Já anunciei isso antes aqui no Motozoo®, e acabou que não saiu. Contratos assinados, projetos prontos, o Presidente Jair Messias Bolsonaro apoiando, o Governador Witzel apoiando, o Prefeito Crivella apoiando… no final fizeram aquela sacanagem com o nosso amigo Jr. Pereira e acabou que não tivemos o novo autódromo do Rio de Janeiro e também não tivemos o GP.
O matagal horroroso, que a militância de esquerda apelidou de “Floresta do Camboatá”, continua lá horroroso até que uma milícia invada o terreno para construir mais barracos.
O “novo autódromo” de Guaratiba vai arrastar-se por anos, pois a motivação para a sua existência como projeto não é esportiva e nem comercial, é apenas mais uma treta, entre muitas da cidade. Agora com Goiânia assinando por 6 anos, com Interlagos provando que é forte lá com os homens da Liberty Media, com contrato em vigor, fica em teoria muito mais difícil de motivar um novo autódromo no Rio de Janeiro por agora. Para correr o que? Corridas de Opala?
Mas é Brasil, tudo pode acontecer.
O autódromo de Goiânia é gerenciado pelo multicampeão de Motocross Roberto Boetcher, tem um traçado que pode tornar-se seguro para motocicletas (algo que Interlagos nunca conseguirá), e tem todo o apoio do Estado. E tem história, pois em 1987 o campeonato de 500cc foi decidido lá, quando Wayne Gardner foi o campeão do mundo. Apenas 18 pilotos vieram para a prova, era uma viagem cara e o campeonato não era rico como é hoje.
Pilotos e imprensa ficaram favoravelmente impressionados com o autódromo e com a organização, foram considerados muito bons. As experiências anteriores foram péssimas na Argentina e no Brasil.
Só correram as 250, já com o campeão definido e nas 500 Gardner estava com uma mão na taça, pois seu concorrente, Freddie Spencer, ainda sofria por conta do acidente no GP de San Marino, quando teve uma concussão. Acabou que Spencer nem correu, pois estava com dificuldades no uso de suas lentes de contato. Na corrida então Gardner dominou, com Lawson chegando em segundo e Mamola, que teve que correr com pneus emprestados, os seus Dunlop foram perdidos na viagem para Goiânia, chegou em terceiro. Digno de nota o quarto lugar de Didier de Radiguès, com uma Cagiva.
Sei disso tudo porque eu fui lá!!! Uma viagem de ônibus fodida, festas sem fim, bebedeiras incríveis durante a noite, mulheres lindas contadas na casa das centenas e porradas de trânsito a cada meia hora nos incontáveis cruzamentos da capital de Goiás. Não tenho uma única fotografia desta aventura. Eu já trabalhava na TV Globo, tive amplo acesso… e não fotografei nada.
Além dos que eu já falei, tive a oportunidade de ver correndo Raymond Roche, Ron Haslan e sua ELF, Christian Sarron, Rob McElnea, foi um delírio.
Foram dias de festa. Não lembro com muita clareza porque minha memória é sequelada e porque bebi muito nesta viagem. Restou uma lembrança de sonho.
Dou os meus parabéns a todos os envolvidos, especialmente ao meu amigo Roberto Boetcher, contra o qual, de minha insignificância, disputei umas 3 provas de MX nesta vida. Sou abençoado e grato por isso. Espero ter condições de comparecer ao evento, é sensacional!!!!!