Na minha opinião a melhor coisa deste final de semana em Sepang foi a volta da Besta. Depois de ganhar 4 corridas pela Gresini em 2022, Bastianini foi contemplado com um lugar na equipe de fábrica, em detrimento de um muito desapontado Martin. Até parece que botaram um olho gordo no Enea porque ele sequer conseguiu completar a primeira Sprint em Portimão. Quando estava voltando da séria contusão no ombro, atropelou quatro coleguinhas na primeira curva de Montmeló e voltou pro estaleiro. Mais uma recuperação complicada e ele retornou na Indonesia onde repetiu a 8° colocação obtida na Alemanha. Ele não conseguia fazer a GP23 entrar nas curvas. Na Malasia a equipe instalou o freio traseiro no punho esquerdo e tudo ficou mais fácil pra ele. Venceu com tranquilidade uma corrida que não teve muita emoção.
Outro que resurgiu depois de partir 3 costelas na Índia foi o Alex Marquez; dando para a Gresini outro 2° lugar em Sepang. Na verdade ele foi o maior pontuador do fim de semana, com a vitória na Sprint. Das 4 principais Ducatis:
Alex Marquez 32 pontos
Bastianini 31 pontos
Bagnaia 23 pontos
Martin 22 pontos
O atual campeão ampliou sua vantagem em 1 ponto, de 13 para 14, com 74 em jogo, por cortesia do companheiro de equipe que não o passou no sábado porque jogou pela LeNovo. Ali adiante falo nesse assunto sobre a Moto3…
Muito se falou sobre o wild card do Bautista, e da possibilidade dele repetir a façanha do Troy Bayliss; que venceu o GP de Valencia de 2006 substituindo Sete Gibernau, após ter sido campeão do WSBK. A questão é que os atuais protótipos de MotoGP estão a anos-luz de distância das motos de Super Bike. Os freios são muito melhores, os dispositivos móveis das suspensões, até a maneira de usar os pneus é diferente. O bicampeão andou lá atrás, apagadinho.
Sepang é uma pista onde as Ducatis reinam. As primeiras duas filas do grid tinham 6 Ducatis. Na Sprint, 7 Ducatis chegaram no Top9, com a intrusão das 2 KTM 5° e 6°. Já na corrida foram as Yamaha que se meteram ali no 5° e no 7°. Bezzecchi, em 6°, deu adeus ao sonho do título. Ainda acho que ele devia ter ido pra Pramac: deu a melhor moto de bandeja para o Morbidelli. Decepção total mesmo foi a Aprilia. Sepang é o circuito de casa da RNF, mas só a Aprilia oficial do Viñales conseguiu arrancar um 10° e um 11°. Razlan Razali está bastante infeliz, reclamando do equipamento que recebe de Noale. Além de ter perdido uma ótima oportunidade de aparecer para seus patrocinadores. Pior ainda está a Honda: voltou a ficar em último no Mundial de Construtores. Parece que vai de Luca Marini e isso está sendo dado como certo. Eu não entendo: por quê o Marini abandonaria o ambiente protegido da VR46 e uma Ducati para andar em em equipe de DNA espanhol com uma.moto que precisa muito desenvolvimento? A ver…
Neste fim de semana cinco novos pilotos receberam a primeira advertência por não cumprirem o valor mínimo da pressão dos pneus: Bastianini, Bagnaia, Marini, Bautista e Lecuona. Os dois últimos são irrelevantes, mas o Martin deixou de ter a desvantagem que tinha. Agora Bagnaia e ele estão nas mesmas condições.
Temos o primeiro campeão de 2023: Acosta segue batendo recordes e vai subir para a MotoGP com moral. Daí pra acreditarem que ele vai ganhar corridas com a GasGas em 2024… ele levou um tempo pra se adaptar à Moto2 e acho que levará outro tanto no ano que vem. Neste campeonato faltou adversário: Arbolino se desentendeu com a Moto2 depois das férias de verão. O companheiro de equipe na Aki Ajo, sempre uma ameaça (vide Gardner/Raul) foi o decepcionante (e já demitido) Arenas. Canet não consegue vencer. Ogura começou o ano com uma séria contusão no punho. Sam Lowes já está fazendo hora extra na Moto2: vai pro WSBK. Dixon é bobão: alterna entre ser uma besta ou (poucas vezes) seŕ bestial. E as Boscoscuro andam bem em algumas pistas e muito mal em outras. Só que o Fermin Aldeguer, de apenas 18 anos, pulverizou a concorrência na Tailândia e na Malásia. Pode ser até que vá pro MotoGP antes do que o esperado, mas já é um dos favoritos para o Moto2 2024. Enfim, não nego as inúmeras qualidades do Acosta, mas não apostaria o meu suado dinheiro nele.
A Moto3 teve mais um vencedor inédito: o holandês Collin Veijer ignorou seu companheiro de equipe, Sasaki, que está disputando o título com o Masia, e venceu por 0.066 segundos. Dobradinha da Husqvarna, mas o espanhol ainda está 13 pontos na frente do japonês. Poderiam ser 8 ou até menos, dado que o Veijer tambem atrapalhou o Sasaki na ultima volta do GP da India. Enfim, o Biaggi tem que dar um jeito nisso. Nosso Diogo Moreira vinha bem da prova mas foi vítima de um acidente múltiplo causado por um high side do David Alonso. Parece que ele fraturou um dedo, mas não consegui confirmar esta informação. Tomara que tenha condições de correr bo Qatar ou, pelo menos, em Valencia, que é uma pista que ele conhece bem.
Semana que vem é Losail. A chapa está esquentando!
Até lá.