O GP de Phillip Island, como sempre, foi uma das melhores provas do ano e terminou com a fantástica vitória do Alex Rins e sua Suzuki GSX-RR. Fiquei muito feliz por todo o pessoal do boxe, muitos deles desempregados em 2023, mas foi um prêmio imerecido para os executivos de Hamamatsu. Um tapa na cara do burocrata que retirou a Suzuki do mundo das competições.
A prova foi muito disputada e marcou uma virada que parecia impossível após o GP da Alemanha, quando Bagnaia estava 91 pontos atrás do Quartararo com 250 em disputa. Embora as Ducati ainda não façam curvas tão bem quanto as Suzukis e as Yamaha, seu motor continua sendo o mais potente e a reta de 900 metros era o seu playground. Ironicamente o único outro motor que permitia alguma ambição na reta era o da Suzuki, que deveria vender o seu segredo para a Yamaha 😁.
Sempre achei o Rins melhor do que o Mir. O primeiro é mais sanguíneo e talentoso, mas erra mais do que o segundo, mais cerebral. Mir é um campeão com apenas uma vitória no MotoGP e nenhuma pole: 2020 foi o campeonato de quem errou menos.
De forma similar, a disputa de 2022 também será decidida no número de erros. Bagnaia errou muito na primeira metade do ano, e Quartararo está errando tanto quanto na segunda. As causas dos erros, no entanto, são diferentes. Bagnaia tem a melhor moto e andou errando por impulsividade. Quartararo está errando por desespero e frustração.
O TOMBO QUE CUSTOU CARO
Não foi esse da Austrália, mas sim o de Assen. O francês tinha o bi nas mãos na Holanda, uma vantagem imensa, corria em 3o e podia chegar em 3o, sem problemas, mas levou um tombo bobo no início da corrida que podia ter vencido mais tarde. Um tombo que gerou uma punição em Silverstone, onde ele tinha tudo pra pegar no mínimo um pódio. Na pior das hipóteses foram 32 pontos jogados fora, quando Bagnaia ganhou 50. A verdadeira virada do campeonato se deu ali, pois o italiano viu que era possível acreditar no título.
Para que uma nova virada seja possível, o francês precisa vencer em Sepang e torcer para que pelo menos dois ou três outros pilotos cheguem à frente do Bagnaia. Considerando que nenhum piloto da Ducati será maluco de chegar à frente do Pecco, sobram poucos pilotos para brigarem pelo pódio. Fábio, Marc, Aleix, Maverick, Rins… esses 5 teriam que ir excepcionalmente bem, o que raramente acontece na mesma corrida. Com 14 pontos atrás, o atual campeão tem que reduzir a diferença para 5 ou menos, de forma a depender só de si. Repetindo a coluna passada e lembrando o Chacrinha: “só acaba quando termina”, mas as chances estão a favor do #63.
A FÊNIX RESSURGE DAS CINZAS
A moto não é boa, ele não está na sua melhor forma, mas Marc Márquez continua sendo O cara. Peitou a equipe e foi o único a correr com pneu macio na traseira, pois, segundo ele, era a única maneira de manter a RC213V competitiva nas curvas. Acabou com o pneu “no osso” a menos de dois décimos da vitória e conquistou seu 100o pódio no MotoGP. Se a Honda der uma melhorada de 10% na moto ele vai disputar o título em 2023.
Seu irmão, por outro lado, fez a cagada do dia, atropelando o Miller na curva que ganhou o seu nome neste fim de semana. Foi uma pena, pois o australiano tinha moto e disposição pra chegar entre os quatro. É o preço que algumas Ducatis estão pagando por respeitar o Bagnaia: Miller podia ter passado e liderado a prova, mas ao ser respeitoso ficou no bolo e foi atingido. Bezzecchi tinha ritmo para vencer a corrida, mas também ficou cozinhando atrás do companheiro de academia VR46 e acabou fora do pódio. Ainda assim, foi o rookie do ano, merecidamente.
As Pramac acabaram em 7o e 8o fazendo caminhos inversos. Martin liderou parte da corrida e acabou em último do primeiro pelotão. Zarco largou mal mais uma vez, passou a primeira volta em 18o e acabou como líder do segundo grupo, à frente de um Aleix Espargaró que voltou a jogar a equipe aos leões alegando que seu resultado se deveu a um controle de tração mal ajustado. Viñales acabou em um longínquo 17o, um pouco à frente do Mir, que culpou a pressão dos pneus. Curiosamente a disputa mais apertada na linha de chegada foi entre o 19o, Nagashima, e o último, Di Giannantonio: apenas 15 milésimos de segundo. Nakagami, que cedeu lugar ao compatriota, deve voltar em Sepang.
Bastianini ainda continua matematicamente com chances, a 42 pontos, e chegou em um ótimo 5o lugar, a 23 milésimos do Bez, depois de estar em 20o na 3a volta. Precisa se classificar e largar melhor se quiser disputar o título em 2023.
Por fim, deixo aqui duas imagens emblemáticas desta vitória da Suzuki.
Semana que vem tem Sepang!
Até lá