Depois de uma Sprint emocionante, a final morreu no fim da segunda volta, quando Martin foi sugado pelo vácuo do Pecco e foi parar lá em Benidorm voltando feito um maluco pra pista, passando Alex Marquez e Viñales de qualquer jeito até mandar o Marc Marquez pro espaço e acabar com a sua corrida e campeonato. Depois da prova se queixou do Viñales que “estava fazendo uma disputa sem sentido” como se todos os outros pilotos fossem obrigados a abrir passagem porque ele estava disputando o título. É uma pena, pois não aprendeu nada com seus erros. Na minha opinião Bagnaia não ganhou o título: Martin o perdeu quando caiu liderando o GP em Mandalika, um dia depois de assumir a liderança do campeonato.

Não difere muito de 2022, quando Quartararo estava muito na frente no campeonato e caiu na Holanda, prejudicando o Aleix Espargaró e sendo punido em Silverstone, quando Bagnaia fez 50 pontos nas duas corridas.
Um campeonato é vencido com vitórias e regularidade. Às vezes até quase sem vitórias, como foi o do Mir. Não pode é ganhar e cair, ou chegar em 5° ou mais atrás.
Enfim, eu gosto é de disputas na pista e essa corrida de domingo foi sem sal. As KTM tiveram a dobradinha na mão: Bagnaia estava mais do que satisfeito com o 3° lugar, mas entregaram ridiculamente. Primeiro Binder, depois Miller, na mesma curva. Eu pensei que o Pit Beirer ia levantar e andar, só pra distribuir uns cascudos.
Zarco ficou ali naquela de arame liso, cercando sem machucar, aí o Diggia veio cheio de vontade, mas também não arriscou. Final chocho… depois Diggia perdeu 3s porque estava com a pressao do pneu abaixo do limite, promovendo Zarco e Binder. Raul Fernandes fez um bom 5°, quando as Aprilias “novas” fizeram 8° (Aleix) e 10°, Viñales. Não sei o que acontece com o Maverick: quando não larga pessimamente, vai perdendo posições durante a corrida. A Aprilia está precisando de piloto e o Oliveira passou a temporada mais em cima da maca do que da moto. A RNF está sendo vendida para empresários americanos. A ver. Eu esperava mais da marca de Noale, que involuiu ao longo do ano.

Quartararo teve um bom sábado que acabou na brita e um domingo medíocre: chegou em 11° quase 8s atrás do Morbidelli que fez um bom 7°. O ítalo-brasileiro ganhou um presentaço com a acomodação do Bez, mas não vai ter uma segunda chance se não andar na frente em 2024. Acho que ele e o Marc Marquez vão se deliciar no teste de terça-feira, deixando pra trás suas mobiletes e katias garelis.
Um assunto chato que tem que ser discutido: as regras e a falta de padrão na aplicação das mesmas. Viñales tinha a pole. Seu motor soltou fumaça no warm up, ele não atendeu à bandeira preta imediatamente: BOOM, punição de 3 lugares na largada (e Bagnaia na pole). Binder voltou enlouquecido depois que saiu da pista, deu um porradão no Alex Marquez (ele já tinha feito isso com o Marc no Qatar) que perdeu até a posição pro Diggia, e recebeu a punição de ceder uma posição. Aí ele foi atrás de um já decadente Viñales, o passou, entregou a posição e o passou de novo duas curvas adiante. Vai praquele lugar, pombas! Nesses casos o sujeito tinha que voltar a ficar atrás daquele que ele lesou, ou seja, o Alex Marquez. Gosto do Binder, mas ele vai no modo Moto3 e dane-se o resto. Acabou premiado com o troféu de 3° lugar. Sem champanhe, porque o Diggia enxugou a garrafa comemorando sua vaga na VR46. Achei justo e merecido, mas é estranho ir trabalhar em um lugar em que o chefe (Uccio) acabou de dizer que não tinha interesse em você. A Ducati interveio, e achei bom.
O fato é que a VR46 tem 99% de chance de correr de Yamaha em 2025 e 2026, já que Rossi é embaixador mundial da marca e sempre foi constrangedor ele não poder estar junto à sua equipe com um boné da marca concorrente.

Na Moto2 o Aldeguer conseguiu a façanha de vencer a quarta corrida consecutiva, coisa que só o Tony Elias conseguiu na categoria. E ganhou todas com muita vantagem. Tem 18 anos e está sendo disputado a tapa pelas equipes do MotoGP. Dizem que a Pramac já ofereceu um contrato para 2025…
Na Moto3, o Sasaki finalmente conseguiu sua primeira vitória em 2023, na sua despedida da categoria. Revi durante a semana o GP do Qatar e volto na questão das regras: o japonês foi tirado da pista três vezes pelas Leopard e ninguém foi punido. Eu achava que o Ogura era a esperança japonesa de voltar a ter um piloto competitivo na categoria principal, mas ele não conseguiu retomar a forma depois da contusão no pulso. Em 2024, o Sasaki estará disputando com ele. Olho no Ayumu!

Amanhã, dia 28, no final do dia, o campeonato de 2024 começa.
Até lá

p.s.: Benidorm é uma cidade ao sul de Valencia que dava nome a um restaurante no centro do Rio (na década de 80, nem sei se existe ainda) que tinha um maitre chamado Rosa que dava as mais requintadas e hilariantes descrições dos pratos do dia. Bons tempos.