Meus camaradas,
Escrevo para contar que outro dia tive a oportunidade de pilotar uma MV Agusta 1090R, algo que nunca quis muito e que até rebarbei várias vezes.
E porque eu não me empolgava com ela?
Primeiro, eu não sou o maior fã dos motores de 4 cilindros. Acho o som lindo, é bacana ele não vibrar, são fortes. Mas tenho minhas manias e cismas. Acho que o som deles é hipnótico, um canto de sereia, sempre chamando para os altos giros, as altas velocidades. Sempre, o tempo todo tentando para o perigo desnecessário.
A maioria dos donos de motos tetracilindricas não pode ver uma reta, afundam a mão para ouvir e sentir o motor gritar, pois nas baixas rotações eles não tem tanta graça.
Além disso, achava que motos naked tão potentes não servem para muita coisa, porque sem a proteção aerodinâmica fica muito chato andar em altas velocidades, um desperdício de potência. Para piorar, o Leo, dono da MV, trocou uma amada Ducati Hypermotard vermelha, linda, nesta MV preto fosca e discreta.
Lançadas em 2006, desde então construíram Brutales 750, 910, 990, 1078, 1090. E agora ainda tem as novas 675 e 800, mas estas são outra moto, são 3 cilindros e só dividem o nome.
Voltemos para a 1090R. Oferecido o “ride” , desta vez topei e não me arrependi. Na verdade me surpreendi com todas as características da moto. Geralmente não preciso de muito espaço ou kms para avaliar o básico de uma moto, mas desta vez o trajeto foi perfeito, a descida de Mury até Cachoeira de Macacu, cheio de curvas, pequenas retas, asfalto ótimo.
Pelo começo… a moto preta fosca, com detalhes em preto, não chama a atenção. Derivada da F4, uma moto desenhada por Tamburini, tem diversas peças exclusivas para ela, como os reservatórios de freio e embreagem curvos, as grossíssimas bengalas da suspensão dianteira, as rodas… A moto tem um nível de qualidade de construção altíssimo, só peças boas.
O motor, que começou anêmico nas F4 com 750 cc, teve a fluxometria realizada com a ajuda da Ferrari, e tem uma base tão boa que vem sendo atualizado, aumentado em cilindrada e sempre se consegue tirar mais potência dele. Incrível a longevidade do projeto. E agora entrou a eletrônica, esta R tem diferentes ride modes, embora eu só tenha usado um, o Sport.
Ao subir, ela tem a traseira alta, como a RSV4, como a Panigale, é difícil até de manusear o descanso lateral (tenho 1.74m). Engatei a primeira e antes de colocar a terceira, já estava completamente em casa. Motos naked são assim, não intimidam. Quando perfeitas então, te deixam totalmente a vontade.
O motor não é aflito, não fica pedindo giros, tem um ronquinho e um torque em baixa que julguei inesperados para uma 4 cilindros. Deve ser a eletrônica. A vibração é baixa e gostosa, o ruído de admissão baixo. A caixa de marcha uma seda, cliques gostosos e decididos. E quando mete a mão, sai de baixo, a moto é um foguete e parece que o acelerador é um botão de hyperspace (lembram de Astheroids?). Pronto, taí uma coisa que podia melhorar, o acelerador é bruto, (daí o nome? Brutale!) podia ter mais sensibilidade, ele é meio sensível demais.
Completamente compacta, a moto aceita ser esmagada nos freios com excepcional compostura, não espalha de maneira alguma, com o chassi de treliça (Tamburini style) fazendo o seu trabalho de maneira perfeita. Ela segura as linhas que você inventa rindo, sem o menor esforço aparente, não é teimosa nem leve, vc pode mudar de idéia que ela nem liga e troca de linha no pensamento. Nunca andei em uma moto tão prestativa neste quesito.
O resultado é uma sensação de poder maravilhosa. De poder sob controle. O movimento é bom, o som é bom, a posição de pilotagem esportiva e ao mesmo tempo confortável, tudo é bom demais. A qualidade de construção da moto sobe pelas luvas.
Não sei se mudei de idéia, mas sei que esta moto foi a melhor street/naked bike que já pilotei na vida. Muito acertada.
Obrigado Leo pela oportunidade de testar sua moto e parabéns, está bem montado para caramba. Depois compramos outra Ducati.
Abraços
Mário
Excelente matéria Mário!
Descreveu exatamente o que se sente em pilota-la, sem tirar nem por.
Obrigado,
Abração
Leo
Eu que agradeço Leo.
Quando a ITVA (isso é nome de concessionária???) foi inaugurada fiz um test ride na 1090RR. O interessante foi que naquela mesma manhã dei um rolé na Z1000 de um amigo. São água e vinho. Não um vinho qualquer: um vinho daqueles de guarda que se consome nas vitórias das grandes eleições.
A Brutale 1090 é ducarái, ponto.