Pecco e Ducati. Só deu Itália na Itália

Procurei na Internet um motivo para a homenagem que o Pecco Bagnaia fez ao grupo de rock Kiss e não achei nada assim de substancial. Ele não é rockeiro, não tem uma banda de rock e o Kiss é velho para ele. Achei até isso aqui ó, 10 coisas que você provavelmente não sabe sobre Francesco Bagnaia… e não fala de rock.

Ele usou um capacete especial com um grafismo preto e branco que remete a maquiagem do Kiss e atrás o nome de uma de suas músicas mais famosas, Rock in Roll All Nite. Sendo assim, eu imagino que o seu departamento de marketing escolheu o tema porque é legal, porque deu boas fotos no final e porque 90% dos títulos das reportagens vem dizendo que Pecco Rock in Roll em Mugello. Mas foi isso que ele fez ontem e hoje, botou prá quebrar.

Conforme o ano vai passando a equipe vai domando a Desmosedici GP24 com mais facilidade, e a moto vai evoluindo. Vai ficando progressivamente mais difícil pegar elas. No início do ano as GP23 tinham a vantagem de serem mais conhecidas, de terem os dados das pistas que irão enfrentar, mas é o que eu disse, com o tempo a GP24 evoluí, e seus técnicos também. Pecco treinou bem todos os dias acho eu, algo que não tem sido o mais comum. Correndo em casa, em uma pista em que ele já ganhou nos dois últimos anos, era natural que ele tivesse um algo mais. E tinha, nadou de braçada ontem e hoje.

Hoje largou novamente muito bem, botou por fora, depois por dentro e já na segunda curva assumiu a ponta. E de lá, com os pneus fresquinhos recebendo ventinho, sem se preocupar com o ataque próximo de ninguém, Pecco fez sua corrida controlando Martinator. Jorge Martin apertava um pouco? Pecco respondia apertando também. Estes pilotos são o pináculo da técnica e eles tem o controle da volta no décimo de segundo, sempre foi assim, é impressionante o jogo mental e técnico que eles colocam na pista. Dão recados uns para os outros… tipo… vou dar três voltas seguidas em .3 para este desgraçado ver que tou andando fácil e desista. Se o outro der também, ele sobe mais um, dando duas votas em .2 e espera prá ver se o outro consegue. Não gastam borracha à toa… vão indo e medindo. Como diria meu pai… “é de lascar”. Pecco firma-se como um bicampeão excepcional.

Não fosse a subida fulminante do La Bestia no final, a corrida poderia ter sido considerada até chata, pois ficaram ali Pecco -> Martin -> Bastianini -> MM andando sem se atacarem. La Bestia disse na entrevista do parc fermé que estava meio sonolento até ser acordado pelo MM. Pois é, Marc Márquez deu uma freada do tipo masterclass no final do retão e passou La Bestia, que aí acordou, deu um lindo troco no miolo e animado, viu que podia chegar no Martinator e chegou, na última curva da última volta. Ficaria mais legal se ele desse um totó nele e o colocasse para fora da pista, igual o Martin fez com ele ontem.

Imaginem se este toque fosse dado pelo Marc Márquez… as enfermeiras do Rossi estariam pedindo o banimento do “sujo” do MM do sistema solar. Ridículos. Como foi o Martinator, nem uma palavra, “coisa de corrida”. La Bestia se vingou legal, tirando importante pontinhos. E também, ele está queimado com a direção de prova, depois de se recusar a cumprir a punição na penúltima corrida.

Bastianini fez uma ótima corrida, assim como Jorge Martin e Marc Márquez, que desta vez não foi ao pódium mas novamente foi o melhor longe com a GP23 e na sua frente só chegaram as 24. Não pode reclamar.

Mais atrás podemos comentar a boa corrida do Pedro Acosta, definitivamente o piloto para quem a KTM irá trabalhar. Ele, e não mais Brad Binder, é que vai dizer onde a moto está em desempenho. Para ele irá trabalhar a KTM. Também digno de nota foi a melhora de Franco Morbidelli, que começou o ano meio atrasado na moto por conta de seu acidente nos treinos, mas que parece estar se acertando com a moto. Uma pena que apenas um milagre salve seu lugar na Pramac para o ano que vem.

As 4 voltas finais salvaram o GP. Parabéns pela dobradinha da Ducati Corse Azzurra!!! E que venha a Catedral, Assen.

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

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