Uma das vantagens de assinar o motogp.com é poder assistir todos os treinos e as entrevistas dos pilotos e chefes de equipe. É assim que vou escolhendo meus pilotos favoritos, baseado nos quesitos talento, simplicidade e bom humor. Mesmo nas categorias de base é fácil detectar futuros Iannones: pilotos rápidos, mas cheios de marra e acessórios fashion. São aqueles que sempre se autoelogiam quando ganham e culpam a moto ou a equipe quando perdem. Não é segredo, para os que me leem, que eu detesto o Viñales (e seu lugar na Aprilia já está perigando). Também não simpatizo com o Mir, cujo título é o mais sem graça da era do MotoGP: um piloto que tem uma vitória e nunca fez uma pole.
O Bastianini é o aquele sujeito que cativa todo mundo. Tem um talento absurdo e faz graça de si mesmo. Ele não é um pensador: acelera e passa quem tiver que passar, mesmo que sejam as sagradas Ducati Corse. E lá foi o trio dos “capos” cumprimentar a Nadia Padovani pela terceira vez em sete corridas. Se a marca lidera o campeonato de construtores, deve isso à Gresini (3 vitórias) e à Pramac (2 2ºs e 1 3º), pois a equipe oficial só chegou na frente na Espanha.
A saída da Suzuki perturbou consideravelmente a categoria, botando dois pilotos rápidos no mercado. Muita gente que não tem contrato assinado está com os nervos à flor da pele e não estou vendo nenhum dos pilotos a perigo sobrepujando essa pressão. Nakagami foi o que se saiu melhor em Le Mans: um 7º a 1.5s do Márquez foi um bom resultado. Pol, Miguel, Alex Marquez, Viñales e Dovi continuam mal e aquém de seus colegas de equipamento. Lin Jarvis deixa entrever nas entrelinhas das entrevistas que está muito decepcionado com o Morbidelli, que, pelo menos, tem um contrato assinado para 2023. No entanto, a Suzuki também tem contrato assinado com a Dorna e está criando toda essa confusão. Todo contrato tem uma cláusula de rompimento…
A corrida de Le Mans foi bem melhor que a de Jerez, pois houve queda entre os líderes, e disputa pela liderança, mas assim que vi que o Bastianini estava ali grudado nas duas Lenovo, sem que elas conseguissem escapar, tive certeza de que ele era o favorito para vencer. Quartararo, que tinha o melhor ritmo no FP4 e no Warm-up, largou muito mal. Andando no bolo ele herdou 3 posições e chegou em 4º: falta motor. Voltando às entrevistas, MM está muito realista em relação aos problemas da Honda. Quando a repórter comentou que na véspera ele tinha dito que tinha ritmo para chegar entre 5º e 7º e que chegar em sexto era uma comprovação da sua previsão, ele a corrigiu dizendo que ele tinha chegado em nono: as quedas das Suzukis e do Bagnaia é que tinham melhorado a posição final. A Honda precisa se mexer, e rápido: é a última colocada entre os Construtores e a Repsol é a 7ª entre 12. A moto não traciona bem e vai sofrer na reta de Mugello.
Na semana passada houve uma polêmica, devidamente abafada, porque o Bagnaia venceu em Jerez correndo com pressão dos pneus abaixo da recomendada pela Michelin. Quartararo ficou bem chateado e cobrou um pouco mais de audácia da Yamaha, pois os japoneses demoram muito para implantar alguma melhoria e “os outros fabricantes sabem explorar as brechas do regulamento”.
Jack Miller recebeu no sábado um apoio irrestrito do Bagnaia para que eles continuem a ser companheiros de boxe. O australiano disse na entrevista que deixou o Pecco passar porque ele queria conservar os pneus e o italiano o estava pressionando muito. Herdou o 2º lugar e 20 pontinhos que o botaram 6 pontos à frente do colega de equipe. Depois da prova eclodiu a fofoca que ele poderia assinar com a KTM em 2023, rapidamente desmentida. Esse balão de ensaio veio do jornalismo italiano, sempre disposto a tumultuar, e foi baseado na amizade que Miller tem tanto com Aki Ajo quanto com o Pit Beirer.
Zarco chegou em um razoável 5º lugar depois de mais uma largada ruim. Ele e Quartararo estão se despedindo felizes de Le Mans porque o excesso de fanatismo mais atrapalha do que ajuda. É como a Seleção Brasileira quando a Copa é no Brasil: muita pressão e muito oba-oba. Aliás, assisti a uma entrevista recentemente sobre os bastidores da Seleção às vésperas do vergonhoso 7 a 1 e o assunto entre os jogadores era a homenagem ao Neymar antes do jogo. Esqueceram de combinar com os alemães…
A Moto 3 nos deu mais um brilhareco de esperança com o Diogo Moreira liderando a primeira parte da prova, que foi interrompida pela chuva. Desta vez houve tempo para os caídos recuperarem suas motos e a posição da largada foi… a original! Ou seja, que caiu recuperou tudo que perdeu e o Diogo perdeu tudo que tinha ganhado. Esses regulamentos… p#@q&p*%!
Na Moto 2 finalmente a melhor equipe de 2021 voltou a dominar e faria uma dobradinha no melhor estilo de Remy/Raul até que o Pedro Acosta, aquele talento “que deveria ir direto pro MotoGP”, caiu sozinho, entregando a vitória pro Augusto Fernandez. Canet e Chantra completaram o pódio. Ogura chegou em 5º e está a 16 pontos do Vietti, que embolsou 20 pontinhos na corrida da série B. Eu perdi o tesão nesse campeonato.
Queixando-se de que a moto não andava nas retas, Granado teve um fim de semana bem mais ou menos, mas pelo menos não caiu. Com uma 2º no sábado e uma vitória do domingo, Aegerter assumiu a liderança do campeonato, 8 pontos à frente do brasileiro. Miquel Pons, companheiro do Eric, fez um 7º e um 10º, enquanto Granado fez um 8º e um 5º. A LCR precisa acertar essas motos para o retão de Mugello, senão não vai ter nenhuma graça.
Só duas semanas para o GP da Italia, onde o número 46 vai ser retirado em homenagem ao Valentino.
Até lá!
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