bastianini. Marc Marquez em quarto é excelente, ainda mais que percebe-se que ele correu economizando-se. Miguel bem em quinto, Marini muito bem em sexto, Vinãles em sétimo e o campeão Quartararo em oitavo.
Não se esperava mais das Yamahas de Morbidelli e Cruthlow, mas sempre se espera mais de Zarco e Bastianini. Ficaram devendo.
Muito boa corrida, vimos que tudo pode acontecer nestas corridas que faltam. Na penúltima corrida Quartararo estampou a traseira e o Marc e saiu na primeira volta, marcando zero pontos. Hoje Pecco caiu na última volta marcando zero pontos. A diferença é que Pecco marcou 20 pontos e Quartararo apenas 8.
O bicho tá pegando!!!!