Desde o início, o TT Assen foi um verdadeiro ‘Tourist Trophy’. Centenas de milhares de fãs de motos chegavam a Assen nas suas motos, armados apenas com uma pequena tenda na parte traseira, para passar uma semana com pessoas que pensam da mesma forma. Não foi à toa que Assen ganhou o apelido de “A Catedral da Velocidade”. Eu li uma vez que, se você só pode escolher 1 GP no ano para assistir ao vivo, que Assen seria a melhor opção. Pelo conjunto de coisas, localização, história, pista, visibilidade… por tudo. Não posso confirmar isso, infelizmente, mas fica aí esta informação.
Hoje, nas imagens aéreas vimos um circuito lindo, cercado de verde, com gramados bem cuidados e nem sinal de uma favelinha por perto. Grama verdinha vista do alto é algo difícil de se ver por aqui, por vários motivos. Primeiro, o nosso sol tropical esturrica as bichinhas e segundo, não temos gente para cuidar disso. Aqui os poucos jardineiros ganham um salário mínimo, porque a grana de qualquer empreendimento que precise de um gramado, vai para a diretoria, stockholders e políticos. Grama não é prioridade e é por isso que uma das piores coisas que vemos ao voltar ao Rio de Janeiro após uma viagem ao exterior, depois de sobrevoar as favelas do entorno, é admirar os horríveis gramados do Tom Jobim, sempre amarelos, sempre carecas, sempre uma merda.
Aqui, nem o Photoshop consegue eliminar totalmente as favelas do entorno dos projetos de autódromo. Foi assim no projeto de Deodoro, está assim no projeto de Guaratiba. É Brasil né? É Rio de Janeiro.
E vamos para a corrida… morna, sem emoções maiores. Já é normal, e estamos a apenas uma corrida do intervalo anual, que as motos 2024 evoluam e distanciem-se das 2023. Todo ano acontece isso. O ano começa com uma relativa vantagem para as motos que acabaram de correr, mas o potencial das motos novas vai sendo explorado, os pilotos se entendendo melhor com elas. É muito caro desenvolver uma moto de GP e as motos do ano passado, apesar de boas, páram no tempo, não recebem upgrades ou desenvolvimentos, só ajustes, enquanto as motos novas vão evoluindo, recebendo peças novas, modificações mais importantes e tudo o mais.
Este ano, Gigi avisou logo antes de começar o campeonato, que a diferença entre os anos seria um pouco maior do que o ano passado. Talvez pelo número de modificações ou pelo feedback oferecido pelo piloto de testes Michele Pirro, ele já avisou, a GP24 é foda. E estamos vendo isso na pista a GP24 é foda.
Pecco Bagnaia é um excelente piloto, um bi-campeão do mundo, com nervos de aço e uma pilotagem do tipo Lorenzo em modo “manteiga”. Não é do tipo de grandes disputas na pista, embora tenha disputado este ano com Marc Marquez de mostrado garra e força. O estilo mais exibido dele é este, pegar uma moto boa, e ir na “manteiga” e suavidade correndo com ela. Isso depois de “martelar” uma sequencia de voltas matadoras e desestimular seus perseguidores. Normalmente ele treina mais ou menos mal na sexta e vem melhorando, mas este fim de semana em Assen ele já começou treinando bem e só veio melhorando até vencer sem disputar uma única curva. Venceu na moral.
Podem o Claudio Domenicali e o Gigi Dal I’gna falarem o que quiserem para a o público, mas sabemos que a Pramac e o Martinator estão na chuva para o resto da temporada. Com o seu bi-campeão ali pertinho, a Ducati não é boba de investir em desenvolvimentos que poderiam em teoria serem depois aproveitados pela Yamaha e Aprilia ano que vem. Vão regular as motos para uma diferença que não apareça muito, mas as Ducatis oficiais irão a cada segundo ficarem melhores do que as Ducatis Pramac. E mesmo Jorge Martin, que não é bobo, ao perceber a diferença, não vai arriscar seu pêlo e se matar para tirar a diferença. Ele preferirá chegar inteiro na Aprilia Factory, onde como piloto de fábrica e principal, terá uma chance mais real de ser campeão. Não vai arriscar. E a Pramac também não irá reclamar, pois também e quase certamente irá economizar seus recursos para ajudar a Yamaha no ano que vem. E ainda tem que definir seus pilotos, ela precisa de uma dupla matadora pois não esqueçam que ela é a atual campeã do mundo por equipes, tem uma moral para sustentar.
Hoje Pecco largou bem para a ponta e lá ficou até o fim. Fez melhor volta e o único medo foi que ele recebeu uma notificação de saída de pista… se sai de novo, perde a prova. Martinator largou para segundo e nunca conseguiu colar, rodou sozinho para segundo. Em terceiro teve um pouco mais de disputa, com Alex Marquez largando muito bem e ultrapassando o Maverick Vinales. Só que logo depois o Mavecão botou no chão uma sequência de voltas muito boas e passou de volta, chegando tranquilo em terceiro.
Marc Marquez vinha tentando chegar logo atrás mas errou, acertou a zebra e estabacou-se.
La Bestia veio de trás andando muito bem. Tivesse largado mais de perto, seria um competidor para o pódium, ignorou todos que apareceram na sua frente até o Vinãles. Não chegou lá, pois o buraco era um pouco mais embaixo e precisaria de mais voltas. Poderia chegar? Não sei, não fiz contas.
De quinto até oitavo foi mais emocionante, pois se enrolarem bem o Alex Marquez, Brad Binder, Diggia e Aleix, que finalmente levou um estabacasso na última volta. Pedro Acosta não foi nem mostrado nesta corrida, a Yamaha do Quartararo mostra algum progresso ao ficar ali pelo Top 10 brigando com o Bez e Luca Marini segue sem marcar nenhum pontinho este ano. As Hondas continuam péssimas.
E hoje eu talvez tenha entendido um pouco sobre quem não gosta da transmissão com a Juliana… ela fala prá caramba, é mulher né, kkkkk? Não fala merda nunca, ela estuda, é bem informada e talentosa, mas a transmissão fica muito tagarelada porque ela falando muito, o Fausto também fala mais, bem como o locutor. Para falar o mínimo, o Edgar fala muito de menos. Eu prefiro mil vezes ter a Juliana Tesser falando e dando informações que eu tiver preguiça de procurar e arrancando mais infos ainda do Fausto, é muito mais rico. Mas entendo que fica tagarelado. Questão de gosto.
Que venha a corrida de amanhã!!