Meus camaradas,
Todos sabem que tenho um fraco por motos italianas, por motores mono e V2. Tenho bastante experiência com motores de todos os tipos e escolhi como favorito o V2. Não é o mais “liso”, não é o mais potente, mas em minha opinião, é o que tem mais personalidade e o mais do tipo “motor de moto”. Se bem que na questão da potência o motor V2 Superquadro da Ducati Panigale não deve nada a ninguém em potência…
Por gostar tanto de motos italianas, no final de 2009 fundei o ForzaRio (www.forzario.com.br), que em 2013 virou o Desmo Owners Club do Rio de Janeiro, um Ducati DOC. Desde então tive várias Ducati’s, andei em outras trocentas e meu conhecimento, experiência e gosto por elas só aumentou. Quando em 2009 mesmo a Ducati lançou a Multistrada 1200, a 4 em 1, eu pensei – é a minha moto.
Na verdade, tudo que é 2 em 1, 3 em 1 e por aí vai, nunca é melhor do que a que faz bem apenas 1 coisa. Para correr nada supera uma SBK, para andar na terra uma monocilindro leve e potente, para viajar uma multicilindro grande e bem carenada, cheia de malas, e para a cidade uma moto ágil, pequena, que não pese, não esquente, não beba e que tenha espaço para colocar o pão.
A Multistrada não é nada disso. Mas, nenhuma outra é. Pode-se juntar uma pequena frota em casa, como eu e muitos amigos temos, mas vai ficando incrívelmente trabalhoso e caro manter isso. Ainda mais na crise.
Para quem só quer ou pode ter uma única moto, as motos de aventura são a melhor opção, pois mesmo com as limitações que apresentam, quando comparadas com as especialistas, são as únicas que conseguem ir a qualquer lugar, topam tudo.
A Ducati escolheu um caminho único e original com a sua linha Multistrada, que começou com 1000, depois teve 620, 1100 e com a 1200 mudou tudo novamente e foi a primeira moto “eletrônica” de fato. Urban, Touring, Sport e Enduro, as 4 personalidades em 1 moto, os 4 ride modes da moto.
Se bem que o forte dela é o Sport Touring. A BMW GS, por exemplo, fica mais no Enduro Touring.
A Pikes Peak vai mais fundo ainda no Sport, pois é uma versão especial, que comemora os seguidos sucessos na corrida de subida de montanha de Pikes Peak nos EUA. Existe também a Dolomites Peak, mas esta é rara. E o que a faz especial, além do preço? O peso e o tunning para o modo Sport.
Ela é uma Touring S aliviada em peso e com rodas mais leves. Muitas partes em fibra de carbono, sem descanso central, sem as malas, sem os punhos aquecidos, é para o pau mesmo. A ponteira da descarga também é diferente. O restante é igual, as suspensões são Sky Hook e os freios idênticos. Ah! a que andei, gentilmente cedida pelo Armando Tovar, está equipada com uma descarga full com um som bem alto e bravo.
Andando percebe-se imediatamente que a moto é mais leve e esportiva. Leve principalmente pelo sentimento das rodas e esportiva pelo urro que solta pela descarga. O guidão é um pouco mais baixo também, o que junto com a falta da bolha, torna a moto diferente.
Muito alta, ainda mais com os pneus que estava equipada, diferentes dos originais, a moto tem a frente elevada o que nunca me conquistou para correr de verdade com elas. Não que seja instável ou teimosa de curvas, mas eu gosto de andar apoiado no pneu dianteiro e não se consegue (ou eu não consigo) fazer isso com as MTS 1200, que tem um pitch mais neutro.
Neste fim de semana fui com ela até Penedo para o encontro de motos, no total andei uns 450 kms. Fui levando o ForzaRio DOC e voltei sozinho, quando pude acelerar com força no modo Sport. Ela é um demônio nas estradas de asfalto como a Dutra. Com 150cv’s e sua posição relaxada no guidão, fica ruim para qualquer outra moto sumir dela. As SBK’s andam mais, mas na estrada não dá para explorar a diferença. Não há espaço, segurança e visibilidade para isso. A Pikes Peak literalmente engole a estrada rindo, aproxima-se e ultrapassa qualquer coisa sobre rodas que apareça na frente.
Sem balançar, sem esquentar, sem fazer força. Vai berrando, acelerando até a visão ficar sacudida. Não vai mais porque o piloto alivia, em condições normais, não se chega ao “fim da moto”.
Curti. Mesmo sendo um pouco mais especializada do que suas irmãs, sua altura e posição permitem continuar encarando outras utilizações honrando o nome Multistrada. As rodas melhores são sempre um luxo e a exclusividade também marca pontos.
Valeu Armando, obrigado pela montaria e companhia na viagem.
Abraços
Mário Barreto