Pois é meus amigos, passei a semana passada em São Paulo. Férias da minha filha Joana e eu tinha programado uma viagem para lá, para passar o aniversário do Dindo e conhecer São Paulo um pouco melhor. Já estivemos por lá, mas meio sem tempo e com ela muito pirralha. Agora, com ela com quase 17 anos, seria mais legal. Tudo marcado, passagens emitidas e o Dudu avisa que não estaria por lá no dia do seu aniversário!!! Está na Alemanha com os filhos. Saco!!! Mas não desmarcamos, e aproveitamos bem.
Dudu tem uma linda Yamaha V-Star 650 que fica parada a maior parte do tempo. 1998, está com 12 mil quilômetros rodados, o que dá a ridícula média de 500 quilômetros por ano. Anda pouco por circunstâncias da vida, pelo fato de eu não morar por lá e empurrá-lo para rolés e porque a moto vive enguiçada.
Motores em V carburados, das antigas, com os carburadores ali enfiados no meio dos cilindros, tem esta característica. As cubas dos carburadores ficam apertadas, os próprios carburadores são apertados, pois o V dos cilindros é apertado (70 graus na 650, nem é tanto assim) e com esta nossa gosma podre que chamam de gasolina, se não usar sempre, se não purgar os carburadores, se não usar a torneira de combustível com sapiência… elas entopem, e na sequência destroem as internas dos carburadores e a moto fica parada. Aí a bateria vai para o saco e o problema aumenta!
Harley não passa por isso porque seus carburadores ficam do lado do motor, fora do V. Isso por algum motivo os japoneses não conseguem fazer, eles tem uma certa tara por simetria, ou simplesmente a gasolina deles é boa né?
Pois é, esta pobre V-Star, que na América é Drag-Star e em alguns outros mercados XVS650 tem sofrido com este ciclo interminável desde a sua chegada.
Incrível é que a bichinha não tem uma única ferrugem… São Paulo é ótima para isso. Estivesse no Rio de Janeiro estaria toda podre. Mas não, está linda, como nova.
Dudu gastou uma grana não tem 1 ano na moto, trocando tudo o que tinha que trocar, mas novamente a moto parou por falta de uso. Ao chegar já desci para a garagem, peguei o jogo de ferramentas original da moto, que nunca foi sequer aberto, ele nunca viu nem sabe onde fica, soltei os parafusos de purga dos carburadores, com o alicate manobrei a torneira de combustível (dura como uma pedra) e após chacoalhar o tanque e sapatear no afogador, após umas 30 tentativas a moto firmou uma marcha lenta horrorosa. Inicialmente só em um cilindro, o outro não consegui purgar, mas com o tempo ela foi ligando até ficar perfeita!
Que beleza!!! Teríamos moto para passear por São Paulo!!!!
A moto é comprida, muito comprida. Seu assento é uma poltrona e seu guidão cai perfeitamente nas mãos. A embreagem é super macia e a moto quase não vibra. O painel, sobre o tanque, é super simples. A moto toda é super simples.
O banco do garupa não é estas coisas e como não tem sissy-bar, a Joana não ficou com a melhor das acomodações, mas ela é nova, aguenta.
É simplesmente a moto mais confortável que eu já andei, especialmente para andar devagar. São Paulo tem o trânsito completamente diferente do Rio de Janeiro. É denso, os corredores são mais estreitos, mas seus motoristas são infinitamente mais educados, pacientes. O trânsito flui, lentamente, mas flui. E você não tem os espertinhos trocando de pista, avançando sinais, desrespeitando faixas, é outra experiência.
Experiência esta muito adequada para a Royal Star, que vai se arrastando a 40, 50, algumas vezes 30 km/h no trânsito de SP, sem atrapalhar ninguém. É disso que ela gosta, andar devagar, passeando, sem nunca reclamar de marcha, ronronando seu motor, que tem um sonzinho gostoso. Ele nem é potente, acho que 40 cvs, é uma 650, mas dá para o gasto. Para subir a garagem tem que queimar embreagem um pouco, a única hora em que ele mostra que não tem muita força. Existe uma 1100 cc.
A suspensão, para buracos e se você aumenta o ritmo e a velocidade, é uma bosta. Ela detesta buracos e pula como uma cabrita. Os freios são razoáveis. Não chegam a ser apenas desaceleradores como são os freios de uma Harley, mas é quase. Tem um ataque suave e a potência apenas suficiente. Para parar uma moto que gosta de andar a 50 km/h, são bons.
Não peguei estrada com ela, mas já imagino que deve ser razoável andar a uns 110/120 km/h, desde que sem buracos. Como é muito confortável, e o tanque grande, deve dar para fazer tranquilamente umas pernas de 200 kms sem cansar muito, apesar da posição recebendo o vento no peito o tempo todo.
Enfim, adorei a moto para o uso que eu dei. Envelheceu muito bem, bonita, com os cromados brilhando. Funcionamento perfeito, suavidade, civilidade. Tive uma Harley Sportster que era mais forte, também adorava andar devagar, com mais história, mas muito menos confortável, muito menos suave do que esta clássica Yamaha.
Deixei a moto perfeita, com a gasolina fechada, com os carburadores vazios, vamos ver se o Dindo consegue mantê-la assim e usar um pouco mais!!!!