O que é melhor: ter 20 pontos de vantagem com 111 em jogo ou ter 17 com 74 possíveis?
Placar de Buriram: Pecco 32 x Martin 29. Foi bom para o italiano, mas não bom o suficiente. Os coadjuvantes tiveram um papel de destaque. Bastianini fugiu na ponta na confusão da largada da Sprint e não deu chances pro MarThaiNator chegar. Marquez teve um papel importante no domingo: dependendo dele a diferença entre os dois postulantes ao título podia ter sido de 4 pontos, 5, ou 9.
O clima ajudou ao Formiga e ele estava mais rápido desde o warmup. Tivesse conseguido virar a curva 3 da primeira volta na frente e dificilmente perderia a corrida, mas ficou em terceiro, atrás de Martin e Bagnaia. Um pequeno parênteses: estava reparando que o Bagnaia nunca precisa ultrapassar o Martin, pois ou o espanhol cai, ou erra, abrindo uma avenida pro Pecco. No domingo foi o mesmo: curva 3, Martin vai lá fora e abre caminho para os dois futuros companheiros na LeNovo. Não tem nem graça… Pelo menos no sábado o Martinator teve que se esforçar para passar o bicampeão. Foi uma manobra de força que lhe deu mais 2 pontos na liderança. No domingo, fraquejou e perdeu 5. Voltando ao MM93, ele perdeu a paciência e errou feio. E admitiu. Não botou a culpa no pneu, na moto, na equipe… vacilou e entregou uma possível vitória.
O fato é que as GP23 não são páreo para as GP24 nas grandes retas: o motor da moto do ano acelerar mais e o dispositivo que abaixa a suspensão traseira foi muito aprimorado. Então Marquez perdia tempo nos setores 1 e 2, e recuperava nos 3 e 4. Tentou por duas vezes a ultrapassagem na última curva, mas com todo o cuidado, pois não tem nenhum interesse em criar um clima ruim. Tomou o troco duas vezes. Devia ter esperado mais umas cinco voltas, mas se precipitou, perdeu a frente, quase salvou, mas foi derrubado pelas zebras altas. Voltou em 16° e mesmo sem freio traseiro e com a carenagem danificada estava rodando no ritmo dos 2 primeiros. Nas últimas voltas só Acosta e Diggia estavam rodando no mesmo ritmo e esses dois merecem um destaque.
No fim das contas Bagnaia ficou triste com a queda do hexacampeão porque teria recuperado mais 4 pontos do Martin, mas também ficou aliviado por não ter aquele kamikaze na sua traseira.
Acosta e Diggia correram sem estar na melhor condição física. Diggia vai operar o ombro esta semana para estar em forma quando voltarem à Buriram para os testes de 2025. Iannone correrá em seu lugar em Sepang. Acosta, ainda sofrendo as consequências da queda na Sprint da Austrália, deu uma aula para Binder e Miller. A ultrapassagem sobre o australiano foi um dos melhores momentos do GP. Pódio muito merecido. As KTM pelo menos conseguiram se meter entre as Ducatis, depois do ridículo Top8 da marca italiana na Sprint. Oito motos na pista, oito primeiros lugares. Luigi Dall’Igna é um gênio.
Dois pontos para destacar sobre as japonesas: a ótima sexta posição de largada da Yamaha de Quartararo e o excelente 8° lugar da Honda de Zarco. O veterano francês sempre se deu bem em condições de pouca aderência. Cometeu vários erros no início da corrida e andou um bom tempo em 15°, mas encontrou o ritmo e foi ultrapassando adversários. inclusive Alex Marquez (que caiu na Sighting Lap e largou do fim do grid) e Aleix Espargaró, que fez um razoável 9°. Viñales, que chegou em 20° na Sprint dizendo que pensou em abandonar, dada a falta de controle sobre a moto, surpreendeu com um 7°. É fato que muita gente boa se perdeu pelo caminho: Morbidelli derrubou Quartararo, cumpriu uma volta longa e caiu sozinho. Bastinini caiu no início, Marquez caiu no meio. De qualquer maneira só pontua quem chega, portanto são pontinhos que darão um alento para a fábrica de Noale, que já me parece conformada em ficar atras da KTM no Mundial de Construtores.
Como esperado, Ogura assegurou o título na Moto2, chegando em segundo, atrás do Canet, que se apresenta como favorito para o ano que vem. Se bem que é preciso desconfiar dessas previsões: Aldeguer era favoritíssimo depois de ganhar as últimas 4 corridas de 2023 e atualmente não mostra nenhuma consistência. Atropelou o Tony Arbolino de forma tosca, sem nenhum controle. Acho que é merecedor de punição na Malásia.
De qualquer maneira é muito bom ver um campeão fora da disputa entre Espanha e Itália. Somkiat Chantra, que estará na LCR ano que vem, fez a alegria dos compatriotas com uma corrida consistente do 13° ao 4° lugar. E ainda se recuperando de um atropelamento causado por… ele mesmo: Aldeguer.
Na Moto3 outra vitória, a 12a em 18 corridas, do fenômeno pseudo-colombiano David Alonso. Esse garoto é diferenciado, para azar dos seus contemporâneos.
Semana que vem tem mais. Quem vai errar menos? Martin tem que sair da Malásia com 15 pontos de vantagem para poder ser campeão com 2 terceiros lugares em Valência. A ver.
Até lá!