E deu quase tudo certo para a Ducati no fim de semana em Portugal. Não posso dizer tudo porque Enea Bastianini caiu e ficará no estaleiro por pelo menos mais uma corrida, não irá a Argentina.
De resto, as Desmosecidi GP23 e GP22 esfregaram na cara de todos a sua superioridade mecânica, fazendo gato e sapato da Honda, Aprilia e KTM na reta do circuito de Portimão. Elas aceleram muito e também freiam muito bem, uma necessidade das motos que aceleram mais. No meio das curvas ainda não são as melhores, não dá para ter tudo. Hoje vimos que as outras motos, além de não acelerarem tanto, estão freando antes. Todos os ducatistas na pista estão freando láaaaaaaaaa quase na hora de ver Jesus.
Depois da animada corrida de ontem (ver aqui), dominada por um calmo e eficiente Pecco Bagnaia, era esperado que hoje a sua vantagem aumentasse, e foi o que aconteceu. A corrida curta diminui a vantagem da Ducati um pouco, pois as outras motos podem beber mais, gastar mais pneus e no braço, coragem e grossura, os “inimigos” podem tentar chegar mais perto. Na corrida normal ela pode ir com calma botando no chão devagarinho.
Hoje tivemos uma largada endiabrada, com várias trocas de líder em 2 curvas. Marquez largou bem, Miguel Oliveira largou sensacionalmente, Pecco largou muito bem e Martin também. Teve um monte de toques e chega prá lá, e Miguelito passou a primeira volta na ponta. Um feito e tanto, pois ele largou de trás, é sua primeira corrida com esta moto que é a do ano passado. Ele é bom, mas não é mágico. O conjunto Ducati/Pecco é muito superior e logo logo foi superado, mas ficou ali lutando até que Marc Marquez errou e o tirou da prova. Uma pena.
As viúvas de Valentino Rossi, sempre elas, estão por aí raivosas gritando que MM é um bandido por isso. Não é. O octacampeão do mundo é um piloto excepcionalmente talentoso e combativo e que apenas errou uma curva. Visivelmente extraindo do equipamento um desempenho acima do limite, é mais difícil para ele andar ali naquelas posições, o erro é mais fácil de acontecer. A Honda ainda não tem um moto para andar de quinto prá frente, talvez nem de décimo prá frente. Para andar ali, só correndo grandes riscos e esta é a especialidade de MM, andar no fio da navalha. Miguel deu azar e foi catado com força. Uma pena, ele faria uma linda corrida na frente de sua torcida.
Todos erram, inclusive Valentino Rossi, que tirou Casey Stoner da corrida, foi pedir desculpas e ouviu o famoso “Sua ambição ultrapassa o seu talento”, que foi uma das frases mais incríveis da história dos GPs.
Neste acidente saíram da frente Miguel, Martin e MM, o que abriu espaço para os outros subirem.
Lá na ponta Pecco Bagnaia estava soberano, controlando a corrida com calma e eficiência. Atrás dele Maverick Vinales até tentou chegar, mas não tinha conjunto para isso, estava controlado, mas fez uma ótima corrida para a Aprilia. Marco Bezzechi também achou um sweet spot e não tinha força para pegar o Maverick, mas controlou o ataque que vinha por trás.
Do quarto até o oitavo a corrida foi ficando progressivamente interessante, pois Alex Marquez foi perdendo desempenho, as KTM melhorando, Aleix Espargaró com a outra Aprilia chegando forte e até um apagado Fabio Quartararo chegando para brigar. Talvez Alex Marquez precise de mais experiência com a “moto cansada”. Mas quem brilhou foi Zarco, talvez muito mais experiente com a Ducati em final de prova com pneus gastos e tudo o mais, ligou tipo um turbo, dispensou geral e chegou em quarto.
Assim foi a corrida então. A superioridade da Ducati foi confirmada, venceu com calma ontem e hoje, com Pecco chegando até descansado no final da prova. As surpresas foram a competitividade de Marc Marquez (não da Honda) e o desempenho das KTMs. O desempenho das Aprilias era também esperado, foi apenas uma confirmação. Ah! Miguel Oliveira é um piloto excepcional, melhor do que todos os que estão na KTM hoje em dia, e por isso ficou magoado e quis sair. Não é a toa que é o maior vencedor da história da KTM. Maverick e Aleix que abram o olho, ele quererá uma moto do time oficial ano que vem.
Que venha a Argentina, onde espera-se outro passeio da Ducati em seu retão. Veremos.
Não foram citadas as Yamahas em seu texto caro Mario,essa com 4 cilindros em linha vão ficar difícil esse ano. Ducati sobrando na pista,não devemos esquecer do Dovi que sofreu muito para chegarmos ao nível de hoje.
Ah… falei um tiquinho de nada do Quartararo, que foi coadjuvante hoje. A outra Yamaha, coitada, em último. A M1 não está com nada.