SBK Philip Island 2016

O campeonato de SBK é incrível. Sob a direção da mesma DORNA que toca também o MotoGP, ele parece ter um astral mais leve, os pilotos mais descontraídos. Mas o pau come ainda pior! Como é disputado com motos que teoricamente são vendidas ao público, o desnível entre as tops é menor do que no MotoGP e o bonde pela liderança é sempre maior. Sendo as motos menos capazes, é uma pilotagem um pouco mais em cima das habilidades do piloto. Em uma moto de GP a expectativa é a de que a equipe sempre “conserte” a moto, entregando ao piloto a moto mais perfeita possível para aquela pista. No SBK os recursos das equipes e motos é menor e o acerto não vai tão longe.

Nos campeonatos anteriores era possível perceber que na primeira corrida do ano as motos estavam ainda bem cruas, sacudindo e balançando bastante nas primeiras provas. Iam melhorando ao longo do ano. Ontem (e hoje) não vi nada disso. As motos estrearam super acertadas e precisas.

A Kawasaki ZX10 é um fenômeno de moto. Desde o início, anos atrás, esta versão da Ninja se mostrou extremamente potente, equilibrada, resistente e simples de regular e manter. Uma combinação matadora nas mãos do Sykes e agora principalmente do Jonathan Rea. Rea está massacrando o Sykes com sua competência, pois além de rápido, é cerebral. Tenho dito que a Kawasaki passou a esconder o jogo desde o final do ano passado. As Ducati’s se aproximaram mas eu sempre acreditei que foi estratégia da Kawa para não dar referências para os adversários. Hoje mesmo Rea declarou que ZX10 2016 ainda está entre 85 e 90% do seu potencial, andando aparentemente mais fácil do que os outros.

A Ducati está focada na busca de um campeonato para a 1199 Panigale, até agora o único modelo que não ganhou um SBK. A moto impressiona pela agilidade, pelas linhas apertadas que consegue segurar, pelas freadas profundas e até pela velocidade que arranca do V2 Superquadro. Porém anda no limite, a Panigale é uma moto limite, complicada e cara para fazer andar neste nível, o que faz com que seus pilotos assumam mais riscos. Os pontos fortes da Ducati ainda não parecem ser suficientes para andar na frente das Kawas.

Impressionante é o que o HRC e Ten Kate conseguem fazer com as Fireblades. A base é completamente datada, tem anos que todos pedem uma nova Honda mil de combate e ela nunca vem. Em mais um ano de Fireblade, estrear andando o que andou o Van der Mark e o Hayden, não é pouco não. Se bem que o circuito de Philip Island  não exige tanto das motos e pilotos lançados, bons e corajosos conseguem se embolar mais. Mas é um feito.

Foi também a estréia da PATA Yamaha, primeiro ano de R1 oficial no SBK. Não foi ruim, não foi bom, foi discreta a participação do Guintoli. Mas vai melhorar, sob a direção do Paul Denning, dois bons pilotos e o apoio oficial da fábrica, a tendência é a de que a Yamaha cresça ao longo do campeonato.

As outras fábricas não irão se envolver na briga pelo título. A BMW abandonou oficialmente e suas motos estão na mão de privados. É potente, mas é complicada de acertar e apesar dos imensos esforços que a marca fez, não foi campeã. A Aprilia concentrou no MotoGP.  A Suzuki vai deixar para voltar quando a nova Gixxer estiver operacional, a velha já deu o que tinha que dar embora assim como a Honda na Fireblade, se botar dinheiro e piloto bom ela ainda perturbou aqui e ali. Ah! Tem também a MV Agusta, agora com algum dinheiro da Mercedes. A moto e linda, boa e tem piloto, mas não andou em bem Philip Island, deram problemas.

Jonathan Rea, Chaz Davies e Van der Mark. Fotos do Crash.net
Jonathan Rea, Chaz Davies e Van der Mark. Fotos do Crash.net

As corridas foram um show, 21 voltas de emoção. As Kawas puxando com aparente tranquilidade e economia de pneus e atrás, colados, Ducati’s e Honda’s se matando, ultrapassando e se batendo. Hayden levou uns bons chega prá lá. Felizmente nenhuma gaivota se meteu na frente das motos. Tanto na primeira como na segunda corrida Chaz Davies atacou Rea na última volta, sem sucesso. Na primeira foi repassado e não teve motor para atropelar na reta, mas foi por pouco, passaram juntinhos com Van der Mark em terceiro. Na segunda corrida Rea disse que voltou com uma moto “anti-Chaz”, mais acertada para frear melhor e conseguiu a vitória de novo. Novamente uma disputa na última volta quando Chaz freou depois, passou mas caiu logo em seguida, arriscou demais! Aí Rea venceu, seguido da Honda e para salvar a Ducati Giuliano passou o Hayden e pegou o pódium. Por muito pouco Nick Hayden não estreou com pódium, seria muito legal. Sykes liderou mas errou, deu mole, foi para a rabeira do pelotão de ponta e aí ficou, chegou em sexto, depois da Yamaha de Guintoli.

Com tanta ação na ponta, não se viu o resto dos pilotos.

A próxima etapa é na Tailândia, também na madruga.

Abraços

Mário Barreto.

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestras em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. É Mestre em Artes e Design pela PUC-Rio. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

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