Atendendo ao pedido do Victor Cabeção Braga, vou aqui dropar algumas linhas sobre o incrível penta campeonato seguido de Jonathan Rea no World Superbike.
Até a décima prova deste campeonato, apenas Rea acreditava que isso seria possível, pois apesar de já ser Tetra campeão seguido, uma façanha sensacional, as 10 vitórias seguidas de Alvaro Bautista, estreando no campeonato com a também estreante Ducati Panigale V4, o pintavam como hours concours. Foi realmente de broxar o campeão. Diziam que o nível de um piloto de MotoGP era muito superior, diziam que a Panigale V4 era muito mais avançada e no final, deu Rea!!! Como ?! Por que?!
Bem, meu amigo e leitor André Bertrand defende desde sempre que o motivo da queda de rendimento foi o fechamento da porta de retorno ao MotoGP, algo que Bautista queria muito e que parece que lhe foi prometido. Com a renovação de Petrux e a possível puxada de tapete da Ducati, segundo esta linha seguida também por outros articulistas, Bautista se desconcentrou. E não dá para bater em Rea e sua Kawa tetra cilindros e também tetra campeã, sem estar 100% focado. Porque Rea é focado. Mesmo reclamando e levando couro, chegava em segundo nas corridas, surrando todas as outras Panigales na pista.
Agora, no final, quando as línguas ficam soltas, pois afinal logo depois do meio do ano Bautista disse que estava caindo fora para a Honda, ficamos sabendo de mais detalhes de um campeonato que não passa na nossa TV.
Bautista veio dizer que a Panigale, assim como a GP19, é boa de motor, mas que é desequilibrada frente a Kawasaki quando chegam as curvas. E que a moto não evoluiu desde o início do campeonato, ou seja, está ganhando no motor, então se vira.
Depois veio o espetáculo de declarações horrorosas patrocinado pelo Claudio Domenicali, que deixa claro o problema que há no box da Ducati desde muito tempo, pois afinal, antes de ser o CEO da marca, Claudio era o chefe na Ducati Corse. A Ducati sub valoriza seus pilotos, a marca é muito maior que tudo. Praticamente todos os pilotos que correram com a marca, reclamam de teimosia. Stoner foi campeão uma vez e saiu puto, quase direto para ser campeão na Honda. Algo que Bautista pode bem repetir agora.
É aquilo, com todos dizendo que a Panigale V4 era de outro mundo, certamente a Ducati passou a achar que poderia pagar qualquer coisa para Bautista. Correr no WSBK é um rebaixamento de prestígio e certamente de dinheiro para o piloto. Voltar por cima ao MotoGP é um sonho e também uma possibilidade de ganhar melhor. É… pode ser. E o fato é que depois de vencer 10 seguidas, Bautista deixou de marcar pontos em 6 oportunidades, algo que Rea NÃO perdoou.
Rea e esta Kawasaki já fazem o conjunto mais forte de todos os tempos do SBK. Ele vem moendo todos nestes últimos 5 anos. Triturou com farofa a Ducati Panigale V2, e agora, fez o quase impossível, passou por cima da Panigale V4. E digo mais, é favorito para 2020, pois Redding não tem o gabarito dele, nem de Bautista, embora seja ótimo. Chaz não se acertou com a moto até agora. O maior adversário será Bautista, que ele tem que respeitar, se a Honda entregar uma moto competitiva.
Foi um campeonato inesquecível, onde ficou provado que “corridas são corridas” e que tudo pode acontecer.
Ficou provado que Rea e sua Kawa são o melhor conjunto de todos os tempos e que são imbatíveis.
Ficou provado que a Ducati precisa melhorar muito o seu gerenciamento de pilotos, e que ainda precisa aprender que dinheiro e motor juntos não ganham o campeonato. É preciso um piloto excelente e uma equipe maravilhosa.
Abraços
Mário Barreto
Excelente análise Mário!
Algumas perguntas:
1. Por que reduziram 500 giros do motor de Paniagle quando Bautista vinha moendo tudo?
2. Bautista entrou em espiral negativa com as quedas e zero pontos, jogou a toalha?
3. Por que a Kawa não retorna ao mundial Motogp, ou seria igual o Vasco na série B, antes ser o melhor do segundos do que o último dos primeiros?
A Panigale V4 estava demonstrando uma superioridade gritante no início, vencendo seguidamente e com grande distância. Isso não é bom para o espetáculo. Está no regulamento este gatilho, para ajudar a igualar as condições. É importante que haja disputa. A Kawa preferiu, com sucesso, concentrar no WSBK, uma vez que é a menor das japas e apanhou muito no MotoGP. Veja quanto tempo a Suzuki demorou para se levantar…E não chegou lá ainda.
Isso aí, meu caro Mario. Rea tem uma força mental absurda e Bautista é fraco nesse setor, isso desde os tempos da 250 GP. Bautista também teve problemas com as pistas novas para ele, principalmente na 2a fase do campeonato, teve problemas também com muitas corridas sob chuva, o que ele não gosta. Essa questão mental do AB 19 já foi levantada até por MM 93. No mais é o que já falei algumas vezes, Rea é como Marquez, nunca desiste e tenta de tudo até o fim se precisar, por isso é merecidamente penta.
Excelente, Mário, mas faltou uma informação importante: depois de muito choro do Rea a FIM reduziu em 250 rpm o limite máximo do motor da Ducati, tirando ali um ou dois décimos por volta.
Segundo o Bautista, desde o início do ano ele e os outros 3 pilotos que correm de V4R se queixavam da estabilidade da freada e do feeling com a suspensão dianteira, mas, como ele recuperava o tempo nas retas e ganhava, a Ducati Corse não se mexeu.
A questão da volta (ou não volta) pro MotoGP teve um agravante: isso foi jogado pelo Ciabatti em uma entrevista. Uma tremenda puxada de tapete em um ambiente em que a equipe do Chaz Davies já não tinha a menor comunicação com a equipe do Bautista.
As pistas desconhecidas e o piso molhado também complicaram a situação, pois são situações em que ter um motor bem mais potente nem sempre traz a diferença necessária para vencer um conjunto Rea/Kawasaki/crew que só se compara a Marquez/Honda/crew: engrenagens bem azeitadas que ou ganham ou estão no pódio.
O Domenicali é um incompetente que não dá o devido retorno ao investimento que é feito nos dois campeonatos.