O dilema da Yamaha

E a Yamaha teve um fim de semana miserável Portimão, uma corrida em que ela ganhou ano passado e se não me engano, ano retrasado também. (isso, conferi aqui, Fabio Quartararo venceu em 2021 e 2022).

Porque então foi tão mal em 2023?

O problema de sempre, que somente vem piorando. Não que a M1 esteja piorando, na verdade ela está melhorando. O tempo total de prova de Quartararo em 2023 foi menor do que o tempo dele mesmo em 2022 (quando ele venceu), e sua volta mais rápida, também mais rápida. Incrível não é? O problema é que a concorrência está melhorando mais depressa.

E qual é o problema de sempre?

É a estrutura geral da moto, principalmente o seu motor de 4 cilindros em linha. Os motores em linha tem algumas vantagens mecânicas. Tem menos peças (um único cabeçote e peças de acionamento), apesar de ser um pouco mais largo, tende a ser mais fácil de posicionar favoravelmente na moto, mais baixo, facilita a exaustão, com descargas mais simples e potentes, facilita a refrigeração, facilita a admissão, com mais espaço para o filtro de ar e cornetas. Apenas para citar algumas coisas.

Os motores em V por outro lado, tem a vantagem de oferecerem mais torque. Com um virabrequim da metade do tamanho com a força dos mesmos 4 cilindros concentrada ali, é natural que o motor tenha mais torque. Você, quando quer soltar qualquer coisa, vc junta os seus dedinhos o mais perto possível, para concentrar sua força. É isso que o motor em V oferece, a força concentrada em uma área menor. Ao custo de uma complicação maior para fazer funcionar, refrigerar e colocar no quadro da moto.

Provavelmente não falta potência na M1. Tem chance até de que ela seja MAIS potente do que a Ducati, pois a arquitetura em linha tem menos peças que sempre roubam potência, e uma descarga mais eficiente. O problema é o torque, as V4 aceleram muito mais depressa.

Isso destrói as chances da M1. Novamente, e como sempre, ela só anda se for sozinha, sem ninguém na frente, quando pode se utilizar de um equilíbrio superior talvez causado pelo posicionamento do motor e distribuição de peso, para fazer a curva toda, do apex até a saída, de maneira fluida e rápida.

Mas… se tiver uma moto mais lenta na frente dela, babou, ela tem que diminuir a velocidade e na retomada o 4 em linha NUNCA vai ser páreo para o V4, que com seu torque superior acelera rápido e aí a Yamaha não pega mais.

No momento, a única chance da Yamaha é sair na frente, pegar  pista livre e um circuito fluido, lançado, que a permita explorar a sua maior velocidade no conjunto de curvas. Algo muito difícil, porque as Ducatis, KTMs, Aprilias e Hondas, todas com V4, aceleram, passam, freiam na frente dela e estragam sua trajetória.

Ano passado a Suzuki parecia ser melhor do que a Yamaha tanto em equilíbrio de chassi quando de torque. De alguma maneira a Suzuki melhorou a resposta da moto em aceleração.

Quartararo precisa treinar bem, ótimamente. Andar sozinho e sem usar o vácuo, conseguir tempo para largar da primeira fila. Senão ele não consegue lutar.

A Yamaha já disse que não tem planos de mudar seu motor… ou seja… tá difícil. Não é à toa que todas as outras fábricas escolheram a arquitetura do V4.

Este é o dilema da Yamaha… Como fazer um conjunto com motor 4 em linha ser superior, nas atuais pistas do campeonato?

Espero ter ajudado.

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestras em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

Um comentário em “O dilema da Yamaha”

  1. Ajudou bastante com informações que a M1 foi mais rápida do que 21 e 22 mesmo assim não deu para a Yamaha porque as V4 estão ainda mais rápidas.O momento são das europeias no Motogp após anos de domínio das Japonesas!

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