Achei muito maneiro esse texto do blog do Nick Harris, ex-comentarista da MotoGP e um dos grandes jornalistas de nosso esporte, que fala sobre a marca positiva e transcendente deixada por Rossi a nível mundial , então resolvi traduzir. Vamu lá!!!
Escócia, Grécia, o Caribe e todo o planeta, ninguém conquistou o Mundo como Valentino Rossi. Marco Polo, tão italiano como Vale, explorou e descobriu muitos territórios novos, mas o “Doctor” simplesmente conquistou todo o Mundo em 26 incríveis anos de aventuras e diversão.
Não se pode escapar dele em qualquer canto do Mundo. Nas minhas férias, longe do empurra-empurra intenso de um fim de semana de MotoGP, Vale nunca estava longe. Não importava que o país que estivesse visitando nunca tenha hospedado uma corrida de MotoGP.
A magnífica viagem até os imponentes penhascos e o farol do Cabo Wrath na Escócia, o ponto mais ao norte das Ilhas Britânicas, não foi exceção. Enquanto esperávamos que o pequeno ferry-boat nos levasse ao outro lado do Loch (lago, em escocês…) antes de embarcarmos em uma viagem de 20 KM em Minibus até tão isolado e mágico local, chegou um diminuto trailer com placa italiana. Na janelinha traseira um enorme adesivo com o “46” nos recordava que o “Doctor” nos vigiava.
A praia de Grand Anse, na ilha caribenha de Granada, era um lugar maravilhoso para se relaxar, mas “Vale” nunca estava longe. O cantor de reggae, que tocava a guitarra, havia substituído sua “regulamentar” camiseta de Bob Marley pelo brilhante desenho do sol de Rossi enquanto cantava sob o sol.
Nunca houve uma corrida de MotoGP na Grécia, mas uma vez mais a presença de “Vale” era muito evidente. O taxista que nos pegou no aeroporto de Salônica usou com orgulho seu boné com o numero 46 durante todo o trajeto até o hotel. De fato, ainda o usava quando nos pegou para a viagem de volta 7 dias depois.
O mundial de F1 em quatro rodas ansiava por essa aclamação mundial. “Vale” era, simplesmente, o piloto mais popular do universo do esporte-motor, o esportista número um na Italia e ocupava um lugar destacado na lista Forbes dos desportistas milionários. A Ferrari fez um teste com ele e lhe ofereceu um lucrativo contrato para passar para as 4 rodas. Ele declinou porque disse que ainda estava se divertindo demais na MotoGP para pensar numa troca. Recordo ter ido a Silverstone para a inauguração do prestigioso complexo dos boxes de 40 milhões de libras em 2010. Os grandes do esporte-motor haviam se reunido para a cerimônia de inauguração. Mas, apesar da presença de titãs como Jackie Stewart, Nigel Mansell, Damon Hill e até John Surtees, era um piloto de motos de 31 anos da pequena cidade de Tavullia que todos foram ver e apertar a mão.
Lógico que Vale será sempre lembrado por ter colocado o Campeonato Mundial de Motociclismo num nível no qual nunca antes havia estado. Sua personalidade divertida, contagiante e travessa levou nosso esporte a pessoas e lugares que nunca antes havíamos sonhado. Às vezes, com tudo isso a seu favor, é fácil esquecer o quão era brilhante sobre o asfalto. Se podem fazer todas as brincadeiras que se quiser fora da pista, mas só depois de ter saído vencedor no campo de batalha.
‘Vale’ está à altura dos verdadeiros grandes das 73 temporadas de historia dos Grandes Prêmios. Se coloca ombro à ombro com lendas como Mike Hailwood, Giacomo Agostini, Ángel Nieto e Phil Read. É injusto eleger os melhores em diferentes épocas. Como todos os grandes campeões, lógicamente ‘Vale’ tinha esse dom implacável que distingue os Campeões Mundiais dos apenas ganhadores de Grandes Prêmios. Max Biaggi, Sete Gibernau ou Marc Márquez conheceram de perto o desejo competitivo do italiano.
Uma coisa é certa, são os 26 anos mais emocionantes da história deste esporte. Mais de duas décadas que nunca poderíamos profetizar nem muito menos sonhar. Tudo que posso dizer após o anúncio da retirada de Valentino Rossi é; obrigado por uma era tão incrível.
Não haverá nunca mais outro “Doctor”